14/02/2011

ELLEN WHITE E O USO DE COSMÉTICOS



ELLEN WHITE E O USO DE COSMÉTICOS.
Por Pr. Cid Gouveia e Pr. Ivanildo Coutinho

No início do século XIX a Igreja Metodista pregava bastante sobre o assunto de modéstia Cristã. As pregações do seu fundador, John Wesley, sobre o assunto foram inclusive publicadas nos periódicos adventistas. Ele entendia que a modéstia cristã (que englobava o uso de cosméticos) deveria ser praticada para não fomentar o orgulho, desperdiçar dinheiro entre outras razões. Esta reforma foi continuada por Phoebe Palmer. Os manuais metodistas da época diziam inclusive que “ninguém seja recebido na igreja até que tenha deixado de lado o uso de ouro e ornamentos superficiais” (BACCHIOCCHI, 2003, p. 96).
Como ex-metodista Ellen White compartilhava desta mesma visão e escreveu bastante sobre a modéstia cristã, incluindo os cosméticos. Então iremos analisar três categorias de citações suas sobre o assunto: as que ela fala especificamente de cosméticos; as que ela menciona o assunto indiretamente e por fim os que ela usa a palavra ornamento.
Primeiro as citações em que Ellen White fala especificamente de cosméticos. Nos seus escritos ela não fala muito sobre eles, geralmente ela os associa com jóias e os engloba na categoria de ornamentos ou coisas artificiais. Mas algumas vezes ela os menciona especificamente. Vamos ver os textos mais relevantes:
Muitos estão, sem o saber, prejudicando sua saúde e colocando sua vida em perigo pelo uso de cosméticos. Estão roubando de suas faces o rubor da saúde, e então para suprir a deficiência usam maquiagem. [grifo nosso]. Quando seu corpo se aquece durante a dança, o veneno é absorvido pelos poros da pele, sendo assim derramado na corrente sangüínea. Dessa maneira, muitas vidas têm sido sacrificadas (CENTRO, 2005).
O enfoque de Ellen White neste texto tem a ver com o efeito do cosmético sobre a saúde; no seu tempo eles eram prejudiciais à saúde devido a sua composição. Na composição dos cosméticos da época era usado a cerusa formada por carbonato de chumbo. Os cosméticos vermelhos eram formados de sulfetos de mercúrio sem contar a moda da época de Ellen White o “esmaltamento” que consistia em pintar a face com sais de chumbo para ficar mais pálida, conforme a moda da época. (Idem, Ibidem).
Porém mesmo nesta citação podemos ver uma orientação de caráter moral, quando ela fala que as mulheres usavam a maquiagem para lhe dar o rubor da saúde. Disfarçavam seu real estado de saúde pela maquiagem. Esta mesma idéia é repetida nestas passagens:
Ladies may resort to cosmetics to restore the tint of the complexion, but they cannot thus bring back the glow of healthful feelings to the heart. That which darkens and makes dingy the skin also clouds the spirits and destroys cheerfulness and peace of mind (SPIRIT, 1982, p. 1105).

A maioria dos amantes dos prazeres freqüentam as reuniões noturnas elegantes, e gastam em diversões excitantes as horas de repouso e o sono sossegado que Deus lhes concedeu para lhes revigorar o corpo. ... Roubam às faces o rubor da saúde, e depois, com o uso de cosméticos, suprem a deficiência. (WHITE, 1989, p. 143).

Em Düsseldorf fizemos baldeação, e tivemos que esperar duas horas na estação. Tivemos aí oportunidade de estudar a natureza humana. Entravam senhoras, tiravam o casaco e então se miravam de todos os lados, para ver se o vestido estava impecável. Então retocavam a maquiagem. Por muito tempo se demoravam em frente ao espelho, para dispor o vestido de modo que ficassem satisfeitas, a fim de terem o melhor aspecto aos olhos humanos. Pensei na lei de Deus, o grande espelho moral no qual se deve mirar o pecador para descobrir os defeitos de seu caráter. Se todos estudassem a lei de Deus - o padrão moral de caráter - tão diligente e criticamente como muitos fazem, com auxílio do espelho, em relação a sua aparência exterior, com o propósito de corrigir e reformar todo defeito do caráter, que transformações não se verificariam neles, "porque, se alguém é ouvinte da Palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era". Tia. 1:23 e 24. (WHITE, 1965, p. 295).
Podemos deduzir destes três textos dois motivos iniciais que levaram Ellen White a ver os cosméticos de forma negativa: prejuízo à saúde e artificialidade. Entenda-se artificialidade como o cosmético disfarçando a aparência da pessoa. A aparência, prejudicada pela intemperança ou por sentimentos negativos não pode ser corrigida pelo uso de cosméticos. Se em vez de se empenhar por aparência, houvesse um empenho de se mostrar bela aos olhos de Deus isto seria melhor.
Neste momento poderia se dizer que nas três últimas passagens citadas, Ellen White não está falando claramente contra os cosméticos; mas com relação ao seu uso. Porém, uma leitura atenta não deixará de notar o contexto negativo em que eles são mencionados. Lembremos que os cosméticos no tempo de Ellen White não eram amplamente usados; havia na sociedade vitoriana de sua época uma certa reserva quanto ao seu uso. Não havia necessidade de uma declaração mais específica sobre o assunto, tanto é que, no âmbito da modéstia cristã, os cosméticos não são sua principal preocupação. Ela fala mais dos vestidos e das jóias. Porém, se este assunto mereceu sua atenção, mesmo não sendo algo tão difundido, ela com certeza não via o cosmético como algo neutro.
Após vermos os textos que falam especificamente de cosméticos vamos analisar os textos que não usam esta palavra. De fato estes textos são maioria e pode-se questionar por que usá-los. A justificativa é simples: o uso de cosméticos não era um problema isolado para Ellen White. Ela os via como parte de um todo que englobava roupas e uso de jóias. Isso é percebido pela leitura dos seus textos nos quais ela usa diversas expressões englobando toda a aparência do cristão.
Se preservarem para si sã constituição e amável temperamento, possuirão uma verdadeira beleza que com a graça divina poderão usar. E nenhuma necessidade terão de se adornar com artifícios, pois esses sempre exprimem ausência do adorno interior, de verdadeiro valor moral. Um belo caráter tem valor à vista de Deus. Tal beleza atrairá, mas não desencaminhará. Tais encantos são cores firmes; [grifo nosso] nunca esmaecem. (WHITE, 1956, p. 184).
Queridos jovens sua disposição para vestir-se conforme a moda, usando para satisfazer a vaidade, rendas, ouro e coisas artificiais,[grifo nosso] não recomendará aos outros a religião nem a verdade que vocês professam. (WHITE, 2002, p. 376).
É interessante no primeiro texto citado que, ao falar das qualidades cristãs ela as compara como “cores permanentes”. As coisas artificiais que adornam não trazem estas “cores permanentes” que a beleza de caráter traz.
Que cores seriam essas? Uma interpretação provável é elas seriam um contraste com as cores provisórias da maquiagem que esvanecem, chamadas de “coisas artificiais”, com a beleza de uma aparência saudável e em comunhão com Deus. “O rubor da saúde” que ela menciona nos textos anteriores. Justificamos esta interpretação com dois argumentos: primeiro jóias e vestidos não se relacionam com cores; maquiagem sim. Segundo, esta interpretação estaria em harmonia com suas declarações sobre maquiagem em que ela a contrasta negativamente com o “rubor da saúde”.
Uma leitura desatenta do texto poderia dar a entender que estas “cores permanentes” se referem ao caráter e não a saúde; mas lembremos que ela menciona o “temperamento” e a “sã constituição”, entendo que essas cores firmes também se referem a uma aparência saudável.
O segundo texto é interessante. Ela engloba tudo o que diz respeito à aparência do cristão usando três palavras : rendas (representando as roupas); ouro (representando as jóias) e coisas artificiais. Como as outras coisas já foram mencionadas obviamente “coisas artificiais” incluem os cosméticos.
Pode-se questionar esta divisão; mas ela está de acordo com o teor geral dos escritos de Ellen White. Roupas e adornos para roupa, jóias e cosméticos são mencionados, separadamente, em seus escritos alguns com mais ênfase do que outros. Poderíamos ver como uma subdivisão natural dos aspectos da modéstia cristã.
Outros textos são os que ela usa a palavra ornamento. Nos seus escritos essa palavra se refere a muitas coisas podendo ora se aplicar a jóias, vestuário, cosméticos, enfeites domésticos ou a todo o conjunto. Algumas citações nos ajudarão a compreender essa idéia:
No professo mundo cristão o que é gasto em extravagante ostentação, em jóias e ornamentos, [grifo nosso] daria para suprir as necessidades de todos os famintos e vestir todos os nus em nossas cidades; e ainda assim esses professos seguidores do manso e humilde Jesus não precisariam privar-se do necessário alimento nem do vestuário confortável. (WHITE, 1996, p. 216).
Deus convida os jovens a renunciarem a ornamentos e artigos de vestuário [grifo nosso] desnecessários, mesmo quando quase nada custem, e a depositarem esta quantia na caixa de caridade. (Idem, p. 270).
A abnegação no vestir faz parte de nosso dever cristão. Trajar-se com simplicidade, e abster-se de ostentação de jóias e ornamentos [grifo nosso] de toda espécie, está em harmonia com nossa fé. (WHITE, 1978, p. 269)
Nos textos acima que Ellen White faz um uso variado da palavra ornamento. Ora o ornamento complementa o sentido de jóias, ora o sentido de vestuário. Com certeza esta palavra representa os aspectos da vaidade cristã mencionados nos seus escritos, incluído o cosmético.
Parece que as vezes queremos separar estes aspectos da modéstia cristã. Se o nome maquiagem ou cosmético não é mencionado então ela não lhe dá importância. Mas isto não é necessariamente verdade; quando Ellen White fala de ornamentos e coisas artificiais ela fala de um todo.
Poderíamos citar como comparação a maneira como EGW se refere ao sábado. Não existe, no NT, uma ordem taxativa para se guardá-lo, porque ele era ponto pacífico, era universalmente aceito como dia de guarda. (Luc. 23:56). Não era o principal problema dos apóstolos e, por isso, é somente mencionado no NT sem uma declaração taxativa para guardá-lo. Mas ao se falar sobre os 10 mandamentos o sábado estava incluído. Tudo que se fala de um mandamento se aplica aos outros, pois eles são relacionados: fazem parte dos 10 mandamentos. “Mas se violamos a letra do quarto mandamento para nosso próprio benefício, do ponto de vista financeiro, tornamo-nos transgressores do sábado, e culpados de transgressão de todos os mandamentos; pois se pecamos em um ponto, somos culpados de todos.” (WHITE, 1984 , p. 174).
Também podemos aplicar isto em relação aos cosméticos. Os cosméticos estão incluídos no âmbito da vaidade cristã e não podem ser separados das jóias e roupas. As mesmas definições aplicadas a um desses três aspectos da vaidade cristã se aplica aos outros. Chamaremos de princípio da correlação: quando Ellen White entendia que as jóias eram ruins para o cristão, o cosmético também estava incluído.
Porém não devemos delimitar o uso que Ellen White faz da palavra ornamento. Esta palavra pode ter outros significados, inclusive o de jóias. Mas como vimos nos textos citados acima é inegável que Ellen White de a palavra um significado bem amplo pelo menos em alguns contextos.
A próxima citação é interessante: nos mostra que ela não é contra todo tipo de ornamento: “Um gosto apurado, um espírito cultivado, revelar-se-ão na escolha de ornamentos simples e apropriados” [grifo nosso] (Idem, p.672).
Ela estabelece que “ornamentos simples” podem ser usados. Chamaremos isto de princípio da simplicidade. Apesar de não descrever o que seja um ornamento simples, ela estabelece alguns parâmetros úteis.
Nos textos acima aprendemos o que o ornamento simples não é. Primeiro não deve ser um desperdício de dinheiro. Quando ela diz desperdício de dinheiro, não está se referindo ao valor monetário, pois ela conclama os jovens a abandonar os ornamentos desnecessários “Deus convida os jovens a renunciarem a ornamentos e artigos de vestuário desnecessários, mesmo quando quase nada custem, e a depositarem esta quantia na caixa de caridade“. (WHITE, 1996, p. 270). O ornamento pode ser barato, mas não simples.
Segundo, não deve ser um produto da moda. (No sentido de se submeter aos seus caprichos.) “Antes de aceitar a verdade, ela seguira as modas do mundo em seu vestuário e usara jóias de alto preço e outros ornamentos; mas, ao decidir obedecer à Palavra de Deus, achou que seus ensinos requeriam que abandonasse todo adorno extravagante e supérfluo” (WHITE, 1987b, p. 248).
Outra passagem que nos ajuda a entender o que significa o princípio da simplicidade é o seguinte:
A religião pura de Jesus requer de Seus seguidores a simplicidade da beleza natural e o polimento do requinte natural e de elevada pureza, e não o que é artificial e falso.[grifo nosso] ...O Redentor do mundo acautelou-nos contra a soberba da vida, mas não contra o seu encanto e beleza natural. Ele apontou para toda a exuberante beleza das flores do campo e para o lírio que repousa em sua imaculada pureza na superfície do lago. ... (WHITE, 1992, p. 306).
Neste texto Ellen White não fala de ornamentos, mas estabelece um contraste entre a simplicidade da “beleza natural” contra o que é “artificial e falso”. Isto nos faz entender que simplicidade na mente de Ellen White também se relaciona com aquilo que é natural. Isto faz sentido se lembrarmos da crítica que ela faz aos cosméticos como substitutos do rubor natural das faces.
Os ornamentos simples devem demonstrar a beleza natural. Se o cosmético me faz ter uma aparência artificial, a beleza natural é escondida, então este cosmético não seria um ornamento simples, e seu uso seria errado.
Nos dias de hoje, usando-se este princípio provavelmente Ellen White não seria contra alguns dos cosméticos modernos que são usados para combater problemas de rugas e manchas de pele pois estes estariam contribuindo para a beleza natural.
Outra palavra que ela usa é “apropriado”. Para tentarmos compreender como isto se aplicaria ao cosmético vamos fazer um paralelo com o uso de jóias. Como já vimos anteriormente, Ellen White claramente condena o seu uso. Mas existia um caso que ela considerava passível de discussão:
Alguns se têm preocupado com o uso da aliança, achando que as esposas de nossos pastores se devem conformar com este costume. Tudo isto é desnecessário. Possuam as esposas de pastores o áureo elo que as ligue a Jesus Cristo - um caráter puro e santo, o verdadeiro amor e mansidão e piedade que são os frutos produzidos pela árvore cristã, e certa será em toda parte sua influência. O fato de o descaso desse costume ocasionar reparos, não é boa razão para adotá-lo. Os americanos podem fazer compreender sua atitude com o declarar positivamente que esse uso não é obrigatório em nosso país. Nós não precisamos usar este anel, pois não somos infiéis a nosso voto matrimonial, e o trazer a aliança não seria prova de sermos fiéis. Sinto profundamente esse processo de fermentação que parece estar em andamento entre nós, na conformidade com o costume e a moda. Nenhuma despesa deve ser feita com esse aro de ouro para testificar que somos casados. Nos países em que o costume for imperioso, não temos o encargo de condenar os que usarem sua aliança; que o façam, caso possam fazê-lo em boa consciência; não achem, porém, nossos missionários, que o uso da aliança lhes aumentará um jota ou um til a influência. Se eles são cristãos, isto se manifestará no cristianismo de seu caráter, suas palavras, suas obras, no lar e no convívio com os outros; isto se demonstrará por sua paciência e longanimidade e bondade. Eles manifestarão o espírito do Mestre, possuirão Sua beleza de caráter, a amabilidade de Sua disposição, Seu coração compassivo. (WHITE, 1984, p.601).
O caso da aliança estabelece um princípio importante: ela não aceitava a aliança por ser um anel, mas entendia que havia culturas em que era “imperioso” usá-la. Vamos chamar isto de princípio do uso apropriado. Quando um ornamento não é considerado um ornamento, mas possui uma utilidade funcional e transmite uma mensagem para a sociedade, ele pode ser usado.
Como este princípio se aplicaria ao cosmético? Usando o princípio da correlação as orientações aplicadas a um ornamento se referem a todos os ornamentos. Quando um cosmético não tem valor meramente estético, mas é funcional, tem uma mensagem no seu uso que não seja estético, pode ser usado. Cremes para tratamento de manchas na pele, tintura para restaurar a cor natural do cabelo poderiam se enquadrar nessas categorias.
Ellen White em sua época tinha quase todos os tipos de cosméticos que temos hoje. Batons (em formato diferente), tinturas para cabelo, pó para o rosto, esmalte etc Até onde se saiba nunca fez um comentário positivo sobre qualquer um deles. Mas, ela não era contra a beleza e o bom gosto:
Pouco depois de estimular a nova reforma de vestuário para as mulheres, que apresentava um vestido mais curto que não varresse o chão, a sra. White deu conselhos adicionais como esses vestidos deveriam ser modificados. “Aconselharia as que preparam para si próprias um vestido curto para propósitos de trabalho, que manifestem bom gosto e esmero em subir-lhe a barra. Arranjem-no em ordem, a fim de adequar-se bem ao corpo.” (BAKER, p. 438).
Alguns adquirem a idéia de que, para efetuar a separação do mundo que a Palavra de Deus requer, devem negligenciar o vestuário. Há uma classe de irmãs que pensa que estão pondo em prática o princípio da não-conformidade com o mundo, usando no sábado um gorro comum, e a mesma roupa por elas usada através da semana, assim aparecendo na assembléia dos santos para entregar-se à adoração de Deus. E alguns homens que professam ser cristãos, olham à questão do vestuário sob o mesmo prisma. Reúnem-se com o povo de Deus no sábado, com a roupa poeirenta e encardida, e mesmo com bocejantes rasgões, e posta sobre o corpo de maneira negligente. Essas pessoas, se tivessem um compromisso de encontro com um amigo honrado pelo mundo, e desejassem ser especialmente favorecidas por ele, esforçar-se-iam por aparecer em sua presença com a melhor roupa que pudessem obter; pois esse amigo sentir-se-ia ofendido se comparecessem a sua presença com o cabelo despenteado e as vestes desasseadas e em desordem. Entretanto, essas pessoas acham que não importa com que roupa apareçam, ou qual o aspecto de sua pessoa, quando se reúnem aos sábados para adorar o grande Deus. Reúnem-se em Sua casa, que é como a câmara de audiência do Altíssimo, onde anjos celestiais estão presentes, com pouco respeito ou reverência, como o indicam sua pessoa e seu vestuário. Todo o seu aspecto simboliza o caráter desses homens e mulheres. (WHITE, 1987a, p. 475).

Para Ellen White os “ornamentos simples e apropriados” tinham o seu lugar. Ela entendia que não podemos dar bom testemunho de cristãos descuidando da aparência, pois isso seria desonrar a Deus. Uma aparência bem cuidada revela nosso caráter cuidadoso, bem como os excessos revelam que nosso coração está no mundo e não em Deus.

CONCLUSÃO
Quando Ellen White viveu o cosmético não era o principal problema. Não era tão difundido como o uso de jóias ou de vestidos inapropriados. Mas isso não quer dizer que ela não se preocupasse com o problema. Nas poucas vezes em que é mencionado sempre é num contexto negativo, quer por questões de saúde, quer por este não contribuir para a beleza natural.
Ao falar de cosméticos devemos entender que Ellen White geralmente se refere a eles no contexto da modéstia cristã, e que não devemos separá-los do tratamento que ela deu às jóias e ao vestuário inadequado; todos eles fazem parte da modéstia cristã. (Princípio da correlação). Do mesmo jeito que ela condena o uso de jóias e vestidos pomposos ela também condena o uso de cosméticos.
Mas ela também fala de ornamentos apropriados; e para sabermos quais são devemos usar o princípio da simplicidade (o cosmético deve ressaltar a beleza natural) e o princípio do uso apropriado (quando o cosmético não deve ser usado por questões estéticas, mas por outras questões).
Podemos ver que Ellen White foi de um modo geral contra o uso de cosméticos a não ser quando estes ou qualquer outro ornamento, estivessem dentro dos princípios acima relacionados.
BIBLIOGRAFIA

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NOMES DE DEUS NO AT





Os nomes de Deus no Velho Testamento


Os títulos de Deus como dados nas Escrituras inspiradas revelam seu caráter e atributos como Deus. A natureza de Seu relacionamento com os homens é feita principalmente pela consideração do significado dos vários nomes pelos quais Ele tem escolhido revelar-se. A palavra hebraica para nome, shem, pode freqüentemente ser traduzida como “pessoa” o mesmo é verdade no Novo Testamento. “Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mar. 11:9) certamente se refere a Jesus Cristo como a pessoa representativa de Jeová. “tendo sido abençoado” eulogemenos, aqui significa “tendo sido, e ainda sendo abençoado.”de novo “muitos creram em seu nome” (Jô. 2:23). Isto é, eles aceitaram pela fé a revelação de Sua pessoa e a obra que ele operou diante deles. Eles creram, ou aceitaram, Sua pessoa. Assim no Novo Testamento o nome de Cristo significa o que Ele é. “Seu nome se espalhou” Mar. 6:14 significa que as novas acerca dEle e Sua obra se espalhou.

Na Bíblia Hebraica tais textos como Ex. 3:14,15; 6:3; 34:14; Jer. 10:16; 33:16; e etc., são exemplos de como o divino nome incorpora o caráter. Shem, “nome”originalmente significa “sinal” ou “marca”. O nome é o sinal ou marca daquele que o carrega. Ele descreve a pessoa e suas características. No grego onoma, “nome”, é da mesma raiz da palavra mente e do verbo conhecer. Similarmente, o Sanskrit naman, “nome” é do verbo gna , conhecer; por sua vez o nome é equivalente a um sinal ou marca pela qual alguém é conhecido.

Esses fatos são particularmente verdadeiros em relação aos nomes das pessoas da divindade. Eles denotam o caráter e os atributos das pessoas divinas; eles são uma revelação das divinas pessoas. Portanto os títulos de Deus são uma expressão ou revelação de Deus em Sua relação pessoal com os homens através do plano da redenção.

Um título geral para “Deus,”que ocorre mais do que 2.500 vezes, é Elohim, esta palavra está na forma plural, embora na maioria das vezes é encontrada com um verbo singular quando se refere a Deus. Alguns estudiosos associam este termo com o verbo arábico “temer” “reverenciar” neste sentido retratando Deus como o ser supremo a quem a reverencia é devida. A raiz desta palavra implica “força”, “poder”, “habilidade”. É usada primeiro de Deus como criador (Gen. 1:1). A obra da criação é uma maravilhosa exibição do poder e majestade de Deus, da divina onipotência em ação. O ato criador de Deus tende a levantar no homem respeito, reverencia e um senso de interior dependência. O nome Elohim representa a Deus que se tem revelado pelos Seus poderosos atos na criação.

O substantivo Elohim é usado quase exclusivamente na forma plural ao se referir a Deus. Alguns tem visto neste fato a doutrina da trindade. Foi Elohim que disse: “façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança ( Gen. 1:26). O uso aqui do plural certamente sugere a plenitude e a multipotencialidade dos divinos atributos. Ao mesmo tempo o consistente uso da forma singular do verbo enfatiza do divindade e estabelece uma recusa ao politeísmo.

A designação Elohim é ocasionalmente usada para homens que ocuparam a importante posição de falar por Deus. Por exemplo, Deus falou a Moisés que ele era para ser para seu irmão Arão como “Deus [Elohim]”Ex. 4:16. Deus deu sua mensagem a Moisés, que a deu a Arão. E ele por sua vez a passou a Faraó: e Arão teu irmão será teu profeta” Estes homens resposáveis eram os representantivos do único verdadeiro “Elohim”. Daquele que criou todas as coisas pelo seu poder, e que portanto era merecedor de toda reverência, divino temor, e adoração da parte do criatura humana. é também usado dos “juízes” (Ex. 21:6; 22:8,9) em sua capacidade como representantes de Deus.


A simples, e provavelmente, a mais primitiva forma ‘El é usada mais do que 200 vezes em referência ao único verdadeiro Deus. Moisés, Davi e Isaías são de um modo particular, usadores deste termo. Às vezes é usado com “o” como “o Deus de Betel”( Gen. 31:13; 35:1,3), e “o Deus de teus pais” (Gen. 46:3). Aqui de novo a ênfase é sobre aquele que é o todo-poderoso, o onipotente, o único verdadeiro Deus. Outras formas elementares tais como, ‘Elah e ‘Eloah, são encontradas em um número de textos, cada variação da raiz principal expressa a mesma idéia de poder e força.

A forma ‘El é freqüentemente usada em várias formas compostas com titulos para Deus. Um exemplo disto é “El-Shaddai. Este título sugere a abundante graça de Deus. A temporal e espiritual relação com a qual Deus abençoa Seu povo. Outros sustentam que shaddai é de uma raiz que significa “ser violento”, “devastar” “desapropriar”. Aplicada a Deus deveria significar “partilhar poder”. Isto é expressado pela tradução “todo poderoso (KJV, RSV, Moffat, Smith-Goodspeed). Este nome assim coloca Deus como o único poderoso, o único...


A primeira ocorrência de Shaddai é encontrada no primeiro verso da história de Deus aparecendo a Abraão ( Gen. 17:1,2,4,6) e dizendo: “Eu sou o Deus todo poderoso; anda perante mim e sê tu perfeito; e eu farei meu concerto entre mim e ti e multiplicarei grandemente... e tu serás o pai de uma multidão de nações... e eu te farei grandemente frutífero”. Este nome é encontrado de novo em Gên. 28:3,z que o ‘El Shaddai abençoou Jacó, fê-lo frutífero e o multiplicou. Uma similar promessa de ‘El Shaddai é encontrada em Gen. 35:11, e 43:14; 49:25. tais passagens sugerem o significado de .... exercitado por Deus: ‘El , o Deus de poder e autoridade a shaddai, o Deus de inexaurível riquezas. Com as quais ele é capaz de abençoar.

O título divino mais comum no Velho Tetamento ( aproximadamente 5.500 vezes ) é a palavra sagrada YHWH ( às vezes também traduzidas JHWH ), freqüentemente chamada o tetragrama, literalmente, “quatro letras, em referência `as quatro consoantes que o compõe . ( no antigo Hebraico, somente as consoantes de uma palavra eram escritas.) YHWH é geralmente traduzido como “Senhor” na KJV e distinguida das outras palavras traduzidas como “senhor” pelo uso da letra minúscula como aqui. Os judeus consideravam o título YHWH tão sagrado que eles não o pronunciavam, mesmo quando lendo as escrituras, com receio de que numa forma não intencional profanar o nome do Senhor ( ver Lev. 24:16). Ao invés eles liam Adonai. Consquentemente a verdadeira pronúncia de YHWH agora pensa-se ter sido yehowah, foi perdida.

Uns poucos séculos depois de Cristo, certos estudiosos judeus chamados Massoretas adicionaram vogais aos escritos hebraicos numa tentativa de preservar o conhecimento da linguagem falada. Naquele tempo eles adicionaram o som das vogais de ‘Adonai as consoantes YHWH. Isto fez a palavra lida, literalmente, Jeová ser traduzida para o Inglês como “Jeová”. Não sabendo quais os sons das vogais originais de YHWH, eles assim se propuseram a chamar atenção para o fato de que a palavra poderia ser lida Ádonai. Vindo a palavra Yahweh, entretanto, um bem informado leitor do hebraico leria ‘Adonai. Não sabendo desses fatos quando começaram a fazer uso das escrituras hebraicas, os cristãos traduziram como os massoretas a escreviam Jehovah ( Ex. 6:3; Sal. 83:18; Isa 26:4; e etc). ou, mais freqüentemente, se renderam a palavra “Senhor”.

Tem havido grandes diferenças entre os estudiosos a respeito da origem, pronúncia e significado da palavra YHWH. Provavelmente YHWH é uma forma do verbo hebraico “ser” daí significar “aquele que é” ou “aquele que tem existência própria”. Alguns apontam que a forma verbal pode ser causativa, e portanto pode significar “aquele que causa ser”; ou que interpretado pela frase ‘Ehyeh ‘asher ‘ehyeh (Ex. 3:14), significa “aquele que é ou será”, daí “aquele que é eterno”. Assim o título dado Senhor (KJV e RSV) ou Jeová (ASV) implica os atributos da existência própria e eternidade. Jeová é o Deus vivo, a fonte da vida, em contraste com os deuses dos gentios, que não tem existência fora da iumaginação de seus adoradores (ver Ire 18:20-23; Isa. 41:23-29; 44:6-20; Jer. 10:10,14; IÇO. 8:4). Este nome foi revelado a Moisés no Monte Horebe (EX. 3:14). É o santo nome do concerto estabelecido por Deus que tem provido salvação para Seus filhos. Como com outros títulos divinos, representa no hebraico o caráter divino em Sua relação pessoal com Seu povo.

Um sentimento de reverência e temor pelo santo caráter dos nomes de Deus, e uma sincera disposição de mostrar respeito, também influenciou os escribas a copiar os títulos fielmente. Eles parariam por um momento antes de decidir escrever os caracteres sagrados. E o nome acima de todos os outros, que era olhado com respeito como o nome, o nome pessoal de Deus era Yahweh.

Uma expressão muito comum no VT é “a palavra do Senhor [ Yahweh ]” é encontrada em Gen. 15:1, um capítulo em que o nome ‘Elohim não ocorre. É o nome do concerto. É o nome pelo qual Deus se comunica com o homem ( ver Gen. 18:1,2; 28:13-17; Ex. 33:9-11; 34:6,7).

O nome Yahweh é também usado em forma composta para revelar mais plenamente o redentor e mantenedor poder de Deus em relação a Seu povo. Tal é Yahwer-yir’eh, literalmente, “Yahweh verá” (Gen. 22:14), significando “Deus proverá”( v. 8 ). ( nossa palavra “proverá” significa “prever”). O teste de Abraão consistiu não tanto em que seu Deus apareceria como em que proveria. Contém a promessa que Yahwehn proveria o sacrifício necessário para a expiação. Este nome composto é o verdadeiro fundamento do plano da redenção.
Em Ez. 48:35 (KJV) está a expressão “o Senhor está ali” Literalmente, o Hebreu lê Yahweh shammah. Isto sugere a presença de Deus no meio de Seu povo. Isto é quase um título, como a expressão usada por Hagar’El ra’i, literalmente “Deus me vê”( Gen. 16:13 ). Similar a isto é a frase descritiva hebraica: “Yahweh ro’i “Yahweh meu pastor (Sal. 23:1); Yahweh rop’eka, “Yahweh seu médico ( Ex. 15:26 ); Yahweh sideqenú, “Yahweh nossa justiça” (Jer. 23:6 ); Yahweh shalom, “Jeová-paz” (Juí.6:24). Todos estes títulos ajudam a expressar a parte de Deus no plano da salvação.

Outros nome sugerem o grito de guerra do crente: Yahweh nissi (KJV, Jeová nissi ), “Jeová minha bandeira,”do verbo nasas, “mover de um lado para outro” (Ex. 17:15). O título Yahweh seba’oth (que aparece pela primeira vez em 1Sam. 1:3), “Jeová dos Exércitos” coloca-o como o comandante em chefe de todos os seres criados, como aquele que guiará Sua criação a vitória final ( ver Rom. 9:29; Tiago 5:4). Este título é às vezes ‘Elohim-saba ‘oth (Sal. 80:7,14, 19; Am. 5:27).

O título “Senhor dos Exércitos” é talvez o mais sublime dos títulos de Deus. É sugestivo de Seu pleno controle e soberania sobre o inteiro universo. Um belo exemplo disso é Salmos 24:9,10 que diz literalmente: “Levantai ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória. Quem é esse Rei da Glória? Jeová dos Exércitos, Ele é o Rei da Glória”.

Se usa umas 300 vezes a palavra hebraica ‘adon no VT. Geralmente se traduz “Senhor”. Se usa para referir-se a dono de uma propriedade, ao chefe de família, ou ao governador de uma província. Em 1Re. 16:24 se traduz “dono”. É um título de hierarquia, honra e autroridade ( ver Gen. 18:12; 24:12,42; Ex. 21:4; Num. 11:28; ISam. 1:15 e etc.). Quando se aplica este termo a Deus se lhe dá a forma ‘Adonai. Aparece pela primeira vez em Gen. 15:2,8; 18:3). Faz ressaltar sua posição como senhor e dono, também o direito que tem de ser obedecido. Algumas vezes aparece em conjunção com Yahweh, traduzindo-se “Jeová é o Senhor ( Ex. 23:17; 34:23). Também aparece em combinação com ‘Elohim (Sal.35:23; 38:15). Veja-se a tabulação das combinações dos nomes no artigo sobre “os idiomas, manuscritos e o cano do A.T.” neste volume. O título Ádonai se encontra ademais na expresão “Senhor da Terra” (Jos. 3:11, 13; Sal. 97:5; Zac. 4:14; 6:5; Miq. 4:13).

Há outros dois títulos que expressam a idéia do “Altíssimo”, “Exaltado. Um é Éliom, do verbo “levantar-se. Se encontra exemplo em Gen. 14:18-20, 22; Num. 24:16; 2Sam. 22:14; Sal. 7:17; 9:2; 18:13; 21:7; 46:4; 47:2 e etc. achando-se o último em Lam. 3:38. o título “Altíssimo de Sal. 92:8 e Miq. 6:6 se deriva de outra palavra hebraica, marom, de raiz diferente, “elevar-se”, “ser exaltado”.

O nome ba’al, que também significa “senhor”, “dono”, é comum no A.T., usando-se geralmente como título de desonra, por ser o nome dado aos deuses pagãos. Aparece quase sempre usado em nomes compostos como Jerubaal, Esbaal e Merib-baal. Porém também se aplica a Jehová, traduzindo-se “marido” (Isa. 54:5; Joel 1:8). Por tanto se usa a forma femenina para indicar igreja, a esposa de Deus ( ver Isa. 62:4).

Se usam outros títulos como Él-tsur, que se traduz “forte” de Israel (Isa. 30:29; etc.) e “Rocha” (2 Sam. 23:3; etc.), porém não podem ser considerados como nomes próprios.

A BÍBLIA E OS LIVROS APÓCRIFOS DO AT




Por pr. Dr. Oséas C. Moura - professor no UNASP
A BÍBLIA E OS LIVROS APÓCRIFOS
I. O que é a Bíblia?
1. É a Palavra de Deus: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põe em prática” (Lc 8:21).
2. É inspirada por Deus: “Pois que a profecia jamais veio por vontade humana, mas homens, impelidos pelo Espírito Santo, falaram da parte de Deus” (II Pd 1:21).
3. Divide-se em duas partes:
a) Antigo Testamento: escrito em hebraico, e alguns trechos em aramaico (Dn 2:4 até fim do cap. 7, alguns trechos de Esdras 4:8 a 6:18; 7:22-26; Jr 10:11 (cf. Apolinário, Pedro. História do texto bíblico: crítica textual. São Paulo: Instituto Adventista de Ensino, 1990, p. 67). Período em que foi escrito: cerca. de 1480-445 a.C.).
b) Novo Testamento: escrito em grego “Koinê” (comum). Período: cerca de 64 d.C. (Evangelho de Marcos) até c. 98-100 d.C. (Evangelho de João).
4. A Bíblia protestante contém 66 livros e a católica 73 (7 apócrifos – termo que significa “escondido”, “oculto”, “secreto”. Os católicos os chamam de deuterocanônicos).
5. Os apócrifos são 7:
Tobias, Judite, Sabedoria de Jesus Ben Sirach ou Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, Baruque, I e II Macabeus, e acréscimos ao livro de Daniel (cap. 13: Susana e os dois velhos, e cap. 14: Daniel destrói o ídolo Bel e seu templo e explode um dragão adorado na Babilônia) e ao de Ester (10 versículos após Et 10:3, mais caps. 11-16. Estes acréscimos contém um sonho de Mardoqueu, onde ele e Amã são dois dragões, e repetições dos relatos da perseguição de Amã contra os judeus e seu livramento).
6. Data: entre 200-100 a.C. (Período Intertestamentário). Ptolomeu Filadelfo, rei do Egito, ordenou que se traduzissem os escritos dos judeus para a língua grega, que era a língua oficial de então. Queria enriquecer sua biblioteca.
II. Ensinos dos apócrifos que contradizem o restante das Escrituras (citações da Bíblia de Jerusalém):
1. Dar esmolas purifica do pecado:
“Pois a esmola livra da morte e impede que se caia nas trevas” (Tb 4:10); “A esmola livra da morte e purifica de todo o pecado” (12:9); “A água apaga a chama, a esmola expia os pecados” (Eclo 3:30). Compare com Is 55:1; Ef 2:8 e 9; 1 Pd 1:18 e 19; 1 S. Jo 1:7.
2. Ensino de crueldade e egoísmo:
“Faze bem ao humilde e não dês nada ao ímpio. Recusa-lhe o pão, não lhe dês nada para que ele não te domine” (Eclo 12:5). Compare com Pr 25:21 e 22 // Rm 12:20 e S. Mt 5:44-48.
3. Ensino sobre o Purgatório:
“Aos olhos humanos pareciam [os justos mortos] cumprir uma pena, mas sua esperança estava cheia de imortalidade; por um pequeno castigo receberão grandes favores. Pois Deus os colocou à prova e os achou dignos de si. Examinou-os como perfeito holocausto” (Sb 3:4-6). Compare com Ecl 9:5; Heb 9:27 e Is 38:18 e 19.
4. Orar e fazer sacrifício pelos mortos:
“De fato, se ele [Judas Macabeu] não esperasse que os que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerava que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormecem na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado” (2 Mac12:44 e 45).
5. Apoio ao suicídio:
“... Razias, cercado de todos os lados, atirou-se sobre a própria espada. Quis assim nobremente morrer antes que deixar-se cair nas mãos dos celerados... Ainda respirando e ardendo de indignação, ele ergueu-se e arrancou as entranhas e, tomando-as com as duas mãos, arremessou-as contra a multidão... E desse modo passou para a outra vida” (2 Mac 14:41-45). A Bíblia jamais ensina que suicidar-se é “morrer nobremente”. Suicídio é transgressão do sexto mandamento: “Não matarás!” (Ex 20:13).
6. Ensino de magia:
“Respondeu ele [o anjo Azarias]: Se se queima o coração ou o fígado do peixe diante de um homem ou de uma mulher atormentados por um demônio ou por um espírito mau, a fumaça afugenta todo o mal e o faz desaparecer para sempre” (Tb 6:8). A Bíblia, no entanto, diz que só podemos enfrentar o demônio com as Escrituras (Mt 4:4-10), resistindo a ele (Tg 4:7), e em nome de Jesus (S. Mc 16:17 e At 16:18).
7. Mostra a mentira como algo normal:
Em Tb 5:13 o anjo Rafael mente para Tobit, pai de Tobias, dizendo que era Azarias, filho de Ananias. A Bíblia nos diz que quem mente é filho do diabo, o “pai da mentira” (S. Jo 8:44). Veja, ainda, os textos de Pr 6:16-17; Ef 4:25; Ap 14:5 e 21:8.
8. Ensino de Tolices:
Em Tb 2:9 e 10, é dito que Tobit, cansado por ter sepultado um morto, deitou-se perto de um muro. Seus olhos foram atingidos por fezes de pardais, e ele ficou completamente cego por quatro anos. Judite 8:6 fala-nos que Judite jejuava todos os dias de sua vida, exceto aos sábados e dias feriados. II Mac 15:40 diz que beber sempre água é nocivo à saúde.
III. Outras Razões para se não crer na inspiração dos Apócrifos:
1. Em II Mac 15:37-39, encontramos o escritor pedindo desculpas por suas falhas: “... Aqui porei fim ao meu relato. Se o fiz bem, de maneira conveniente a uma composição escrita, era justamente isso que eu queria; se vulgarmente e de modo medíocre, é isso o que me foi possível. De fato, como é nocivo beber somente vinho, ou somente água, ao passo que o vinho misturado à água é agradável e causa um prazer delicioso, assim o trabalho da preparação do relato encanta os ouvidos daqueles que entram em contato com a composição. Aqui, porém, será o fim”.
2. Jesus e os apóstolos fazem 205 citações do Antigo Testamento e mais 304 alusões ao mesmo, e não disseram uma palavra sequer a respeito de livros ou textos dos apócrifos.
3. São Jerônimo, tradutor da Vulgata, declarou que os apócrifos não eram canônicos. Somente em 8 de abril de 1546 (Concílio de Trento), é que os apócrifos foram declarados como pertencentes ao Cânon.
4. A Igreja Católica Ortodoxa sempre fez restrições aos apócrifos.
5. Diversos eruditos católicos rejeitaram os apócrifos: Bede e John (1180); William Ockham (1347); o cardeal Ximenes (cardeal de Toledo) mandou editar a Bíblia Poliglota (na Espanha) e esta não continha os apócrifos (1514-1517). Após o Concílio de Trento, em 1546, ter afirmado que os livros apócrifos eram canônicos, o cardeal Sixtus de Siena (e mais tarde Papa Sixtus V, 1585), em 1566 insistiu em separar os apócrifos do restante dos livros da Bíblia.
CONCLUSÃO: Não se pode chamar uma Bíblia de falsa só porque ela não contém os apócrifos. Estes, na verdade, são acréscimos à Palavra de Deus, que, muitas vezes, a contradizem. Atendamos a advertência do apóstolo Paulo: “Se alguém vos prega outro evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gl 1:8).
IV. Evidências de a Bíblia ser a Palavra de Deus:
1. Suas profecias cumpridas:
Is 13: 19-22 (Queda de Babilônia); Ez 26:3-5 (Desaparecimento de Tiro); Mq 5:2 (Belém, como o local do nascimento do Messias, c. de 736 a.C.), Zc 9:9 - Jesus montado num jumentinho, 11:12-13 - Jesus vendido por 30 moedas de prata, (c. de 520-515 a.C.), etc.
2. Sua veracidade científica:
Exs.: Jó 26:7 (Terra suspensa sobre o nada), 25:5 (a Lua não tem luz própria), 28:25 (o vento tem peso – algo “descoberto” pelo cientista Torricelli. Ele descobriu que 01 litro de ar puro, a 0o c, sob pressão de 760mm de mercúrio, pesa 1,293 g.).
3. Sua veracidade histórica:
a Arqueologia vem confirmando cada vez mais as informações contidas na Bíblia (exs.: a historicidade do rei Belsazar. Em tabletes cuneiformes encontrados em Temã, na Arábia, o rei Nabonido, pai de Belsazar, pede ao deus Lua que proteja seu filho que estava como rei em Babilônia; à menção à “Casa de Davi”, na Estela de Tell Dan, encontrada em 1993 – esta é a primeira inscrição fora da Bíblia onde o rei Davi é mencionado).
4. A unidade entre o AT e o NT, apesar de terem sido escritos por cerca de 40 diferentes autores.
5. O fato de ser inesgotável: quanto mais a estudamos mais descobrimos coisas novas.
6. Sua adaptabilidade: crianças, adultos e idosos, pessoas com pouca ou muita escolaridade, todos podem retirar dela informações, conforto e orientação para a vida.
7. Sua influência e seu poder transformador: nenhum outro livro tem exercido tanta influência no mundo (em todas as áreas) e na vida de indivíduos quanto a Bíblia (Ex.: Harry Orchard).
8. Sua indestrutibilidade: apesar de tantas tentativas de se acabar com ela (ex.: Revolução Francesa) ao longo dos séculos, ela aí está: “A Palavra do Senhor, porém, permanece para sempre” (I Pd 1:25).
9. Sua universalidade: é o único livro no mundo cujos ensinos servem para todos os povos na Terra, em qualquer ocasião.
10. Sua Perfeição: É um livro que não pode ser melhorado. Ele é completo e perfeito, pois é a Santa e Bendita Palavra de Deus.
(Fontes pesquisadas: Bíblia de Jerusalém, nova edição, revista. São Paulo: Paulus, 1995; Departamento de Ação Missionária da DSA, Segue-me. Santo André: Casa Publicadora Brasileira, 1980, pp. 95-102).