10/12/2012


UM ROTEIRO PARA PREPARAR SERMÕES


Dwight E. Stevenson
Traduzido e adaptado de Elder’s Digest, vol. 9, Num. I, jan-mar/2003
Por SALT/IAENE – Disciplina de Pregação Bíblica II


Esclarecimento

Este é um guia para auxiliar pregadores a preparar sermões de forma criativa. Não é um padrão inflexível e nem é uma “muleta”. Ao contrário, tem o propósito de ser um roteiro que indique o melhor caminho homilético e convidar pregadores a seguir a estrada de sua própria liberdade e poder.

Um roteiro para sermões

Um sermão é a arte da homilética na forma de referência pronta altamente concentrada.  Este roteiro é um esforço para colocar à disposição de jovens pregadores os melhores princípios e refrescar a memória de pregadores experientes sobre os inexplorados domínios da preparação de sermões. Pretende fazer tudo isso de tal forma que possa ser estendido sobre a mesa de estudos como um “mapa rodoviário”.

A utilidade desse mapa-roteiro dependerá do grau de seriedade com a qual o seu usuário dedica dias e horas em cada uma das duas tabelas seguintes: “Preparando o próximo sermão passo a passo” (tabela A) e “Preparação de longo alcance passo a passo” (tabela B).

Estamos confiantes de que qualquer pessoa que se esforce para seguir este roteiro semanalmente descobrirá que está preparando e pregando melhores sermões.

Antes de por em prática os planos “passo a passo”  leia o roteiro completo do princípio ao fim. A princípio adote um plano provisório; mais tarde você pode ajustá-lo conforme sua experiência, até você descobrir seu ritmo e programa individual.

 

Tabela A

PREPARANDO O PRÓXIMO SERMÃO PASSO A PASSO

             I.      Escolha a idéia.

·         Verifique na pasta de sermões idéias que você colecionou. Selecione aquela que parece mais “viva”. (veja n. 15)

·         Ou fixe-se numa “inspiração” recente que pareça oportuna para ser pregada.

·         Faça essa escolha o mais cedo possível na semana, não após terça ao meio-dia, e de preferência até segunda à tarde.

·         Abandonando todas as outras idéias, firme-se na escolhida durante a semana. Não divida sua atenção “namorando” outras  idéias.

·         Escreva a idéia no topo da folha de papel em branco – sua folha de trabalho.

          II.      Comece “meditando” sobre ela.

·         A meditação – “espera criativa” ou “fermentação”. Esta é conhecida e usada por todos os artistas, músicos e escritores criativos para estimular a mente.

·         Usar uma quantidade de períodos curtos de concentração por um longo período de tempo para agitar as capacidades inconscientes para atividade criativa.

·         Separe tempo. Comece cedo na semana, não tão tarde como terça ao meio-dia. Medite no tema cada dia. Meia hora diária é melhor do que quatro horas no final da semana.

·         Medite com uma caneta e papel à mão. Anote imediatamente todos o pensamentos usando palavras e frases chaves. Conserve estas folhas com anotações de  “associação livre” até que o sermão esteja pronto.

·         Deixe o sermão ser o produto de seu próprio pensamento amadurecido. Evite correr para os livros agora. Este não é o tempo para leitura, mas para criar.

·         Quando for o caso, deixe a livre associação sugerir a organização do sermão. Nunca tente forçar a forma muito cedo na semana.

·         Você pode ter vários sermões ao mesmo tempo durante o processo de meditação, preparando-se assim para o futuro.

       III.      Escreva a proposição e continue meditando.

·         A proposição (tese) é o sermão como um todo reduzido a uma sentença.

·         O objetivo da proposição é dar unidade ao sermão excluindo o que é irrelevante e reunindo o que é pertinente.

·         Ela está declarada ou implícita ao final da pregação do sermão. Se for declarada ela pode ser mais vantajosa na introdução. Outros bons momentos são na conclusão e na transição entre os pontos principais.

·         Deve ser escrita por extenso na folha de trabalho, no início da semana. Nunca deve ser omitida na preparação do sermão.

·         Esforce-se para que sua proposição diga exatamente o que seu sermão diz. Torne-a clara.

·         Ela deve ser útil e importante, portanto, mais específica do que geral mas não trivial.

·         Torne-a clara e interessante.

       IV.      Elabore o título e continue meditando.

  • Um bom sermão será melhor se tiver um nome adequado.
  • Evite torná-lo geral demais, técnico, muito óbvio ou sensacional.
  • Torne-o objetivo, claro, interessante e sugestivo.
  • Utilize verbos e símbolos interessantes para obter ação e realismo.
  • Prefira uma frase a uma simples palavra.
  • Declare-o em termos atuais.
  • Elabore-o por meio de tentativa e erro. Escreva as várias opções e escolha a melhor.
          V.      Decida o tipo de desenvolvimento das partes principais do sermão e continue meditando.

  • O plano é o esboço que se encontra na parte principal do corpo do sermão.
  • O propósito desse esboço é dar progressão ou movimento ao pensamento do discurso.
  • A razão para variar os tipos dos esboços de um sermão para outro é proporcionar frescor e vitalidade à mensagem do púlpito por muito tempo.
  • Busque variedade em seus esboços:

1.      Prova. “Isso é verdade porque...” Razões para manter uma determinada posição.

2.      Refutação. Razões para rejeitar uma crença ou posição.

3.      Implicação. “Se....então.” Uma idéia e suas implicações.

4.      Gema. As muitas facetas ou aplicações de uma verdade demonstrada uma após a outra.

5.      Escada. Cada novo ponto se torna a plataforma para ascender ao texto. Exemplo do sermão “Dinheiro” de John Wesley:

I.                   Ganhe tudo que você puder...
II.                Economize tudo o que você puder...
III.             Doe tudo o que você puder...

6.      Antítese. O Caminho Certo e o Caminho Errado.

7.      A busca. A pesquisa do caminho certo através do exame e rejeição de um certo número de opções propostas.

8.      Analogia. Emoldurando todo o sermão em uma ilustração. Ex. A igreja como um navio, com especial atenção para o capitão, a tripulação, a carga, o porto, etc..

9.      Dialético. Tese, antítese, síntese.

10.  Solucionando Problemas. Mova-se de um problema para sua análise e sua solução. (Outras variedades de esboços de partes principais são possíveis. Desenvolva algumas por você mesmo)

       VI.      Esboce o sermão e continue meditando.

  • Organize as parte do sermão tendo em vista uma ordem de importância ascendente.
  • Tente conseguir uma proporção igual de espaço ou tempo dedicada a cada ponto.
  • Teste a unidade dos pontos confrontando-os com a proposição. São todos eles coerentes com este sermão?
  •  Expresse seus pontos principais com estrutura paralela.
  • Procure tornar a declaração dos pontos concreta e fácil de memorizar.
  • Como norma mantenha a quantidade de pontos até cinco no máximo.
  • Ao desenvolver subpontos não trate as ilustrações como pontos. Use um símbolo à parte para elas.
  • Não force para concluir o esboço muito cedo na semana. Normalmente ele vai aparecer por volta da quinta ou sexta-feira.
  • Antes de escrever o sermão tenha o esboço completo.
    VII.      Esboce a conclusão e revise os pontos principais.

  • Ao elaborar a conclusão considere sempre o propósito do seu sermão. O que você espera alcançar?
  • Conclua em tom positivo.
  • Leve o sermão ao seu clímax. Complemente e finalize o sermão.
  • Seja breve – não deve ser mais longa do que a décima parte de todo o sermão.
  • Busque variedade usando diferentes tipos de conclusão, ou combinando-as:
                       1.      Recapitulação e sumário.

2.      Aplicação.

3.      Desafio à ação.

  • Busque variedade através do uso de elementos diferentes: poesia, citações, estórias, interrogações. Evite uma maneira padronizada de concluir todos os sermões.
 VIII.      Esboce a introdução e revise os pontos principais.

  • Relacione todo o seu sermão com as necessidades humanas.
  • Ganhe a atenção e crie interesse, mas assegure-se de ligar esse interesse ao sermão em si. Não conte estórias apenas para entretenimento. Crie interesse não o satisfaça.
  • Esforce-se para ser breve. Torne-a curta.
  • Inicie em um nível a partir do qual você possa progredir, se iniciar do clímax  não haverá espaço para subir, apenas para descer.
  • Não apresente mais do que uma idéia.
  • Trabalhe de forma especial nessa primeira frase da introdução. Torne-a breve e interessante.
  • Inclua ocasionalmente uma declaração de sua proposição (tese) e do ponto principal.
  • Procure variar nos tipos de introdução:

1.      Faça uma declaração de impacto e a amplie.

2.      Inicie com um boa citação.

3.      Questione a validade do assunto.

4.      Desafie uma antiga verdade.

5.      Conte uma história.

6.      Leia um manchete ou uma carta.

7.      Relate uma entrevista.

8.      Faça uma declaração direta do propósito.

9.      Declare o problema.

       IX.      Escolha as ilustrações.

·         Cuide para cada sermão estar provido com ilustrações.

·         As ilustrações são as janelas do sermão, mas não inunde seu sermão com luz em demasia.

·         Torne-as “reais”. Evite estórias mórbidas e sentimentais.

·         Não as copie de livros de ilustrações.

·         Varie os tipos e fontes de ilustrações:

1.      Descrições vívidas.

2.      Metáforas e símiles.

3.      Relatos históricos, incluindo histórias bíblicas.

4.      Fatos atuais.

5.      Parábolas e alegorias.

6.      Anedotas.

7.      Diálogos.

8.      Humor e sarcasmo.

          X.      Redija o sermão todo.

·         Redija apenas após esboçar cuidadosamente.

·         Reserve um período suficientemente longo para escrever todo o sermão sem interrupção. Torne isso um hábito.

·         Nesse ponto não seja crítico do seu estilo. Crie e deixe a crítica para depois.

·         Nunca se satisfaça com o que você escreveu no primeiro rascunho. Vá além para possíveis melhoramentos.

       XI.      Reescreva para melhorar o estilo.

·         Retire palavras desnecessárias. Deixe apenas o que for importante.

·         Verifique quantos adjetivos e advérbios você pode eliminar sem enfraquecer a sentença.

·         Examine cada verbo. Há outro verbo mais exato mais ativo e mais concreto?

·         Use substantivos específicos em lugar daqueles gerais: escolas em lugar de educação, eleição em lugar de democracia, etc.

·         Elimine frases repetidas.

·         Esforce-se por variedade na extensão e no tipo de frase:

1.Declarativa simples. (afirmativa simples)

2.Composta. (Duas afirmativas)

3.Complexa. (mais de duas afirmativas na frase)

4.Imperativa. (ordem)

5.Perguntas.

  • Utilize alguns dos recursos de estilo:

1.      Frases periódicas.

2.      Frases elaboradas.

3.      Perguntas retóricas.

4.      Repetições.
    XII.      Faça um esboço de pregação para o púlpito e reescreva para melhorar o estilo (veja também n º XI).

·        Escreva frases e palavras chaves.

  • Desbaste até o esqueleto. Escreva apenas o que você necessita para auxiliar a lembrar o esboço original.
      ·        Teste se o esboço é adequado pregando-o em sua mente. Faça as revisões necessárias.

  • Se você deseja pregar sem usar anotações, memorize o esboço.Teste sua memória “rodando” todo o sermão em sua mente sem usar anotações.
 XIII.      Leia o manuscrito em voz alta três vezes.

  • Leia o manuscrito em voz alta várias vezes, o mais próximo possível da hora de pregá-lo, preferivelmente no sábado de manhã bem cedo.
  • Leia o manuscrito em voz alta, primeiro para recriar as imagens que estão por trás das palavras. Tente  saborear, cheirar, ouvir, ver e tocar naquilo a respeito do que você está falando.
  • Quando suas palavras são gerais auxilie-as com símbolos imaginativos concretos para elas. Ex.: Para “democracia”  use uma cabine de votação ou o domo do Capitólio.
  • Leia o manuscrito em voz alta a segunda vez para expressar as unidades principais do seu pensamento. Dê especial atenção aos pontos altos e às transições.
  • Leia o manuscrito em voz alta a terceira vez visualizando as pessoas às quais você vai pregar, tentando ao mesmo tempo preservar os propósitos de sua primeira e segunda leitura.
  • Deixe o manuscrito de lado uma hora antes da pregação e não pense nele até pregá-lo. Não leve o manuscrito ao púlpito.
  XIV.      Reconstrua o sermão usando apenas os pontos principais (veja n º XII)

     XV.      Memorize o esboço do sermão (XII).


Tabela B

PREPARAÇÃO DE LONGO ALCANCE PASSO A PASSO

 I – Tenha um programa semanal para estudo.

      1. Estudo da Bíblia.

      2. Leitura de livros.

      3. Pesquisa e redação de projetos especiais.

      4. Periódicos atualizados.

·         Dedique tempo regular para ler a Bíblia.

·         Sempre esteja estudando sistematicamente uma parte da Bíblia – usando comentários e dicionários.

·         Esteja sempre lendo um bom livro. Quando terminar um, comece outro.

·         Leia por áreas, ou seja, leia vários livros de uma área e organize por áreas. Esforce-se por obter alguma competência  em cada área: Teologia, Ética Social, Psicologia Pastoral, Filosofia, Ciências, Literatura, etc.

·         Leia duas revistas atuais ou mais, realmente de boa qualidade.

·         Tenha seu próprio projeto particular de pesquisa e torne-se uma autoridade no assunto.

 
II - Conheça os tipos de sermões

1. Textual. Uma passagem curta da Escritura é usada – Um versículo ou uma parte dele. Todas as divisões do sermão (partes principais) são tiradas do texto.

2. Expositivo. Um parágrafo, capítulo ou livro da Bíblia é usado como texto e todas as divisões ou partes do sermão são extraídos dali.

3. Tópico. O tópico (tema) é desenvolvido como base em si mesmo. Um texto pode ser usado como base ou ênfase mas o texto não é a origem da estrutura do sermão.

III – Tenha uma lista de materiais para estoque (cartões de índice, fichário, diário,  

caderno de folhas removíveis).


IV – Pregue sobre necessidades e problemas humanos específicos que exigem

respostas cristãs.

1. Áreas de pregação

A. Verdades cristãs sobre:

1. Deus.

2. Jesus.

3. O Espírito Santo.

4. Homem.

5. O Mal: a) pecado  b) sofrimento.

6.  Salvação.

7. A igreja.

8. O reino de Deus.

9. Oração.

10. A Bíblia.

11. Imortalidade.

B. Problemas Humanos

1.Dificuldades de personalidade que produz fracasso, inadequação, ansiedade, solidão, preocupação.

2. Ajustamentos na vida e decisões que devem ser feitas: férias, vida cristã, parceiro para a vida.

3. Estresse econômico.

4. Problemas Morais.

5. Injustiça social.

6. Ampliando interesses individuais.

7.Problemas eclesiásticos.

8. Conflitos familiares.

9. Infelicidades.

C. Necessidades humanas

1. Necessidades físicas: Alimentação, repouso, sexo.

2. Necessidades sociais: associação, amor,  solidariedade.

3. Necessidades egoístas: Dominação, autonomia, realizações, aquisições, retenção, conhecimento, atenção, destruição.
V - Reúna déias para sermões.

·         As idéias “surgem” quando você lê, estuda, conversa ou cumpre suas obrigações. Não se esforce para ter idéias. Receba-as.

·         Anote a idéia imediatamente. Não dependa da memória para lembrá-la. Poucas frases são suficientes para indicar a essência da idéia.

·         Arquive idéias escritas em uma pasta especial, fichário ou caderno. Classifique-as por ordem de importância.

·         Dê uma olhada  nessas idéias ocasionalmente adicionando algumas frases se elas ocorrerem. Você pode desejar descartar algumas idéias. Mantenha o arquivo “vivo”.
VI - Reúna ilustrações e citações.

·         Deixe-as surgir por si mesmas de sua leitura e observação.  Uma boa ilustração e citação deve “pedir para ser lembrada”.

·         Tenha sempre um pequeno caderno ou cartões para anotar e registrar a fonte. Não dependa da memória para relembrar.

·         Transfira os cartões ou as notas para algum arquivo permanente.

·         Dê uma olhada geral ocasionalmente para mantê-las familiar. Descarte aquelas que estiverem ultrapassadas.

·         Elabore seu próprio sistema de classificação ou não use nenhum.

·         Anote em cada uma a data em que foi usado no sermão. Não repita por sete anos!

·         Não assine revistas de citações e nem compre livros de ilustrações. Eles são muletas que o enfraquecem.

VII – Tenha uma bibliografia básica sobre pregação.


1.      Bradfod, Charles E. Preaching to the Times. Ministerial Association Resource Center, General Conference.

2.      Stickland, Mike. Heralds of God’s Word. Ministerial Association Resource Center, General Conference.

3.      Bresse, Foyd W. Successful Lay Preaching. Ministerial Association Resource Center, General Conference.

4.      Hunt, Marvin. So You’ve Been Asked to Speak. Ministerial Association Resource Center, General Conference.

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