14/02/2011

MISSÃO DA IGREJA - III




TEOLOGIA DA MISSÃO NOS ESCRITOS DE ELLEN WHITE

INTRODUÇÃO

Nos escritos da Sra. White podemos encontrar pelo menos três dimensões teológicas de missão:
1) dimensão soteriológica,
2) dimensão escatológica,
3) dimensão eclesiológica.

1. A Dimensão soteriológica de Missão
a) O ser humano responsável pela salvação de outros – Romanos 10:13-15
“O mundo parece à miséria, e no entanto isto não chama a atenção nem sequer daqueles que dizem crer nas verdades mais sublimes dadas alguma vez aos mortais. Deus requer que Seu povo seja uma mão ajudadora para alcançar aos que perecem, mas muitos se contentam sem fazer nada.” Testemonies, vol. 6, p. 445.

“Deus designou Seus filhos para proporcionarem luz aos outros, e se dixarem de o fazer, e almas forem deixadas nas trevas do erro por sua falta em fazer aquilo que poderiam ter feito se tivessem sido vivificados pelo Espírito Santo, serão então responsáveis a Deus.” Serviço Cristão, p. 21

b) A salvação pertence a Deus mas se canaliza através do agente humano
“Na obre de resgatar as almas perdidas que perecem, não é o homem quem executa a tarefa de salvá-las; Deus é quem com ele trabalha. Tanto Deus como o homem atuam. ‘Sois coobreiros de Deus’”. Evangelismo, p. 291

“A humanidade, tirando sua eficiência de grande Fonte da sabedoria, torna-se o instrumento, a agência operadora por meio da qual o evangelho exerce seu poder transformador sobre o espírito e o coração.” Atos dos Apóstolos, p. 134

2. A Dimensão Escatológica de Missão
a) A vinda de Cristo condicionada ao cumprimento da missão da igreja – S. Mateus 24:14
“Pelo fato da vinda de Cristo ter sido predita a tanto tempo atrás, alguns concluem que houve algum erro... Ela [a vinda do Senhor] não será retardada para além do tempo em que a mensagem for elevada a todas as nações, línguas e povos.” Review na Herald, 18 de junho de 1901 (parcialmente em Evangelismo, p. 697)

b) A vinda de Cristo pode ser apressada (um elemento motivador da missão)
“É privilégio de todo cristão, não só aguardar, mas mesmo apressar a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” Evangelismo, p. 696

“Dando o evangelho ao mundo, está em nosso poder apressar a volta de nosso Senhor. Não nos cabe apenas aguardar, mas apressar o dia de Deus.” O Desejado de Todas as Nações, p. 609

c) A vinda de Cristo pode ser atrasada (um elemento ativador da missão)
“Se todo atalaia sobre os muros de Sião houvessem dado à trombeta um sonido certo, o mundo haveria antes desta data ouvido a mensagem de advertência. A obra, porém, acha-se com atraso de anos. Enquanto os homens dormiram, Satanás marchou furtivamente sobre nós.” Evangelismo, pp. 694, 695.

“Longamente tem Deus esperado que o espírito de serviço se apodere de toda a igreja, de maneira que cada um trabalhe para Ele segundo sua habilidade. Quando os membros da igreja de Deus fizerem a obra que lhes é indicada nos necessitamos campos nacionais e estrangeiros, em cumprimento da comissão evangélica, todo o mundo será logo advertido, e o Senhor Jesus retornará à Terra com poder e grande glória.” Atos dos Apóstolos, p.111

3. A Dimensão Eclesiológica da Missão
a) A missão da Igreja: não somente pregar, senão estabelecer igrejas em todas as partes

“Um lugar após outro deve ser visitado; uma igreja após outra, ser estabelecido. Os que se põem do lado da Verdade devem ser organizados em igrejas, e então, deve o ministro passar a outros campos igualmente importante.” Evangelismo, p. 353

“Novos territórios devem ser trabalhados por homens inspirados pelo Espírito Santo. Novas igrejas devem ser estabelecidas e novas congregações organizadas. Nesse tempo deveria haver representantes da verdade em cada cidade e nas mais remotas partes da terra.” Testimonies, vol. 6, p. 24

c) Uma dupla missão da igreja: “koinonia” e “kerigma”, comunhão e proclamação
“Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário. Aquele que bebe da água viva, faz-se fonte de vida. O depositário torna-se doador.” O Desejado de Todas as Nações, p. 174

“Deus requer que Seus filhos brilhem como luzes no mundo... E enquanto desfrutam da comunhão com Deus, desejarão manter um intercâmbio com seus semelhantes a fim de expressar, por meio de palavras e atos, o amor de Deus que anima seus corações.” Testemonies, vol. 2, pp. 126, 127

CONCLUSÃO

- Há uma dimensão soteriológica de missão. O cristão é responsável pela salvação das almas com as quais entra em contato.
- Há uma dimensão escatológica de missão: a igreja pode apressar ou demorar a vinda mediante o cumprimento ou da falta de cumprimento de sua missão.
- Uma dimensão eclesiológica de missão: a igreja não somente deve mostrar sua presença ao mundo, senão estabelecer congregações. Estas, por sua vez, não devem encerrar-se na “koinonia”, mas sair para cumprir o “kerigma”.

MISSÃO DA IGREJA - II




TEOLOGIA ADVENTISTA DA MISSÃO
CONCEITO DE MISSÃO ENTRE OS ADVENTISTAS DO 7O. DIA

INTRODUÇÃO

• O conceito de missão, e particularmente de uma missão mundial, não se desenvolveu imediatamente entre os Adventistas. Existiram várias limitações teológicas que não lhes permitiram ver claramente sua missão no mundo.
• Tanto o movimento adventista inicial – o Movimento Millerita – como os primeiros anos dos adventistas observadores do Sábado, foram tempos de análise e consolidação da teologia e a prática desse novo movimento religioso.

I – O CONCEITO DE MISSÃO NO MOVIMENTO ADVENTISTA INICIAL

1. A motivação missionária do Movimento Millerita

• Declaração de Guilherme Miller:

“Eu creio que Jesus Cristo virá outra vez com toda Sua glória e em pessoa a nossa Terra, para cumprir Seu divino propósito de salvar Seu povo, destruir os maus e acabar como o pecado no mundo... Eu creio que a segunda vinda de Cristo está próxima, às portas, e que ocorrerá dentro de 21 anos, em ou antes de 1843” Diário pessoal, 5 de setembro de 1822

• Miller não teve como motivação ou propósito formar um novo movimento religioso:

“Nunca aconselhei aos irmãos separarem-se das igrejas às quais pertenciam, a menos que seus irmãos os expulsem ou lhes neguem seus privilégios religiosos... Nunca pensei em formar uma nova seita, ou dar-lhes um novo nome.” Citado por David Arthur, Salid de Babilônia: Um Estúdio Sobre Separatismo y Denominacionalismo en el Movimiento Millerita, 1970, p. 52.

2. O conceito de Missão no Movimento Millerita

• Diálogo entre Josué Himes e Guilherme Miller:

“Himes: Crê você realmente nesta doutrina?
Miller: Certamente que creio, pois se não cresse não a estaria pregando.
Himes: E que está fazendo para difundi-la a todo mundo? Até agora tudo tem sido mantido em um rincão. Se Cristo vem em uns poucos anos como você crê, não há tempo a perder em dar à Igreja e ao mundo a admoestação em tons de trovão, para se despertem e se preparem.
Miller: Eu sei, eu sei, irmão Himes. Mas, o que pode fazer um velho granjeiro? Eu não estou acostumado à pregação pública; praticamente estou sozinho; e ainda que tenha visto a muitos convertendo-se a Deus e à verdade, não vi ninguém entrar no objeto e espírito de minha missão para ser-me de real ajuda. Agrada a todos ter-me para pregar e reavivar suas igrejas, mas com a maioria dos ministros termina ali nossa relação. Tenho buscado ajuda; na verdade a necessito.” Citado por Sylvester Bliss, Memories of William Miller, p. 140.

- Foi justamente Himes, o braço direito de Miller, quem se preocupou pela missão mundial do movimento.
a) através da visita aos portos de além-mar
b) através do envio de publicações adventistas aos missionários de outras sociedade missionários.

- Declaração de Himes em Sings of the Times, 27 de julho de 1842 e 19 de julho de 1843:

“Um bom número de nossos irmãos tem sido equipados com vários milhares de folhetos e revistas sobre o tema da Segunda vinda de Cristo, e têm visitado cada barco, deixando uma boa provisão neles.”
“As publicações adventistas têm sido enviadas por centenas de milhares a todo o mundo, às ilhas no mar, e a cada estação missionária em todo o globo. Tem sido derramadas sobre terra e oceano, e os marinheiros que regressam ao porto, testificam que a vinda de Cristo é o tema de conversação em todo o mundo.”

- No Movimento Milerita havia, portanto, um sentido de missão mundial, que foi cumprido parcialmente com o envio de publicações a diferentes partes do mundo.
II – LIMITAÇÕES TEOLÓGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE UMA MISSÃO ENTRE OS PRIMEIROS ADVENTISTAS OBSERVADORES DO SÁBADO

- O findar do dia 22 de outubro de 1844 sem que nada houvesse acontecido, produziu um tremendo impacto na teologia e nos sentimentos do grupo de crentes.
- Embora que os Adventistas observadores do Sábado produziram certas novidades teológicas como a doutrina do santuário celestial e a doutrina do Sábado, não puderam evitar a influência milerita com relação à missão da Igreja.

1. O Conceito Teológico da “Porta Fechada”

- Havia começado já no Movimento Milerita
- Dois conceitos bíblicos aplicados à vinda de Cristo:
a) “chegou o noivo... e fechou-se a porta”.
b) “Continue o injusto fazendo injustiça”. Apoc. 22:11

- Declaração de Guilherme Miller após o desapontamento:
“Temos cumprido nossa tarefa de admoestar aos pecadores e tratar de despertar uma igreja indiferente. Deus em Sua providência tem fechado a porta e somente nós podemos animar-nos uns aos outros a ser pacientes e diligentes a fim de tornar nosso chamado e nossa eleição seguras. Estamos vivendo no tempo especificado em Malaquias 3:18, Daniel 12:10 e Apocalipse 22:10-12. Nessas passagens podemos ver claramente que pouco antes da volta de Cristo haverá uma separação entre o justo e o injusto, entre os santos e ímpios e entre aqueles que amam Sua volta e aqueles que a odeiam." The Advent Herald, 11 de dezembro de 1844.

2. Os Adventistas do 7º Dia e a “Porta Fechada”

- Declarações da Sra. Ellen G. White: (Mensagens Escolhidas)

“Com meus irmãos e irmãs, após a passagem do tempo em quarenta e quatro, acreditarei que não mais se converteriam pecadores.” P. 74

“Por algum tempo depois da decepção de 1844, mantive, juntamente com o corpo do advento, que a porta da graça estava para sempre fechada para o mundo.” P. 63
- Nos primeiros anos, os adventistas se dedicaram exclusivamente a fortalecer a fé daqueles que tinham passado pela experiência do desapontamento.
- Em 1849 produziu-se uma mudança no conceito: a porta fechada tem que ver com o Santuário Celestial e não com a porta da graça:

“Vi que Jesus havia fechado a porta do lugar santo, e que nenhum homem poderia abri-la; e que Ele havia aberto a porta para o santíssimo, e que homem algum podia fechá-la”. Primeiros Escritos, p. 42

- Este novo conceito ampliou os horizontes missionários dos adventistas que começaram a partilhar a mensagem com os que não eram da mesma fé.
- Declaração de Tiago em 1852:

“O trabalho não está confiado somente àqueles que tiveram uma experiência no movimento adventista passado. Uma grande proporção dos que estão compartilhando as bênçãos ao assistir as reuniões da verdade presente, não estiveram ligados à causa adventista em 1844.” Review and Herald, 6 de maio, p. 5

- O movimento adventista inicial teve um sentido de missão ao desejar compartilhar a novidade teológica do regresso de Cristo. A brevidade do tempo não permitiu a formação de uma sociedade missionária, porém através da distribuição de publicações, considerou-se que a mensagem havia chegado a todo o mundo.
- Com a chegada de 22 de outubro, ainda que o retorno de Cristo não se acontecesse, os adventistas consideraram que a porta da graça havia sido fechada para sempre. Isto limitou as possibilidades missionárias do grupo por vários anos.
- De 1849 em diante, se abre a porta da pregação da mensagem adventista aos não crentes, por considerar-se que a porta da graça se manteve aberta

O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE MISSÃO MUNDIAL ENTRE OS ADVENTISTAS DO 7º DIA

III – LIMITAÇÕES TEOLÓGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE UMA MISSÃO MUNDIAL

1. O Evangelho a todo o mundo: uma missão já cumprida

- A obra dos missionários cristãos em geral, e das publicações adventistas em particular, era considerada suficiente
- Declaração de Tiago White, em 1853:

“A circulação das Escrituras em tantas línguas e dialetos diferentes durante o último meio século, e os missionários enviados a todas as nações do globo, são suficientes para dar cumprimento ao texto (S. Mateus 24:14). Os líderes de todas as sociedades missionárias nos dizem que não há uma nação na Terra na qual o evangelho não tenha sido pregado.” Review and Herald, 28 de agosto, p. 57

- Nos primeiros anos, quando se falava de uma missão a todo o mundo, isto representava uma falta de fé na iminente volta de Cristo.

- Declaração da Sra. Ellen G. White:

“Foi em minha primeira viagem ao leste... Acreditávamos que o Senhor viria em breve nas nuvens do céu. Foi-me mostrado que havia uma grande obre a ser feita no mundo por aqueles que não haviam tido a luz e rejeitado. Nossos irmãos não podiam compreender isto em face da fé que tínhamos no imediato aparecimento de Cristo. Alguns me acusaram de dizer que meu Senhor retardava Sua vinda”. Mensagens Escolhidas, p. 74

2. Segunda limitação: a idéia de que todo o mundo estava representado por imigrantes nos Estados Unidos

- Explicações dadas a Apocalipse 10:11 e 14:6
- Interpretações dadas por Uriah Smith

a) Em 1859, ante uma pergunta se “a mensagem adventista está sendo proclamada fora dos Estados Unidos?

“Não temos informação de que a mensagem do terceiro anjo esteja sendo proclamada em algum país fora do nosso... se bem que, talvez não fora necessário cumprir Apocalipse 10:11, já que nossa própria terra está composta de pessoas vindas de quase cada nação”. Review and Herald, 3 de fevereiro, p. 87

b) Oito anos depois em 1867:

“Quem poderia duvidar que nosso país ocupa um lugar providencial na história? Em que outra terra poderia a proclamação da verdade alcançar de uma vez tantos “povos, nações e línguas” (Apoc. 10:11)? Gente de cada parte civilizada do globo pode ser encontrada aqui, estabelecida e formando parte integral de nossa população.” Review and Herald, 1 de janeiro, p. 48

- Os principais esforços por alcançar a população mundial foram feitos, então, entre os imigrantes. Isto ocorreu até fins da década de 1860.

VI – ABRE-SE A PORTA A UMA MISSÃO MUNDIAL

1. Os imigrantes tomam a iniciativa

- Em 1858, Jaime White declarava que os imigrantes desejavam partilhar sua fé não somente na América do Norte, senão com seus familiares em seus próprios países:

“Nas fileiras dos observadores do Sábado estão aqueles que falam alemão, francês, norueguês, sueco, dinamarquês, etc. Todos eles, como é natural supor-se, sentem um profundo interesse pelos de sua própria língua. Desejariam ver publicações com a verdade presente publicadas em sua língua nativa para fazê-las circular na América e Europa. E eles não são os únicos interessados nessa empresa. Todos os que entendem que a mensagem do primeiro anjo deve chegar a “cada nação, tribo, língua e povo” se regozija ao ver aqueles de outras línguas aceitando a verdade”. Review and Herald, 6 de maio, p. 200

- Foi também um imigrante, Miguel Czechowski, quem tomou a iniciativa de oferecer-se para ir, como missionário, à Europa, em 1864.
- Czechowski havia trabalhado entre os imigrantes, em Nova York, por vários anos, mas, depois, chegou a conclusão que devia partilhar a verdade na Europo.
- Em 1864 a Igreja não estava preparada para enviar missionários, e Czechowski buscou o apoio de outras denominações adventistas.
- Em 1869 já havia de 50 crentes na Europa, segundo as informações dadas por J. N. Andrews. Andrews reconheceu a lentidão da Igreja no conceito de missão mundial:

“Nós não temos nenhum crédito no estabelecimento desse grupo de observadores dos mandamentos... o pastor Czechowski sentia uma grande carga por Europa. Não duvidamos que o Espírito de Deus estava impressionando sua mente... Nós agora consideramos as circunstâncias deste caso como um maravilhoso chamado da providência de Deus para enviar a verdade presente à Europa. Não podemos deixar de reconhecer nossa lentidão para ver esta obra. Porém está em nosso poder redimir o passado”. Review and Herald, 30 de novembro de 1869, p. 181

- Em 1870 um segundo missionário sai dos Estados Unidos. Um converso de Czechowski, de apelido Ertzenberger, foi à América do Norte para conhecer a obra adventista e, depois de ser ordenado ao ministério, voltou a Suíça, oficialmente reconhecido pela Igreja para trabalhar enter seu próprio povo.

2. 1874: O ano chave para o desenvolvimento de uma Missão Mundial

a) Se inicia uma nova revista The True Missionary que ajuda a consolidar uma teologia de missão.
b) Ellen White dá suas mais fortes admoestações em relação à necessidade de expandir a obra a outras terras:

“Como povo temos estado dormindo em relação ao nosso dever de levar a luz a outras nações. Acaso Deus nos tem desculpado como povo de ter uma carga especial por aqueles de outras línguas, e por isso hoje não temos missionários em países estrangeiros? Qual é a razão desta negligência e demora?” The True Missionary, no. 1, p. 1

“Vossas concepções da obra necessitam ser grandemente expandidas. Nossa mensagem deve ir com poder a todas as partes do mundo: ao Oregon, a Inglaterra, Austrália, e às ilhas do mar, à todas as nações, línguas e povos. Muitas nações estão esperando pela luz avançada que o Senhor tem para eles, e vossa fé deve crescer até o nível das demandas para este tempo. Ide para frente e para cima”. Manuscrito, 1, 1874.

c) É enviado o primeiro missionário norte-americano, J. N. Andrews à Europa. O informe de sua partida, na revista The True Missionary, começa com estas palavras: “Este é um dia significativo nos anais históricos dos Adventistas” (no. 10, outubro de 1874)

CONCLUSÕES

- Exatamente 30 anos depois de 22 de outubro de 1874, J. N. Andrews escreve suas primeiras declarações da Europa como missionário. Haviam passado três décadas até que se produzisse um completo desenvolvimento do conceito de missão mundial entre os Adventistas.

“Deus encomendou aos Adventistas do Sétimo Dia uma obra de imensa magnitude e vasta importância. É dar a admoestação ao mundo acerca do breve retorno de Cristo, e ensinar a verdadeira preparação para esse grande evento. Nunca antes foi encomendada aos homens uma responsabilidade como esta que Deus tem dado a seu povo. O tempo para esta obra é curto e pode ser cumprido com a ajuda direta do Espírito de Deus.” The True Missionary, no. 11, novembro de 1874. Artigo publicado em 22 de outubro de 1874.

MISSÃO DA IGREJA - I



Esta é uma série de 6 aulas do Pr. Dr. Juan Carlos Viera - Teólogo Adventista, que vamos publicar em 6 postagens

A IGREJA E O MUNDO:
INTRODUÇÃO A UMA TEOLOGIA BÍBLICA DA MISSÃO

I – A MISSÃO NO MUNDO

1. Considerações em relação à Grande Comissão
a) A Dimensão Geográfica: “Ide por todo o mundo”. S. Marcos 16:15
b) A Dimensão Antropológica: “A toda criatura”.
c) A Dimensão Eclesiástica: “Ide e fazer discípulos”.
d) A Dimensão Teológica: “e que... se pregasse”. S. Lucas 24: 46-48.
e) A Dimensão Soteriológica: “quem crer...”. S. Marcos 16:16.
f) A Dimensão Carismática: “Estes sinais...”. S. Marcos 16: 17-18.

2. Considerações em relação às Mensagens Angélicas
• A Dimensão Étnica: “A toda nação, tribo, língua e povo”. Apoc. 14: 6.
• A Dimensão Mundial: “Toda a Terra foi iluminada”. Apoc. 18: 1.
• A Dimensão Profética: “que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis”. Apoc. 10: 11.

3. Considerações em relação à Oração do Envio – S. João 17: 11-18
- Cristo envia seus seguidores ao mundo – verso 18
- O mundo é o lugar de ação: não podemos retirar-nos dele – versos 11, 15
- Há uma tensão entre “estar no mundo” e “não ser do mundo” – versos 14-17
- Cristo estava preocupado por Seus seguidores – versos 11-15

II – A EXPERIÊNCIA DO POVO DE DEUS NO MUNDO

1. A Experiência de Israel
• A dramática experiência de Israel: Imitação do mundo; de suas práticas políticas, sociais e religiosas. I Samuel 12: 7-12.
• Após o cativeiro: Separação total do mundo que os rodeava: desenvolve-se a idéia do gentio ou estrangeiro que está perdido, condenado. Sua companhia era contaminadora. S. Lucas 15: 1-2.

2. A experiência da Igreja Apostólica
• A novidade teológica trazida por Cristo, de que os gentios podem salvar-se, é traumática para a igreja em formação. Atos 15:1-2; Gálatas 2:11-13.
• O conceito de mundo como algo mau que deve ser odiado, tem primazia sobre o conceito de mundo como algo perdido que deve ser salvo. S. João 3:16; I S. João 2:15-17.

3. A experiência da Igreja até a atualidade

Nos primeiros séculos: Separação

• Os eremitas e seu isolamento
• As primeiras ordens monásticas

Séculos subseqüentes: Participação

• Os monastérios se abrem para a educação do povo
• As primeiras universidades européias são religiosas
• As ordens monásticas se constituem em missionários

Século XX: Secularização

• Uma primeira etapa de secularização de objetivos: os objetivos sociais acima dos religiosos.
• Em sua etapa mais extrema os objetivos sociais se transformam em objetivos políticos, e a secularização alcança sua forma mais extrema: a revolução político-religiosa.

CONCLUSÃO

A relação da Igreja com o Mundo quase sempre produziu uma tensão teológica. Em um extremo, os que querem separar-se do mundo e viver em solidão com Deus. Em outro extremo, os que querem imitar o mundo.
Como a Igreja pode cumprir sua missão no mundo sem cair em nenhum dos dois extremos?