14/02/2011

A BÍBLIA E OS LIVROS APÓCRIFOS DO AT




Por pr. Dr. Oséas C. Moura - professor no UNASP
A BÍBLIA E OS LIVROS APÓCRIFOS
I. O que é a Bíblia?
1. É a Palavra de Deus: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põe em prática” (Lc 8:21).
2. É inspirada por Deus: “Pois que a profecia jamais veio por vontade humana, mas homens, impelidos pelo Espírito Santo, falaram da parte de Deus” (II Pd 1:21).
3. Divide-se em duas partes:
a) Antigo Testamento: escrito em hebraico, e alguns trechos em aramaico (Dn 2:4 até fim do cap. 7, alguns trechos de Esdras 4:8 a 6:18; 7:22-26; Jr 10:11 (cf. Apolinário, Pedro. História do texto bíblico: crítica textual. São Paulo: Instituto Adventista de Ensino, 1990, p. 67). Período em que foi escrito: cerca. de 1480-445 a.C.).
b) Novo Testamento: escrito em grego “Koinê” (comum). Período: cerca de 64 d.C. (Evangelho de Marcos) até c. 98-100 d.C. (Evangelho de João).
4. A Bíblia protestante contém 66 livros e a católica 73 (7 apócrifos – termo que significa “escondido”, “oculto”, “secreto”. Os católicos os chamam de deuterocanônicos).
5. Os apócrifos são 7:
Tobias, Judite, Sabedoria de Jesus Ben Sirach ou Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, Baruque, I e II Macabeus, e acréscimos ao livro de Daniel (cap. 13: Susana e os dois velhos, e cap. 14: Daniel destrói o ídolo Bel e seu templo e explode um dragão adorado na Babilônia) e ao de Ester (10 versículos após Et 10:3, mais caps. 11-16. Estes acréscimos contém um sonho de Mardoqueu, onde ele e Amã são dois dragões, e repetições dos relatos da perseguição de Amã contra os judeus e seu livramento).
6. Data: entre 200-100 a.C. (Período Intertestamentário). Ptolomeu Filadelfo, rei do Egito, ordenou que se traduzissem os escritos dos judeus para a língua grega, que era a língua oficial de então. Queria enriquecer sua biblioteca.
II. Ensinos dos apócrifos que contradizem o restante das Escrituras (citações da Bíblia de Jerusalém):
1. Dar esmolas purifica do pecado:
“Pois a esmola livra da morte e impede que se caia nas trevas” (Tb 4:10); “A esmola livra da morte e purifica de todo o pecado” (12:9); “A água apaga a chama, a esmola expia os pecados” (Eclo 3:30). Compare com Is 55:1; Ef 2:8 e 9; 1 Pd 1:18 e 19; 1 S. Jo 1:7.
2. Ensino de crueldade e egoísmo:
“Faze bem ao humilde e não dês nada ao ímpio. Recusa-lhe o pão, não lhe dês nada para que ele não te domine” (Eclo 12:5). Compare com Pr 25:21 e 22 // Rm 12:20 e S. Mt 5:44-48.
3. Ensino sobre o Purgatório:
“Aos olhos humanos pareciam [os justos mortos] cumprir uma pena, mas sua esperança estava cheia de imortalidade; por um pequeno castigo receberão grandes favores. Pois Deus os colocou à prova e os achou dignos de si. Examinou-os como perfeito holocausto” (Sb 3:4-6). Compare com Ecl 9:5; Heb 9:27 e Is 38:18 e 19.
4. Orar e fazer sacrifício pelos mortos:
“De fato, se ele [Judas Macabeu] não esperasse que os que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerava que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormecem na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado” (2 Mac12:44 e 45).
5. Apoio ao suicídio:
“... Razias, cercado de todos os lados, atirou-se sobre a própria espada. Quis assim nobremente morrer antes que deixar-se cair nas mãos dos celerados... Ainda respirando e ardendo de indignação, ele ergueu-se e arrancou as entranhas e, tomando-as com as duas mãos, arremessou-as contra a multidão... E desse modo passou para a outra vida” (2 Mac 14:41-45). A Bíblia jamais ensina que suicidar-se é “morrer nobremente”. Suicídio é transgressão do sexto mandamento: “Não matarás!” (Ex 20:13).
6. Ensino de magia:
“Respondeu ele [o anjo Azarias]: Se se queima o coração ou o fígado do peixe diante de um homem ou de uma mulher atormentados por um demônio ou por um espírito mau, a fumaça afugenta todo o mal e o faz desaparecer para sempre” (Tb 6:8). A Bíblia, no entanto, diz que só podemos enfrentar o demônio com as Escrituras (Mt 4:4-10), resistindo a ele (Tg 4:7), e em nome de Jesus (S. Mc 16:17 e At 16:18).
7. Mostra a mentira como algo normal:
Em Tb 5:13 o anjo Rafael mente para Tobit, pai de Tobias, dizendo que era Azarias, filho de Ananias. A Bíblia nos diz que quem mente é filho do diabo, o “pai da mentira” (S. Jo 8:44). Veja, ainda, os textos de Pr 6:16-17; Ef 4:25; Ap 14:5 e 21:8.
8. Ensino de Tolices:
Em Tb 2:9 e 10, é dito que Tobit, cansado por ter sepultado um morto, deitou-se perto de um muro. Seus olhos foram atingidos por fezes de pardais, e ele ficou completamente cego por quatro anos. Judite 8:6 fala-nos que Judite jejuava todos os dias de sua vida, exceto aos sábados e dias feriados. II Mac 15:40 diz que beber sempre água é nocivo à saúde.
III. Outras Razões para se não crer na inspiração dos Apócrifos:
1. Em II Mac 15:37-39, encontramos o escritor pedindo desculpas por suas falhas: “... Aqui porei fim ao meu relato. Se o fiz bem, de maneira conveniente a uma composição escrita, era justamente isso que eu queria; se vulgarmente e de modo medíocre, é isso o que me foi possível. De fato, como é nocivo beber somente vinho, ou somente água, ao passo que o vinho misturado à água é agradável e causa um prazer delicioso, assim o trabalho da preparação do relato encanta os ouvidos daqueles que entram em contato com a composição. Aqui, porém, será o fim”.
2. Jesus e os apóstolos fazem 205 citações do Antigo Testamento e mais 304 alusões ao mesmo, e não disseram uma palavra sequer a respeito de livros ou textos dos apócrifos.
3. São Jerônimo, tradutor da Vulgata, declarou que os apócrifos não eram canônicos. Somente em 8 de abril de 1546 (Concílio de Trento), é que os apócrifos foram declarados como pertencentes ao Cânon.
4. A Igreja Católica Ortodoxa sempre fez restrições aos apócrifos.
5. Diversos eruditos católicos rejeitaram os apócrifos: Bede e John (1180); William Ockham (1347); o cardeal Ximenes (cardeal de Toledo) mandou editar a Bíblia Poliglota (na Espanha) e esta não continha os apócrifos (1514-1517). Após o Concílio de Trento, em 1546, ter afirmado que os livros apócrifos eram canônicos, o cardeal Sixtus de Siena (e mais tarde Papa Sixtus V, 1585), em 1566 insistiu em separar os apócrifos do restante dos livros da Bíblia.
CONCLUSÃO: Não se pode chamar uma Bíblia de falsa só porque ela não contém os apócrifos. Estes, na verdade, são acréscimos à Palavra de Deus, que, muitas vezes, a contradizem. Atendamos a advertência do apóstolo Paulo: “Se alguém vos prega outro evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gl 1:8).
IV. Evidências de a Bíblia ser a Palavra de Deus:
1. Suas profecias cumpridas:
Is 13: 19-22 (Queda de Babilônia); Ez 26:3-5 (Desaparecimento de Tiro); Mq 5:2 (Belém, como o local do nascimento do Messias, c. de 736 a.C.), Zc 9:9 - Jesus montado num jumentinho, 11:12-13 - Jesus vendido por 30 moedas de prata, (c. de 520-515 a.C.), etc.
2. Sua veracidade científica:
Exs.: Jó 26:7 (Terra suspensa sobre o nada), 25:5 (a Lua não tem luz própria), 28:25 (o vento tem peso – algo “descoberto” pelo cientista Torricelli. Ele descobriu que 01 litro de ar puro, a 0o c, sob pressão de 760mm de mercúrio, pesa 1,293 g.).
3. Sua veracidade histórica:
a Arqueologia vem confirmando cada vez mais as informações contidas na Bíblia (exs.: a historicidade do rei Belsazar. Em tabletes cuneiformes encontrados em Temã, na Arábia, o rei Nabonido, pai de Belsazar, pede ao deus Lua que proteja seu filho que estava como rei em Babilônia; à menção à “Casa de Davi”, na Estela de Tell Dan, encontrada em 1993 – esta é a primeira inscrição fora da Bíblia onde o rei Davi é mencionado).
4. A unidade entre o AT e o NT, apesar de terem sido escritos por cerca de 40 diferentes autores.
5. O fato de ser inesgotável: quanto mais a estudamos mais descobrimos coisas novas.
6. Sua adaptabilidade: crianças, adultos e idosos, pessoas com pouca ou muita escolaridade, todos podem retirar dela informações, conforto e orientação para a vida.
7. Sua influência e seu poder transformador: nenhum outro livro tem exercido tanta influência no mundo (em todas as áreas) e na vida de indivíduos quanto a Bíblia (Ex.: Harry Orchard).
8. Sua indestrutibilidade: apesar de tantas tentativas de se acabar com ela (ex.: Revolução Francesa) ao longo dos séculos, ela aí está: “A Palavra do Senhor, porém, permanece para sempre” (I Pd 1:25).
9. Sua universalidade: é o único livro no mundo cujos ensinos servem para todos os povos na Terra, em qualquer ocasião.
10. Sua Perfeição: É um livro que não pode ser melhorado. Ele é completo e perfeito, pois é a Santa e Bendita Palavra de Deus.
(Fontes pesquisadas: Bíblia de Jerusalém, nova edição, revista. São Paulo: Paulus, 1995; Departamento de Ação Missionária da DSA, Segue-me. Santo André: Casa Publicadora Brasileira, 1980, pp. 95-102).

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