30/04/2009

REFLEXÃO SOBRE O TEMA: LEI X GRAÇA


Você já ouviu que nós não devemos mais guardar os mandamentos de Deus já que estamos sob a graça? Será isto verdade? Muita gente boa e sincera tem falado isto, será que eles não estão com a razão? Este é um tema muito importante para analisarmos hoje. Veremos qual o papel da lei e da graça na salvação, e também se ainda é importante obedecermos à lei, já que não estamos debaixo dela.
Primeiramente veremos o que é graça e porque precisamos dela.

I. A GRAÇA

a) O que é?
“Graça - (do hebraico hessed; do grego charis; do latim gratia) Favor imerecido concedido por Deus à raça humana. É um fluir único da bondade e generosidade de Deus. O objetivo da graça é duplo: 1. salva o homem do pecado; e 2. restringe a ação deste (pecado), levando o homem a viver nas regiões celestiais em Cristo Jesus. A graça, ensina o apóstolo Paulo, é operada pela fé.”[1]

Somos salvos pela graça (Ef. 2:5,8) e alcançamos esta graça pela fé, que também é um dom de Deus (Ef. 2:8). Ele nos veste com vestes de salvação (Is. 61:10). Pelo próprio conceito dado, aprendemos que não fazemos ou temos nada que nos torne merecedores da salvação (que vem pela graça). Ela simplesmente é fruto do amor (Jo 3:16) e da misericórdia de Deus ( Ef. 2:4,5).
Esta graça está disponível a todos os homens (Ler Tt 2:11). Ela produz justificação, santificação e, por fim, glorificação. É muito importante saber que sem a graça de Deus não há salvação para nós (Ef. 2:8,9). Por mais que nos esforcemos, não produziremos justiça própria que nos garanta a entrada no céu (Is. 64:6). Só nos resta aceitar o convite da graça em Is. 1:18, 19.

O que ocasionou a necessidade da graça de Deus para nossa salvação? Por que o nosso caso é tão sério que unicamente pela intervenção divina pode haver esperança para nós? Veremos a seguir.
b) Nossa necessidade dela
Para entendermos o porquê da nossa necessidade da graça precisamos analisar a nossa condição.
Deus criou o Homem no Éden e estabeleceu a condição para a vida –“Não coma do fruto da árvore do meio do jardim, pois se comer, morrerá”. Mas houve desobediência, e como conseqüência veio a punição – morte e condenação de morte eterna. Estávamos perdidos, entrara o pecado no mundo.

Já que o pecado entrou, não poderia sair com um pedido de desculpas ou com arrependimento e estaria tudo bem? Para responder, vamos ver o que é pecado.

Além do ato o pecado pode ser: “Um Sentimento: Mt. 5:22; Um Desejo: Mt. 5:28; Omissão: Tg. 4:17; Parcialidade: Tg. 2:9; Defeito de caráter: Mt. 7:18-20; Mt. 15:18-20; Fanatismo (Proibir ou condenar aquilo que Deus nunca proibiu ou condenou) Cl. 2:20-23, I Tm. 4:1-3; Estado: Ignorância culposa – At. 13:22; Jo. 3:10-12; e Escassez de Poder: Rm. 11:17; At. 3:17,18; Natureza: Rm. 7: 14-23; transgressão da lei: I Jo. 3:4.”[2]

Tal é a situação, que Paulo chega a afirmar que nós sem Deus nos encontramos “mortos em nossas ofensas e pecados” (Ef. 2:1-3). Não há esperança de salvação, pois o pecado gerou: “Rm 7:7-13 – Condenação, culpa; Rm 3:23 – Destituição da Glória de Deus; um mal hereditário e Universal – Sl. 51:5; Rm 3:9-18; alteração da natureza humana (Natureza pecaminosa); perda da Imagem moral de Deus (Justo, Santo e Perfeito), que afetou negativamente o relacionamento pessoal com Deus (separação, Gn 3:8; Is 59:2) e o interpessoal (Gn 3:12,13); perda da dignidade pessoal, vergonha do corpo (Gn 2:25; cf. 3:7); Hostilidade com a natureza (Gn 3:17,18); sofrimento e morte (Gn 3:16,17-19); Culpa (Rm 3:13; Tg 2:10); Expulsão do Éden (Gn 3:22-24) e Tendência inata de buscar a salvação pelos próprios meios (Gn 3:7)”[3]

Por isso, precisamos de um salvador, não podemos salvar-nos por nós mesmos. Tudo que façamos estará contaminado com a mancha do pecado. Aí entra o amor de Deus: sabendo que somos incapazes de restaurar por nós mesmos o ideal edênico, de operarmos uma reconciliação, Ele, por Sua graça, nos salva, nos regenera e nos capacita a estar em Sua presença.

Dessa forma, vimos que a graça é boa, é um dom de Deus, não fizemos nada para merecê-la, mas a recebemos por fé. E ainda vimos que precisamos dela para sair da condição deplorável em que nos encontramos. Logo, a graça é maravilhosa, mas e a Lei, o que dizer dela?

II. A LEI

a) O que é?
A lei de Deus é uma descrição de Seu caráter. Deus é: Santo (Lv. 19:2); Justo (Sl. 145:17); Bom (Sl. 34:8); Eterno (Is. 40:28); Imutável (Ml. 3:6); Amor (I Jo. 4:8), apenas para citar algumas das características de Deus. Sua Lei também é Santa (Rm. 7:12); Justa (Rm. 7:12); Boa (Rm 7:12); Eterna (Sl. 119:144); Imutável (Sl. 89:34); e o cumprimento dela é o Amor (Rm. 13:10).
Em Êxodo 20, é encontrada e chamada de “lei moral”, mas existem também outras leis, como a “cerimonial” e a de “saúde”, por exemplo. Ela nos foi dada como um padrão de conduta tanto para o nosso relacionamento com Deus, como para com os homens. É dever de todos os homens guardá-la (Ec. 12:13),e isto só é possível com a ajuda de Jesus (Jo 15:5).

Existe um “porém” quanto à guarda da lei: obedecê-la não produz salvação (Gl. 2:16). Então porque guardá-la? Qual o papel dela? Veremos a seguir.

b) Para que existe a Lei?
b).1 Mostrar o pecado – I Jo. 3:4 “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.”; Rm 3:20 “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.”
A Lei de Deus serve como padrão moral para o pecador, apontando-lhe um ideal. Logo, ao esse alvo não ser alcançado, acontece o que a Bíblia chama de pecado. A Lei apenas mostra-lhe em que falhou para que você busque a Deus por solução.
Imagine alguém com o rosto sujo de cinza, chega em casa e não vê que está melado, aí ele vai ao espelho e exclama: - “Oh! Eu estou sujo!”. Pergunto então: O espelho pode limpá-lo? Dirão que não, e então o que pode? Água me responderão. A mancha é o pecado, o espelho a lei, e a água, a graça.
b) .2 Sua guarda é um ato de amor – Jo. 14:15
b) .3 É a norma divina para o Juízo – Tg. 2:12
b) .4 Sua guarda é um sinal que mostra o Povo de Deus – Ap. 12:17; 14:12
b) .5 Ela é como um muro de proteção, se a guardarmos estaremos livres dos perigos do pecado.

Percebemos que o papel da Lei não é o de produzir salvação. Veremos, agora, que existe uma harmonia entre lei e graça, que ambas são igualmente boas.

III. HARMONIA ENTRE AS DUAS

a) Dificuldades aparentes
a) .1 Lei abolida pela graça – Rm 3:31
Há quem diga que a lei foi abolida e que nós estamos hoje debaixo da graça, mas tal argumento é baseado em textos mal analisados e mal compreendidos.

Imagine sete letreiros luminosos com os seguintes dizeres: Igreja – Pregador – Bíblia – Jesus – Graça – Pecado – Lei: e alguém perto deles que fala: - “Andam dizendo que a lei foi abolida, vamos ver!. Em I Jo 3:4 assevera que :Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei; Bem se o pecado é a transgressão da lei, uma vez que a lei foi transgredida ocorreu o pecado, e para salvar-nos Deus nos deu Sua graça que veio por meio de Jesus. Isto está relatado na Bíblia, que é usada por um pregador na Igreja. Bem, vejamos Rm 4:15 (Porque a lei suscita ir; mas onde não há lei, também não há transgressão). Aqui diz que onde não há lei não há pecado. Já que dizem que não há mais lei (o letreiro da lei se apaga), também não há pecado (o letreiro do pecado também se apaga e assim sucessivamente), e se não há pecado não há necessidade de graça. Se não tem Graça, não tem porquê Jesus, assim não precisa-se de promessas e de Bíblia. Sem a Bíblia, não é necessário o pregador, sem os pregadores não há necessidade da igreja. Viram? Se a lei for abolida, todo o sistema de salvação que está por trás dela cairá junto.” A lei é eterna e tem o seu papel.

a) .2 Estar debaixo da graça – Rm 6:14
O texto diz que “o pecado não terá domínio sobre nós” porque não estamos “debaixo da lei e sim da graça”. Ora, se eu estiver debaixo da lei o pecado me dominará. “Como assim?” Vou explicar: É uma resposta com dois pontos; 1º - Estar sob a lei é estar sob sua condenação - toda vez que pecamos transgredimos a lei (I Jo. 3:4), e como resultado recebemos a condenação do pecado, que é morte e morte eterna (Rm. 6:23). Logo a lei nos condena a receber a punição; 2º - Estar sob a lei é usá-la como meio de salvação - A lei está em contraste com a graça como método de salvação. Já que quando eu transgrido coloco-me debaixo da lei e recebo a condenação (como já vimos), não há como me salvar, pois se tentar a salvação pelas obras da lei estarei perdido (Rm. 3:20,28) e sob o domínio do pecado; então necessito da graça, estar debaixo dela, me apoiar nela como meio de salvação, porque “pela graça sois salvos” (Ef. 2:8). Então, estar sob a lei é desobedecê-la e assim estar sob sua condenação e/ou tentar obter a salvação guardando-a, já que não se pode cumpri-la sem Cristo.

b) Uma grande e bendita realidade
A Bíblia apresenta a Lei como um grande pregador evangélico, pois ela denuncia o pecado em suas várias formas, seja no exterior – aquilo que é visível, ou seja, um assassinato, uma mentira, desobedecer a pai e mãe, transgredir o sábado , etc.; seja no interior - aquilo que é invisível: os sentimentos e pensamentos pecaminosos, olhar impuro sexualmente falando, ódio no coração, rancor, matar um sentimento ou a reputação alheia, etc.

Desta forma, a lei cumpre seu papel nos levando a Cristo, que com e por Sua graça nos pode salvar. Já a graça não é uma permissão para pecar – Rm 6:15. Ela nos justifica e nos dá poder para vivermos em harmonia com a lei de Deus (isso não significa que o crente não TROPECE, porque os filhos de Deus não vivem na prática voluntária do pecado, mas vez ou outra caem , contudo não ficam prostrados).

Já que todos pecaram (Rm. 3:23) e pecam (Ec. 7:20), quem aqui não tem pecado? Todos nós temos, estamos sob a condenação da lei, mas graças a Deus que esta lei que só pode nos condenar, pois somos transgressores, nos aponta o meio de escaparmos da condenação – Rm 8:1. Assim, há uma grande harmonia entre a Lei e a Graça.

CONCLUSÃO
Conforme visto, a Lei de Deus tem a sua função, que não é salvar, mas nos enviar a Cristo. Ele, com a Sua graça, nos salva da condenação e do poder do pecado (vivendo em comunhão com Cristo, o crente tem o poder para vencer o domínio do pecado em sua vida. Não significa parar de pecar- isto só depois da 2ª Vinda).

Também devemos relembrar que esta Lei é a lei do amor de Deus, que Ele nos deu como um muro de proteção para vivermos mais felizes.

Queridos amigos, Deus nos amou e tornou-Se homem para morrer por nós, trouxe Sua graça e oferece-a livremente a todo o que a aceitar (Mt. 11:28-30). Se você quiser, hoje poderá aceitá-Lo como seu salvador, você quer? Imagine Jesus na porta de seu coração lhe pedindo entrada, você o deixará do lado de fora? Aceite-O agora! E, tendo aceitado esta oferta de graça, demonstre seu amor para com Ele sendo um servo fiel e obediente, guardando a Sua lei por amor e vivendo protegido por ela.
[1] José Sílvio Ferreira, Cristo nossa salvação (Rio de Janeiro: ADOS, 2006), 329.
[2] Luiz Nunes, Apostila de soteriologia (Cachoeira –BA: Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, s.d.), 23,24.
[3] Ibid., 24, 27.

5 comentários:

  1. na boa então por que os adventistas não fazem circuncisão querem ser da lei mas porem nem sabem guarda la

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  2. Jaime,
    Você está misturando aspectos cerimoniais da Lei (que foram abolidos -"circuncisão") com aspectos morais (que são eternos - ver Ml 3:6), você leu realmente esta postagem? ou chegou viu o título e trouxe suas pressuposições sobre "os adventistas e seus ensinos" e colocou o que pensa sobre nós?
    faço um convite a você - conheça os adventistas de fato, saiba sua história (não contada pelos nossos opositores, mas de fonte primária) e só depois tire suas conclusões.

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  3. Histórias como marcar a volta de Jesus por algumas vezes?

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  4. Sim Eliel, de onde você tirou isto?, Quem te falou? A Igreja Adventista do Sétimo Dia NUNCA marcou data ou datas para a volta de Jesus - mais uma prova de que vc e qualquer pessoa que queira falar desta denominação precisa conhecer os fatos e não histórias preconceituosas que são contadas por alguns e que se tem fixado no imaginário popular. Quem marcou data foi Miller , e ele nunca foi adventista e sim batista até o fim de sua vida. A igreja adventista surgiu depois destes episódios. Alguns membros adventistas - esses sim - veja, alguns poucos - marcaram datas, porém nunca houve aprovação disto pela Igreja, mas não é exclusividaqde da IASD ter membros que falam bobagens - isto em toda denominação tem e certamente não é a opinião de suas denominações.

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  5. Meus irmãos que isso ?
    brigas e muito falatorios ñ trazem a nada queridos ^^.
    Lembrem da palavra q diz " Temos q ser um como o Pai em Cristo é ...temos q ser um pra que o mundo creia q o Pai o enviou. "
    Que a Graça e PAZ e mais PAAZ esteja com Vcs !!!

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