12/12/2011

O USO DE DRAMATIZAÇÕES NA IGREJA





O Antigo e o Novo Testamento estão permeados de dramatizações simbólicas.


Alberto R. Timm
 White Estate - EUA.


Especialistas na área de comunicação têm afirmado que aprendemos 83% das informações do mundo exterior através da visão; 11% através da audição; e 6% distribuídos entre o tato, o olfato e o paladar.

Isto significa que nos lembramos muito mais daquilo que vemos do que daquilo que meramente ouvimos. Se a visão é tão eficaz no processo da comunicação, deveria a Igreja Adventista do Sétimo Dia valer-se apenas de recursos auditivos na proclamação do “evangelho eterno” (Apoc. 14:6)? Até que ponto poderia esta denominação incorporar recursos visuais e dramatizações em seus serviços religiosos, sem com isso infringir princípios expostos na Bíblia e nos escritos de Ellen White?

A fim de respondermos a estas questões, consideraremos, inicialmente, alguns antecedentes do uso de dramatizações na literatura bíblica e nos escritos da Sra. White. Procuraremos, então, identificar alguns princípios básicos que poderão nos ajudar a estabelecer parâmetros seguros sobre o assunto.
No Antigo Testamento
A liturgia do Antigo Testamento centralizava-se nos rituais simbólicos, primeiro, dos altares patriarcais; depois, do tabernáculo mosaico; e, por último, do templo de Jerusalém. Esses serviços ministrados por sacerdotes (cf. Êxo. 28 e 29; Lev. 8), constituíram uma prefiguração dramática da salvação que haveria de se concretizar através do sacrifício e do sacerdócio de Cristo. Animais representavam a Cristo; a imolação desses animais simbolizava a morte de Cristo; e o sangue deles prefigurava o sangue de

Cristo. Também as festas de Israel eram marcadas por inúmeras dramatizações (ver Êxo. 12:1-27; Lev. 16 e 23). Ellen White denomina todo esse sistema centralizado no santuário de “o evangelho em figura”. [1]



Outro ato religioso dramático do Antigo testamento era a cerimônia da circuncisão. Esse ato foi ordenado por Deus como um símbolo exterior do concerto entre Ele e Seu povo.

Em números 21:4-9, Deus ordenou que Moisés preparassem e levantasse uma “serpente de bronze”, como um símbolo de Cristo. Todos aqueles que olhassem com fé para aquela serpente, viveriam.

Dramatizações são encontradas também nos livros proféticos do Antigo Testamento. O próprio Deus usou recursos pictóricos para descrever realidades sócio-políticas e religiosas nas visões proféticas registradas em tais livros, como Ezequiel, Daniel e Zacarias. Por exemplo, no capítulo 2 do livro de Daniel, a Segunda Vinda de Cristo é representada pela grande pedra que feriu os pés da estátua. Já no capítulo 1 de Oséias, encontramos deuses ordenando que o próprio profeta (Oséias) dramatizasse a apostasia espiritual de Israel, casando-se com uma prostituta.

Portanto, o uso de recursos visuais (incluindo dramatizações) permeava o culto do Antigo testamento. Tais recursos eram parte do serviço do santuário, da cerimônia da circuncisão e dos ensinos proféticos.

Mas o emprego de tais recursos visuais não se limita apenas ao Antigo Testamento.
No Novo Testamento
Os quatro evangelhos apresentam inúmeras ocasiões em que Cristo usou ilustrações vívidas da natureza e da vida diária para ensinar lições espirituais. Ele não apenas se valeu do recurso didático das parábolas, mas até comparou-Se a Si mesmo com tais figuras como a água (João 4:10), o pão (6:41 e 48), a luz (8:12), a porta (10:9), o pastor (10:14) e a videira (15:1-5).
A própria cerimônia do Batismo é uma dramatização simbólica, instituída por Cristo para marcar o início de uma vida de consagração a Deus. Cristo não apenas submeteu-Se a essa cerimônia (Mat. 3:13-17), mas também ordenou que ela fosse ministrada a todos quantos aceitassem o evangelho (28:18-20).


Até mesmo Sua morte dramática sobre a cruz tinha propósitos didáticos. Ellen White declara que “a cruz é uma revelação, aos nossos sentidos embotados, da dor que o pecado, desde o seu início, acarretou ao coração de Deus”. [2] Ela acrescenta que “o Calvário aí está como um monumento de estupenda sacrifício
exigindo para expiar a transgressão da lei divina”. [3]
     

Esse evento dramático ocorreu sobre uma cruz com o objetivo de tocar os “nossos sentidosembotados”.[4] Ele é relembrado simbolicamente através da cerimônia da Santa Ceia (ver Mat. 26 :17-30; João 13:1-20), que é, por sua vez, uma dramatização litúrgica ordenada por Cristo para ser repetida periodicamente por Seus seguidores (cf. João 13:13-17; I Cor. 11:23-26).



À semelhança de alguns livros proféticos do Antigo Testamento, o conteúdo do Apocalipse de João é caracterizado por dramatizações simbólicas, que descrevem pictoricamente o desenvolvimento do plano da salvação no contexto do grande conflito entre as forças do bem e os poderes do mal.

Por conseguinte, o Antigo e o Novo Testamento estão permeados de dramatizações simbólicas. Especialmente o Batismo e a Santa Ceia são dramatizações do plano de salvação, instituídas pelo próprio Cristo como parte da liturgia da igreja.


Nos Escritos de Ellen White [5]

Analisando-se os escritos de Ellen White, percebe-se, por um lado, que ela: (1) endossa reiteradas vezes as dramatizações litúrgicas do Antigo Testamento (o cerimonial do santuário, etc.); (2) enaltece as dramatizações litúrgicas do Novo Testamento (o Batismo, o Lava pés, a Santa Ceia, etc.); (3) engrandece o ritual sacerdotal de Cristo no Céu; (4) não criticou a dramatização a que assistiu na Escola Sabatina de Battle Creek, em 1888 [6], (5) não condenou a encenação do Natal de 1888, em Battle Creek, mas simplesmente expressou sua aprovação aos pontos positivos dos programa e sua desaprovação aos pontos negativos [7], e (6) não condenou o uso das bestas de Daniel e do Apocalipse como ilustrações evangelísticas.


Por outro lado, várias citações de Ellen White desaprovam o uso de qualquer tipo de exibicionismo teatral [8]. Estariam essas citações condenadas indistintamente todo tipo de dramatização? Eu creio que não, pois, se assim fosse, Teríamos que eliminar até mesmo o Batismo e a Santa Ceia de nossas igreja .

 É interessante notarmos que as próprias citações de Ellen White que desaprovam o uso de exibições teatrais, identificam também as características negativas básicas que a levaram a se opor a tais exibições. Dentre essas características destacamos as seguintes: (1) afastam de Deus; (2) levam a perder de vista os interesses eternos; (3) alimentam o orgulho; (4) excitam a paixão; (5) desaprovam o vício; (6) estimulam o sensualismo; e (7) elevam a imaginação. [9]




Na Igreja Adventista

Grupos de dramatização têm participado freqüentemente em vários programas de TV mantidos pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, ao redor do mundo. Elencos especiais de dramatização foram necessários também para a produção de filmes e/ou videocassetes Um em Vinte Mil (EUA), O Grande Conflito (Argentina), Heróis da Fé (Austrália), O Barquinho Azul (Brasil) e muitos outros. Evangelistas adventistas usam em número significativo de filme em suas séries de conferências públicas.


Dramatizações fazem parte ainda da vida da grande maioria dos internatos mantidos pela denominação. Elas são usadas também em nível de igrejas locais, tanto em programas alusivos ao Dia das Mães e Natal, como nos departamentos infantis da Escola Sabatina.


Várias dessas dramatizações têm elevado espiritualmente tanto os apresentadores como os que a ela assistem. Existem, no entanto, aqueles que pensam que os fins justificam os meios e que as boas intenções são o único critério determinante para a aceitação de um determinado programa. Mas se restringíssemos os critérios apenas ao nível das intenções, certamente incorreríamos no grave erro de abrirmos as portas a todo e qualquer tipo de programação “culturalmente” aceitável.
Critérios Básicos


Cuidadosa consideração deve ser dada, não apenas às intenções, mas também à própria natureza do programa, à escolha dos participantes, bem como ao tempo e local adequados tanto para o ensaio quanto para a apresentação da cena.


As dramatizações devem: (1) evitar o elemento jocoso e vulgar; (2) evitar o uso de fantoches (animais e árvores que falam, etc.); (3) ser bíblica e historicamente legais aos fatos, como estes realmente ocorrem; e acima de tudo, (4) exaltar a Deus e a Sua palavra (e não os apresentadores da programação).

Já os apresentadores devem ser pessoas cuja vida espiritual e conduta estejam em plena conformidade com os princípios adventistas, e que estejam dispostos a acatar as orientações da liderança da congregação local e das organizações superiores da denominação. Prudente seria que todos os participantes de um elenco de dramatização fossem escolhidos com base nas diretrizes sugeridas pelo Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia para a seleção dos "membros do coro da igreja". [10]

A liderança da igreja, por sua vez, é responsável por prover orientações adequadas aos apresentadores das dramatizações. A ela compete exercer uma função equilibradora, para que as programações sejam um meio (e não um fim) de melhor glorificar a Deus e de mais efetivamente comunicar o evangelho ao mundo. Jamais deve permitir que dramatizações venham obliterar a centralidade da pregação da palavra na liturgia adventista.



Portanto, dramatizações permeiam liturgia tanto no Antigo como no novo Testamento, Ellen White, por sua vez, não condena todo o tipo de dramatização, mas apenas as exibições teatrais que afastam de Deus, levam a perder de vista os interesses eternos, alimentam o orgulho, excitam a paixão, glorificam o vício, estimulam o sensualismo e depravam a imaginação.

Se alegarmos que toda e qualquer dramatização é inapropriada, teremos conseqüentemente, de suspender: (1) o uso de filmes, que são o produto de dramatizações; (2) a maior parte das programações dos departamentos infantis na Escola Sabatina (colocar coroas na cabeça das crianças, cenas do céu, etc.); (3) todas as “cantatas” e grande parte das apresentações musicais de nossas igrejas; e, até mesmo
(4) a celebração das cerimônias do Batismo e da Santa Ceia.

Por outro lado, devemos ser cuidadosos tanto na avaliação da natureza do programa, como na escolha dos apresentadores e do tempo e do local dos ensaios e da apresentação. O uso adequado de dramatizações implica não meramente agirmos em conformidade como nossa própria consciência (sendo ela santificada), mas também com base nos princípios bíblicos e dos escritos de Ellen White. Toda cena deve glorificar a Deus e não aos apresentadores.


Referências:
1 . Fundamentos da Educação Cristã, pág. 238.
2. Educação, pág. 263
3. Caminho a Cristo, pág. 33.
4. Educação, pág. 263
5. Para um estudo mais detido das declarações de EllenWhite sobre dramatizações, ver Arthur L.White,  “Representações Dramáticas em Instituições Adventistas” (documento disponível no Centro de Pesquisas Ellen White, Instituto Adventista de Ensino – Campus Central, Engenheiro Coelho, SP). Tais declarações podem ser mais bem compreendidas através da leitura do artigo intitulado “Divertindo as Massas”, de Benjamim McArthur, em: Gary Land, ed. , The World of Ellen G. White (Washington, DC: Review and Herald, 1987), págs. 177-191.
 6. A. L. White, “Representações Dramáticas em Instituições Adventistas”, pág. 1.
7. Idem, págs. 5 e 6.
8. As principais citações de Ellen White nas quais ela expressa sua desaprovação ao uso de exibições teatrais,
encontram-se no livro  Evangelismo, pág. 136-1409. Ver A. L.White, “Representações Dramáticas em Instituições Adventistas”.
10. Ver Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia, 8ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1992), pág. 111.



A Presença de Assistentes Literários nos Escritos de Ellen G. White


Pelo Pr. Marcelo Devai Martins


Introdução
Visando um melhor preparo de seus escritos, Ellen White usou de assistentes, ou secretários, na edição de seus livros e artigos. Durante toda a historia pessoas de vários lugares e origens, reivindicam a autenticidade dos mesmos por acreditarem que tal atitude desvalia a escrita, outros crêem que os assistentes modificaram os escritos. Entre os livros da bíblia também são encontrados exemplos de assistentes, literários ou pessoais, que tiveram um papel especial na organização do que é hoje as Escrituras Sagradas.
Portanto, por meio deste artigo procurar-se-á auxiliar na compreensão do uso de assistentes por Ellen White, comprovar sua importância para a escritora quanto para seus escritos.
Será apresentado uma relação da presença de assistentes nas Escrituras como um meio de auxilio a pregação do evangelho sendo que, principalmente na bíblia, diversos assistentes tiveram , alem do apoio a personagens, a tarefa de propagar as suas mensagens após sua morte.
   
Assistentes na Bíblia
Diversas são as citações e referencias bíblicas ao uso de assistentes, vários profetas utilizaram de tal artifício para a boa condução de seu ministério. O próprio Jesus, escolheu "doze discípulos" que Dele aprenderam seus ensinos para que após sua morte, viessem a praticar tudo o que lhes ensinara.

Antigo Testamento

O profeta Jeremias explicou a maneira como utilizava Baruque como seu assistente de redação. "Então Jeremias chamou a Baruque, filho de Neemias, e escreveu Baruque, no rolo dum livro, enquanto Jeremias lhas ditava, todas as palavras que o Senhor lhe havia falado". Jr. 36 verso 4. Nos versos 17 e 18 do mesmo capitulo, foi registrado um dialogo entre os oficiais do rei e Baruque onde ele afirma que o profeta ditava-lhe " pessoalmente todas as palavras" e ele as escrevia.
Outro exemplo bíblico é o do profeta Eliseu que serviu a Elias como um criado, mas que após a morte do profeta, passou a substituí-lo.

Não foi grande a obra de início requerida de Eliseu; deveres comuns ainda constituíam sua disciplina. É dito dele que derramava água nas mãos de Elias, seu mestre. Ele estava disposto a fazer o que fosse que o Senhor ordenasse, e a cada passo aprendia lições de humildade e serviço. Como assistente pessoal do profeta, ele continuou a provar-se fiel nas pequenas coisas, enquanto com diário fortalecimento de propósito devotava-se à missão apontada por Deus . [1]

Novo Testamento

Os discípulos foram selecionados por Jesus para aprenderem com ele e após sua morte compartilhariam o que aprenderam com os demais. Mateus, Marcos, Lucas e João foram os que compartilharam, de forma especial, na preparação escrita de Sua historia para as nações a por vir. [2]

"A vocação de Mateus para ser um dos discípulos de Cristo, despertou grande indignação. Que um mestre de religião escolhesse um publicano como um de seus imediatos assistentes, era uma ofensa contra os costumes religiosos, sociais e nacionais. Procurando estimular os preconceitos do povo, os fariseus esperavam voltar a corrente dos sentimentos populares contra Jesus". [3]

O apostolo Paulo precisou da ajuda de assistentes enquanto estava em Roma, entre eles havia muitos de seus anteriores companheiros. Lucas, "o médico amado" (Cl. 4:14), que o tinha assistido em sua viagem a Jerusalém, durante os dois anos de sua prisão em Cesaréia, e em sua perigosa viagem a Roma, com ele. Timóteo também ministrava para o seu conforto. Tíquico, um "irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor" (Cl. 4:7), permaneceu firme ao lado do apóstolo. Demas e Marcos também estavam com ele. Aristarco e Epafras eram seus companheiros de prisão. Cl. 4:7-14. [4]

A segunda carta de Pedro difere tanto da segunda que alguns críticos sugeriram ser uma fraude. A intriga é em razão de a primeira carta ter sido escrita em grego elegante, sinal de que foi escrita por um assistente, talvez tenha sido Silvano I Pd. 5:12, pois a linguagem materno de Pedro era o aramaico.


Pedro podia muito bem ter ele mesmo escrito um livro em grego (II Pd ?) e expresso seu pensamento em aramaico a um assistente que tivesse mais experiência de redigir em grego (I Pd). Esse assistente podia então ter registrado as idéias de Pedro em seu estilo, efetuando depois as alterações sugeridas por Pedro. [5]
Allan McRae observou: "Não podemos descartar a idéia de que um escritor possa, ocasionalmente, haver transmitido a um assistente a idéia geral do que ele queria, dizendo-lhe para colocar isso na forma escrita". [6]

Os livros do Evangelho de João e Apocalipse possuem estilos literários dessemelhantes. O livro de Apocalipse foi construído numa estrutura grego "frouxa", [7] enquanto o Evangelho de João se conforma aos padrões literários clássicos.

O Comentário Bíblico Adventista crê ser aceitável a diferença lingüística entre Apocalipse, que teria sido escrito em Patmos por João, e o Evangelho, escrito com a assistência de um ou mais correligionários em Éfeso. [8]

Assistentes de Ellen White
Os auxiliares foram de fundamental importância para Ellen White, a quantidade complixibilidade do assuntos por ela abordados exigiu cuidados especiais na organização das idéias e na compilação de seus artigos.
À medida que a obra aumentou, outros me auxiliaram no preparo da matéria para publicação. Depois da morte de meu marido, juntaram-se a mim fiéis auxiliares, que trabalharam infatigavelmente em copiar os testemunhos e preparar os artigos para serem publicados. [9]
    Tiago White foi o primeiro a auxiliá-la desempenhando o papel de "ajudador e conselheiro". [10] Sua função ia alem de simples conselheiro chegando a corrigir os erros gramaticais e a eliminação das repetições desnecessárias. [11]

Em determinado momento em que seu esposo estava doente, não podendo ajudá-la, Ellen White negou-se a escrever suas cartas alegando falta de capacidade.

Meu marido está muito fraco para ajudar-me a prepará-los para o prelo, portanto não lidarei mais com eles no presente. ... Não posso preparar meus próprios escritos para o prelo. Não escreverei mais até que possa fazer isso. Não é meu dever sobrecarregar a outros com os meus manuscritos. [12]
    


O filho de Ellen White, William (Guilherme), esteve intimamente ligado a ela na produção de seus livros depois de 1881, o ano em que faleceu Tiago White. Em diversas ocasiões ele escreveu algo de seu profundo conhecimento da obra de sua mãe na produção de livros. [13]


E primeira estância, A Sr. Ellen White recebeu o apoio da sua sobrinha, em 1876, e a partir de 1879 de Mariana Davis. Ellen White enviou uma carta a ela no dia 22 de agosto de 1875, sendo que quatro anos após, em 1879 a Srta. Mariana Davis, se uniu ao corpo de obreiros da Sra. White e com ela se associou na obra na América do Norte, Europa e Austrália por vinte e cinco anos, contraiu tuberculose em 1903, e pouco mais de um ano depois encerrou a obra de sua vida.

A Srta. Davis era uma assistente literária muito fiel e de confiança, muito amada pela Sra. White que sempre lhe demonstrou preocupação e afeto. Houve um fato na juventude de Mariana em que foi preciso ser advertida por Ellen, ela estava se envolvendo com um jovem que não aceitava a Jesus. [14]

Ellen amava tanto sua assistente que ao Mariana contrair tuberculose, vendo seu triste caso, exclamou "Enquanto tu e eu vivermos, meu lar será o teu lar". [15] Ela afirma que a doença é por "dedicação ao trabalho, Ela sente a intensidade dele como sendo uma realidade, e nós duas assumimos o encargo de fazer com que cada parágrafo estivesse em seu devido lugar e cumprisse a parte que lhe corresponde." [16]

Ela foi a principal obreira na organização dos assuntos de seus livros. Sempre prezou os escritos como algo "sagrado colocado em suas mãos, e muitas vezes relatava que conforto e bênção recebia na realização desse trabalho". [17] Podeis compreender, portanto, que Mariana constitui valiosíssimo auxílio para ela na publicação de seus livros. Sua preocupação e esforço demonstravam a atuação do
Espírito Santo em sua vida. Sua função era de grande responsabilidade, mantinha-se atenta e perseverante a cada desafio a frente.

Houve Mudança por parte dos assistentes?


Mariana Davis não modificou qualquer parte dos escritos que tenha comprometido a sua idéia. Ela é chamada de "minha compiladora de livros" por Ellen White, "Os livros não são produções de Mariana, porém minhas, tirados de todos os meus escritos". [18]

Vários comentaristas defendem a idéia de que tais assistentes tenham modificado algum escrito, mas estas afirmações não passam de especulações as quais a própria autora contexta.

As notícias que têm circulado, porém, de que qualquer de minhas auxiliares tenha permissão de acrescentar matéria ou mudar o sentido das mensagens que escrevo, não são reais. [19] Vistes as minhas copistas. Elas não modificam minha linguagem. Ela permanece assim como escrevo. [20]


Ellen White afirma ler do princípio ao fim tudo que é copiado, para ter certeza de que tudo esteja como deve estar. "Leio todos os originais dos livros antes de serem enviados para o prelo." [21]

Certa ocasião quando Ellen White estava doente, ela resumiu seus pensamentos Mariana Davis e esta os escreveu em uma carta a Urias Smith e George tenny. A Sr. White assinou a carta. [22]


Conclusão


As obra de Ellen White estão no campo desde 1845. Desde então, sempre tem labutado com a pena e a voz. Através de seus escritos tem levado pessoas a compreenderem e a amarem mais a Jesus. Para que sua mensagem alcançassem a todos, precisou do auxilio de assistentes que foram iluminados por Deus a compilarem e organizarem os seus escritos. Como visto, tal ato não vai de encontro com as Sagradas Escrituras pois a própria bíblia usou de tal artifício.

Por meio deste trabalho procurou-se apresentar os dizeres de Ellen White quando foi interrogada sobre a presença de assistentes na produção de seus escritos. Expressar a normalidade em possuir secretários, ao ponto de definir-se ter sido da vontade de Deus que isso se concretiza-se para o aperfeiçoamento da proclamação de sua breve vinda.




[1] WHITE, Profetas e Reis, 222p.

[2] Na oração de Jesus relatada no capitulo 17 do livro de João, aparece o pedido a Deus Pai para que seus discípulos e por “aqueles que crerão por intermédio deles” venham a ter a forca necessária para vencer, verso 20.

[3] WHITE, Desejado de Todas as Nações, 273.

[4] WHITE, Atos Apóstolos 454.

[5] “The Ups and Downs of Higher Cristicism”, revista Cristianty Today, 10 de Outobro de 1980. 34p.

[6] DOUGLASS, Herbert, Mensageira do Senhor, 2001, 15p.

[7] “Estrutura sintética em que a oração principal vem primeiro, fazendo o pensamento se completar antes do fim, sem circuito de palavras”. Mensageira do Senhor, 541p.

[8] SDABC, 7 vol. 720p.

[9] WHITE, Mensagens Escolhidas (ME), 3 vol., 89.

[10] Carta 225, 1906.

[11] ME 3 vol., 89

[12] Manuscrito 3, 1873., Diário, 10 de janeiro de 1873.

[13] Depositários do Patrimônio Literário White, ME, 3 vol., 88 p.

[14] Ele não possui postura crista, ela acrescenta que ele vivia “ zombando da igreja e das coisas sagradas”. apesar de sua família ser adventista. Carta as Jovens Namorados, 52p. A repreensão esta relatada na carta a ela enviada no dia 22 de Outubro de 1875- a carta é comentada no segundo parágrafo.

[15] Ellen estava em viagem e escreveu a sua assistente no dia 24 de agosto de 1904 expressando sua angustia em fazer grandes viagens e de saber que sua ‘amiga’ estava doença. ME, 2 vol., 251p.

[16] Manuscrito 95, 1904, ME 3 vol., 93p.

[17] Manuscrito 146, 1904.

[18] “Ela realiza seu trabalho desta maneira: Toma meus artigos que são publicados nas revistas e cola-os em livros em branco. Também possui uma cópia de todas as cartas que escrevo. Ao preparar um capítulo para um livro, Mariana se lembra de que eu escrevi alguma coisa sobre esse ponto especial, que talvez torne o assunto mais convincente. Ela começa a procurá-lo, e se, ao encontrá-lo, percebe que isso tornará o capítulo mais claro, acrescenta-o a ele.” ME, 3 vol., 91p.

[19] Carta 225, 1906, publicada em 1913 em Writing and Sending Out of the Testimonies for the Church, pág. 4.

[20] ME, 3 vol., 90p.

[21] Carta 133, 1902.publicada no livro ME., 3 vol., 91p.

[22] Carta 96, 1896, de Junho de 1896.

23/11/2011

DISCÍPULO OU SEGUIDOR?


Estudo preparado por meu amigo - Pr. Emerson Nunes, secretário da Associação Costa-Norte


OBJETIVO – Apresentar o que é ser um discípulo e convidar os presentes a serem discípulos de Cristo, o que vai muito além do que ser simplesmente membro da igreja.

Introdução:

            Mateus 28:18-20 registra a grande comissão deixada por Cristo aos discípulos.  

            O coração da grande comissão era o “...fazei discípulos..”.  Batizar e ensinar fazia parte da missão, mas, não era o objetivo final da grande comissão.  O propósito final era FAZER DISCÍPULOS.
            O produto final não era um mero converso, nem muito menos um convencido, mas um discípulo.
            Na verdade a grande comissão era como um mecanismo cíclico em que a vida de Jesus seria reproduzida na vida de seus discípulos, que seria reproduzida na vida de outros discípulos e assim por diante.
            Para Walter A. Henrichsen, especialista em crescimento de igrejas, “discípulo é alguém que determina o que é certo em cada área de sua vida, de acordo com a bíblia, e vive isto consistentemente, ao invés de permitir que as circunstâncias norteiem sua conduta.”
            Um discípulo é muito mais que um seguidor, pois, ele se compromete enquanto que o último só vai com Cristo até onde as circunstâncias permitem.
            Falando das diferenças entre um discípulo e um seguidor, Bill Hull diz: “...O cristão superficial deseja ter todos os benefícios da vida cristã vitoriosa sem compromisso...”.  O que diferencia os dois é o comprometimento do discípulo de obedecer a Deus independentemente das circunstancias, sentimentos, ou outras pressões.
            Os doze sabiam muito bem do que se tratava a missão a eles confiada, pois, já haviam visto muitos irem e virem a Jesus, e deixarem o caminho ao primeiro sinal de desconforto.  A missão deles não era atrair seguidores interessados apenas, mas, fazê-los tornarem-se o que eles mesmos eram: DISCÍPULOS.

            NA VISÃO DE CRISTO O QUE É SER UM DISCÍPULO?                  

I - É estar disposto  a negar-se, tomar sua cruz diariamente, e segui-lo (Lucas 9:23-25)

É desconsiderar gostos pessoais, se isso está confrontando com as claras orientações de Deus.  Não devemos ser guiados pelos gostos ou sentimentos, mas pela Palavra de Deus.
           O maior exemplo é o próprio Jesus.  Na noite anterior a sua morte, ele suou gostas de sangue de agonia por pensar no que estava para enfrentar.  Ele não queria morrer, e muito menos carregar um fardo tão pesado.  Pelo seu gosto Ele não queria ser crucificado e sentir a separação do Pai, mas, disse: “...não seja como eu quero, mas, como Tu queres.”.
Para Jesus mais importava fazer a vontade do Pai do que até mesmo viver.  Assim também o é para o discípulo.

II - É colocar Cristo antes de si, família, e possessões (Lucas 14:25-27 e 33)

Duas atitudes opostas nos apresentam o seguidor e o discípulo:

Na primeira, a irmã Maria em Natal/RN, uma mãe de família de aproximadamente 60 anos, ao conhecer através do estudo bíblico  os mandamentos de Deus, tomou a decisão de obedecer.  Logo comunicou a sua patroa que a partir daquele dia não mais trabalharia no sábado, por se tratar de um dos dez mandamentos de Deus.  Sua patroa não tendo consciência de sua determinação disse: -- ah, não vai dar para te liberar no sábado.  Mas, Maria insistiu: -- Eu estou lhe informando que a partir de hoje não trabalharei mais no sábado.  Se der pra senhora bem, mas se não, muito obrigada pela oportunidade que até aqui a senhora me concedeu.  Quando ela me contou já fazia dez anos que isso havia acontecido, e concluiu: -- Até aqui o Senhor me tem sustentado e sou feliz.

Na segunda, uma jovem da igreja me disse: -- Ah pastor, estou precisando terminar a faculdade de pedagogia e onde estou estudando as aulas só são no sábado e por isso não estou em condições de por enquanto obedecer a Deus.  Mas acho que essa faculdade foi a resposta do próprio Senhor às minhas orações.  O senhor não acha?  Falei com carinho, mas com muita clareza que com certeza Deus não poderia aprovar aquilo que ele já havia claramente desaprovado na bíblia.  Os três amigos de Daniel não estavam para perder uma faculdade ou um emprego quando foram lançados na fornalha ardente, mas, a própria vida deles estava em jogo diante daquela situação que o Céu requeria fidelidade aos mandamentos de Deus por parte deles.
            Qual das duas pessoas acima citadas teve atitude de discípulo?
         
III - É ter dedicação pela Palavra de Cristo (João 8:31 e 32)

A leitura diária da palavra de Deus é algo indispensável na vida do  discípulo de Cristo.  Muitos têm nos sermões da igreja sua única dose semanal de alimento espiritual, mas, não deve ser assim.  O verdadeiro discípulo alimenta-se às colheradas por si mesmo, e não apenas para obter conhecimento, mas para ser orientado no caminho.
            Dwight Moody afirmou que a Palavra de Deus não foi dada com o propósito de aumentar nosso conhecimento, e sim de guiar nossos passos.

IV - É dedicado ao evangelismo pessoal (Mateus 9:36-38)

            Citações de Ellen White em DTN, pp. 482, 483 e 485. (edição econômica):

            “ ...Seja qual for a vocação de uma pessoa na vida, seu primeiro interesse deve ser ganhar almas para Cristo.  Talvez ela não seja capaz de falar às congregações; pode no entanto, trabalhar em favor dos indivíduos... O ministério não consiste apenas em pregar.  Exercem-no os que aliviam os doentes e os sofredores, ajudam os necessitados, dirigem palavras de conforto aos desanimados e aos de pouca fé.  Por perto e por longe encontram-se almas vergadas ao peso de um sentimento de culpa...”
            “...Cumpre, assim, a cada um dos obreiros de Cristo começar onde está.  Em nossa própria família pode haver almas sequiosas de simpatia, famintas do pão da vida...”

            É justamente no cumprimento dessa tarefa que recebemos a promessa de Sua presença.
            Ellen White ainda comenta que os próprios anjos pasmam ante a estranha indiferença humana quanto ao amor de Deus, e o próprio céu se indigna ante a negligência manifestada para com as almas humanas.
            “...Os sofrimentos de cada homem são os sofrimentos de um filho de Deus, e os que não estendem a mão em socorro de seus semelhantes quase a perecer, provocam-lhe a justa ira.  Esta é a ira do Cordeiro.  Aos que professam ser companheiros de Cristo, e todavia se têm mostrado indiferentes às necessidades dos semelhantes, declarará Ele no grande dia do Juízo: ‘Não sei de onde vós sois; apartai-vos de Mim, vós todos os que praticais a iniqüidade.’.”

 V - É amar os outros como Jesus ama (João 13:34-35)

Se ama as pessoas respeitando suas opiniões e interresses, auxiliando-as em suas dificuldades, sendo bondosos e corteses com elas, pregando-lhes o evangelho, etc.

VI - É o que permanece em Cristo, obedece, e dá fruto (João 15:7-10)

Billy Graham disse:  “A decisão é cinco por cento; o seguimento a esta decisão é noventa e cinco por cento”.
Ainda tratando desse aspecto, é importante lembrar o que a bíblia diz em vários lugares que Deus se agrada mais da obediência do que dos sacrifícios.  Deus “... não requeria que fossem espertos, mas tinham de ser leais.”  E essa obediência, tornou-se sinal distintivo dos discípulos.
          
Conclusão

            Que motivação poderíamos encontrar para assumir tal compromisso?

            O Marcos, aquele astronauta brasileiro que fez a viajem ao espaço disse que quanto mais ele se afastava da terra e contemplava sua pequenez mais ainda ele se sentia minúsculo.  Uma tremenda sensação de grão de areia, diante de um universo tão vasto.  Pois bem, o Criador de todos esses mundos, tem por você uma tremenda consideração, um inexplicável amor, e não encontrando outra forma de expressá-lo, veio a esse mundo para dar Sua própria vida em teu favor.  Isso te motiva?  Se não, o Céu não sabe mais o que fazer.

DEUS QUER USAR SUA FAMÍLIA



Ele, pois, começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áquila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus. Atos 18:26   


Um fato bem conhecido é que o nosso maior inimigo somos nós mesmos; nossos medos, preconceitos, baixa autoestima, nossa suposta incapacidade diante dos desafios da vida. E isso também está associado à nossa vida religiosa – recebemos orientações, somos desafiados e motivados à ação missionária, MAS, o temor do fracasso, de sermos ridicularizados, do desconhecido, o sentir-se diminuídos diante dos outros neutraliza nossa vontade de agir, de ir avante e... FICAMOS PARADOS.

No texto de hoje podemos observar uma família que era cooperadora de Paulo (Rom. 16:3), já o hospedara e tinham o mesmo ofício – fazer tendas (At. 18:2,3). Esse casal amava a Cristo e desejava sempre pregar a palavra de Deus, tanto que com o tempo eles tiveram uma igreja em sua casa (I Co. 16:19).

Eles poderiam sentir-se diminuídos diante da erudição de Apolo ao escutarem-no e mesmo diante da convicção do Espírito para ensinar a verdade mais claramente aquele homem conversar um com o outro mais ou menos assim:

- Ele não sabe toda a verdade.

 - É, mas quem vai ensinar a ele? Nós? Humildes fazedores de tenda? O homem é letrado e entendido.

  - Hum, Deus vai levantar alguém que mostre toda a verdade a ele! – é sim, vamos embora.

Graças a Deus não foi isto que aconteceu! Ellen White diz que por causa do ensino desta família Apolo “tornou-se um dos mais hábeis defensores da Igreja Cristã”, eles não se intimidaram com a eloquência e entendimento bíblico que ele tinha, mas, continua White “um consumado erudito e brilhante orador aprendeu mais perfeitamente o caminho do Senhor através dos ensinamentos de uma mulher e um homem cristãos, cujo humilde emprego era o de fazer tendas.” (Ellen White, Paulo – o apóstolo da fé e da coragem, Certeza Editorial, 2005, pp. 125 e 126).

Querido (a) irmão (ã), o Senhor Deus, O Eterno, quer usar sua família na grande obra de salvação dos perdidos, não importa o seu nível cultural, intelectual ou financeiro, as suas habilidades, se vocês sabem ler ou não, se vocês tem deficiência ou  não, nada disso é empecilho para Deus usar você e sua família para advertir o mundo da grande crise que se aproxima.

O mundo foi beneficiado através daquela família missionária e a mesma coisa Deus deseja ver hoje - famílias que se disponham a trabalhar para ele. Você quer que sua família seja assim? Então vãos orar juntos:

Pai do céu, obrigado por eu conhecer a verdade. Senhor, que minha família conheça e aceite Jesus e assim, juntos, nós vamos anunciar ao mundo que Deus é amor.

10/09/2011

O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO E O DOM DE LÍNGUAS


  
Material preparado pelos pastores: YURE GARCIA; HERBERT CLEBER e RAIMUNDO NONATO


Introdução

De todos os dons espirituais registrados nas Sagradas Escrituras, o Dom de Línguas tem sido um dos mais estudados e debatidos ao longo dos séculos. Tanto no contexto acadêmico como no âmbito da igreja local, este assunto sempre é alvo de polêmica, principalmente entre a comunidade laica cristã. De forma geral, há um consenso com relação à existência e validade deste dom ainda em nossos dias. Contudo, o cerne da discussão reside em basicamente duas problemáticas hermenêuticas: 1) como este dom se manifesta na vida dos crentes; e 2) se a manifestação deste dom deve ser considerada pelos cristãos como o sinal evidente e necessário do batismo no Espírito Santo 
Os movimentos conhecidos pelos nomes de Renovação ou Reavivamento Carismático, Pentecostalismo, Nova Penetração ou ainda Movimento Moderno de Línguas, são os principais grupos que advogam o suposto falar em “línguas estranhas” como estando associado inseparavelmente ao batismo do Espírito Santo. Esta doutrina tem arrebanhado muitos simpatizantes no catolicismo romano, nas denominações protestantes históricas, inclusive infiltrando-se sorrateiramente no seio da própria Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD).
O texto de 1 Coríntios capítulos 12-14 é de extrema relevância para que se realize um estudo exegético coerente e elucidativo do assunto em pauta. O presente trabalho tem como objetivo central, esclarecer a posição bíblica sobre o verdadeiro dom de línguas, a sua função prática na igreja contemporânea e sua pseudo-relação com o batismo do Espírito Santo. Esta breve monografia fará uso de léxicos, concordâncias, comentários bíblicos, fontes virtuais e outras obras de cunho teológico amplamente aceitas pela academia em geral.
Perícope
A perícope em que a porção escriturística analisada está inserida começa no verso um do capítulo 12 da primeira epístola aos coríntios com as seguintes palavras introduzindo o assunto: “Irmãos, quanto aos dons espirituais, não quero que vocês sejam ignorantes”, denotando o início de uma nova porção. O fim da perícope é encontrado no verso quarenta do capítulo 14, pois o verso posterior (1Co 15:1), Paulo escreve: “Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei...” introduzindo assim um novo assunto, demonstrando claramente que uma nova perícope teve início. 
O Que é o Dom de Variedade de Línguas
Segundo o conceito bíblico, o verdadeiro "Dom de Línguas", (ou glossolália) é a faculdade sobrenatural de falar em línguas estrangeiras sem tê-las aprendido previamente (I Co 14:11, 21). Consiste, portanto, em se expressar em formas definidas de linguagem peculiares a povos e nações deste mundo.
Ao contrário, os adeptos dos movimentos já citados anteriormente, pretendem que o dom de línguas consiste no balbuciar desconexo de uma espécie de palavras e sons incoerentes e sem sentido, proferidas em estado de êxtase espiritual, como se fossem línguas estranhas, misteriosas e completamente desconhecidas pelos homens, somente inteligíveis, segundo eles, por quem esteja carismaticamente preparado para sua interpretação. Partindo de falsos conceitos da doutrina bíblica sobre o assunto, os seus adeptos, incitam os crentes a procurarem essa experiência por todos os meios. Em conseqüência, as reuniões que promovem geralmente são caracterizadas por um aparente e ruidoso fervor espiritual, motivados pelo desejo de participarem de novas e excitantes experiências religiosas.
Localização do Texto e Análise das Versões
O assunto geral dos dons espirituais é mencionado pela primeira vez pelo apóstolo Paulo em Romanos 12, mas é discutido em maiores detalhes em 1 Coríntios 14. Um grande número de cristãos hoje desconhecem as razões específicas para Paulo escrever à igreja dos coríntios.
Convém observar que em certas edições da Bíblia na versão Almeida, consta a expressão imprópria “língua estranha”, por infeliz inserção do adjetivo "estranhas" feita pelos tradutores. Nota-se, porém que esta palavra está impressa em tipo diferente (itálico), para significar que ela não se acha no texto grego original. Em edições mais recentes, da mesma versão, esta palavra foi suprimida, sendo a expressão corrigida para "outras línguas". Consultem At 2:1-13; I Co 12:10, 28; 14:6-11, 18, 21.
Contexto Histórico, Político, Cultural
Para uma compreensão adequada dos textos em análise, faz-se necessário um estudo do seu contexto imediato (específico) e geral. Somente com este background, tornar-se-á possível a solução das principais dificuldades hermenêuticas das passagens pesquisadas.
Corinto era a capital da província romana da Acaia (Grécia), e tornou-se um dos maiores centros comerciais do Mediterrâneo, especialmente pelas condições de seu porto. Era uma cidade que se destacava também pela sua cultura cosmopolita, abrigando pessoas de culturas e tradições religiosas variadas. Um exemplo disto é o templo de Afrodite, a deusa da sensualidade.
Corinto era, sem dúvida, a igreja mais carnal mencionada na Palavra de Deus e precisou de pelo menos duas epístolas (alguns eruditos dizem que teriam sido três) de Paulo para corrigir seus erros! Mas, a despeito da sua carnalidade e abusos, o Espírito Santo tinha abençoado aqueles irmãos em uma tal medida que Paulo disse, "de maneira que nenhum dom vos falta." [1 Co 1:7]. Em outras palavras, eles tinham tantos dons quanto qualquer outra igreja daqueles dias. E, ao estudarmos atentamente o que Paulo teve a lhes dizer, torna-se prontamente aparente que muitos eram culpados de terem usado de forma inapropriada seus dons específicos - especialmente o dom das línguas. O fato da carnalidade deles é firmemente estabelecido no capítulo 3, em que lemos:
"E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis,nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?" [1 Co 3:1-3]

Portanto, vemos que toda essa epístola foi necessária devido aos excessos carnais por parte da igreja dos coríntios e é "leite" espiritual, em vez de "carne", ou alimento sólido.
No capítulo 12, Paulo começa a expor o assunto dos dons espirituais e, nessa exposição, enfatiza repetidamente (pois as crianças precisam da repetição para aprender de forma adequada) que o maior de todos os dons é a capacidade dada pelo Espírito Santo para a pregação da Palavra (capítulo 14, verso 5 - a ser discutido em detalhes posteriormente). Então, começando no verso 7 do capítulo 12, ele relaciona os dons em termos gerais e cada vez que faz isso, é sempre na ordem decrescente de sua importância relativa. Portanto, vamos começar com o verso 6 para colocar tudo em seu devido contexto:
"E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer." [1 Co 12:6-11]

Em seguida, Paulo reitera esse mesmo tema a partir do verso 28:
"E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos doutores? são todos operadores de milagres? Têm todos o dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam todos? Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente." [1 Co 12:28-31]

Observe que Paulo novamente relaciona esses dons na ordem decrescente de importância, com o verso 31 dizendo claramente que alguns são maiores ou melhores do que outros - com as línguas e sua interpretação sempre citadas no fim. E, no verso 30 ele faz perguntas com relação ao fato se todos na igreja possuíam esses dons - e a construção gramatical no original em grego sugere a resposta negativa em todos os casos. Portanto, aqueles que insistem que todos os crentes precisam exibir o dom das línguas como prova de sua salvação estão redondamente enganados!
A coisa interessante sobre o dom das línguas era que muito freqüentemente, a pessoa que exercia esse dom não compreendia o que estava dizendo! É por isso que Paulo lhes disse para buscarem o dom da interpretação (14:13; citado anteriormente). A palavra "língua" ou "línguas" é no grego glossa (o significado exato é incerto, mas provavelmente refere-se à língua física) e indiretamente refere-se às línguas, como algumas vezes usamos hoje (por exemplo, dizemos: "O português é nossa língua materna"). Isso fica fortemente inferido pelo que encontramos em Atos 2, quando falar em línguas estranhas começou no dia de Pentecostes. Judeus provenientes de muitos países diferentes estavam em Jerusalém por ocasião da festa, e quando Pedro e os outros, sob o controle do Espírito Santos, começaram a pregar para eles em sua própria língua nativa, lemos o seguinte:
"E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?" [Atos 2:7-8]

Portanto, a partir disso, é bem claro que o dom das línguas envolvia a pregação sobrenatural em idioma estrangeiro.
No entanto, muita confusão tem aparecido a respeito dos comentários em 1 Co 14:2 e 14:4 sobre aqueles que falam em línguas não falarem aos homens, mas a Deus - que o dom edifica aquele que o exerce (verso 4) - como se esse dom fosse limitado a algum tipo de êxtase celestial durante a oração do indivíduo a Deus. Uma limitação, ou dualidade de significado, simplesmente não pode ser o caso, pois a mesma palavra grega glossa é usada tanto em Atos 2 quanto em 1 Coríntios. E, como a narrativa em Atos nos diz sem qualquer dúvida que os judeus estrangeiros compreenderam o que estava sendo dito, precisamos buscar alguma outra explicação para essa passagem em particular. Assim, tomado no contexto em que é dada - isto é, Paulo falando aos crentes coríntios sobre a igreja deles - qualquer pessoa que falasse em um idioma estrangeiro para eles não seria compreendida e somente o próprio orador seria edificado. A edificação pessoal tinha um sentido de sarcasmo dirigido àqueles que estavam abusando desse dom. O verso 9 reitera a futilidade de falar sem que a igreja compreendesse e o verso 10 enfatiza o fato que aquilo que é dito constitui língua estranha.
Análise Textual
Glossa

Possui 3 significados:

1.    Órgão da fala - Mc. 7. 33; Lc. 1.64; At. 2.26; Ap. 16.10 

2.    Língua no sentido de idioma, meio normal de comunicação humana - Fl. 2.11; At.2.6; Ap. 5.9; Ap. 7.9; Ap.17.15 

3.    Sentido figurado. “Línguas de fogo”. Contexto de Atos 2.

Para caracterizar que era um simbolismo, é usada a palavra “como” no texto bíblico que antecede a expressão línguas de fogo.
Em nenhum lugar glossa é usada com o sentido que o carismatismo quer empregar em I Co. 14, como uma linguagem inteligível, celestial ou angélica, estática.
Glossa lalein

Significa “falar em línguas”. Esta expressão é encontrada apenas 5                       ocasiões no Novo Testamento. 

a) Mc. 16:17; b) At. 2:4, 6, 8, 11; c) At.10:46; d) 19:16; e) I Co: 12-14

Dessa expressão se originou o termo mais comum e aportuguesado que   é glossolalia, que significa “falar em línguas”.
Teologia Bíblica
Segundo a Bíblia, quando uma pessoa crê em Jesus Cristo para a salvação, naquele mesmo momento ela é "batizada no Espírito Santo" (I Co 12:13; Ef 1:13). O verdadeiro cristão tem o Espírito Santo porque creu e foi chamado (Rm 8:9-11). Não há nenhum período entre a conversão e o recebimento do Espírito Santo. Leia-se ainda I Co 12:3-6; Rm 6:3, 4; Ef 4:1-5; Gl 3:27-29; Cl.2:12.
No momento que ouvimos e cremos na palavra de Deus, fomos selados com o Espírito Santo ( Ef 1:13) e cada crente coloca-se no corpo de Cristo, com um dom que Ele lhe deu para capacitá-lo a funcionar nesse corpo. Isso não depende de experiências visíveis ou de seu subseqüente "revestimento do Espírito" (I Co 12:12-14, 18, 27; Rm 12:4-8; Jo 3:8).
Não há um sinal distintivo, como falar línguas, para evidenciar a presença ou o batismo do Espírito Santo. Exigir evidência física é andar pela "vista" em vez de pela fé. Gl 3:14; Ef 3:17-20; I Jo 3:24; 4:13; Ef 1:13. Os fenômenos de falar línguas estrangeiras, constantes dos relatos bíblicos, destinam-se a marcar o cumprimento de profecias (Jl 2:28, 29) e da promessa de Jesus aos seus discípulos e servir de sinal para os incrédulos da autenticidade de suas mensagens (Jo 14:16, 17, 26; Lc 24:49; I Co 14:21, 22). Não constituem um padrão permanente de experiência a ser procurado pelos cristãos para evidenciar a presença ou o batismo do Espírito Santo, como pretendem os adeptos do movimento moderno de línguas, porquanto os fenômenos relatados no livro de Atos apresentam-se com características diferentes entre si. Assim, eles erram tanto na compreensão da natureza como dos propósitos desse dom. Mt 22:29; II Pe 3:17, 18.
Biblicamente, a certeza da salvação decorre simplesmente de se crer na Palavra de Deus (Jo 1:12; 3:16), do testemunho interior do Espírito Santo (Rm 8:16; Ef 3:14-17) e da vida modificada resultante (Tt 3:5; I Jo 2:4; 3:14; 5:2, 3).
A Bíblia afirma que todos os salvos foram batizados no Espírito Santo (I Co 12:13; Ef 1:13), mas que nem todos falam línguas (I Co 12:30. Há inúmeros exemplos de personagens bíblicos que foram cheios do Espírito Santo e não falaram línguas estrangeiras (Sl 51:11; Is 61:1; Mq 3:8; Lc 1:41; 2:25-27; At 6:5-8; 11:24; etc). O próprio Senhor Jesus Cristo não falou em outros idiomas. Será que Ele não possuía o Espírito Santo?
O Novo Testamento (NT) relata 18 casos de derramamento do Espírito Santo, mas em 14 deles não menciona que o dom de línguas tenha sido concedido. As passagens bíblicas referentes ao revestimento, enchimento ou plenitude do Espírito Santo, que devemos almejar continuamente, não indicam a glossolalia como a sua evidência necessária, mas antes, os “frutos do espírito”, i.e., outros resultados e qualidades espirituais que manifestam e confirmam aquele estado (Ef 5:18-21; 4:11-13; Gl 5:22, 23; I Co 6:11; At 4:31; 5:32; Jo 14:16, 17; 16:13).
Sendo assim, a pretensão do moderno movimento de línguas, de que a glossolália é a evidência do batismo do Espírito Santo deve ser considerada como anti-escriturística.
Haveria ainda outros aspectos a considerar sobre a natureza desses movimentos, porém cremos que os enumerados acima são suficientes para demonstrar que as experiências que eles defendem não podem ser de Deus, porque contrariam os preceitos das Sagradas Escrituras, a nossa única e final autoridade para se determinar a fonte atual de qualquer experiência espiritual.
Teologia Aplicada
É provável que a grande maioria dessas manifestações seja de origem psicológica, motivadas pela intensa excitação dos sentimentos, por um ambiente fortemente emotivo, capazes de atuar em maior grau, de acordo com a estrutura psíquica de cada indivíduo. Há casos em que essas manifestações são artificiais, simuladas por pessoas que apenas querem acompanhar os outros, por questão de prestígio ou de constrangimento. Há ainda a possibilidade do fenômeno ser realizado sob a influência ou possessão demoníaca, conforme admitem os próprios defensores desses movimentos.
Ellen White confirma esta posição ao afirmar que “alguns... têm uma algaravia a qual chamam de língua estranha que é desconhecida não somente pelo homem, mas também pelo Senhor e todo o céu. Tais dons são manufaturados pelos homens e mulheres ajudados pelo enganador. Fanatismo, falso excitamento, falso ensino de línguas e cultos ruidosos têm sido enganados com isto”. I Testemunhos Seletos, 161.
 O crente coloca-se numa posição particularmente vulnerável quando é persuadido a suspender toda a atividade mental e a entregar a sua vontade a uma inteligência invisível, que presume ser o próprio Espírito Santo.
 Línguas Estáticas em Religiões Não-Cristãs
Os carismáticos acreditam que o dom de línguas, e línguas estáticas é uma marca registrada da igreja cristã. Porém, há a existência deste fenômeno dentro de outras religiões não-cristãs.

Foram encontrados exemplos de glossolalia em:

ü  Cerimônias religiosas dos Inut (tribo de esquimós);
ü  No Japão, a glossolalia ocorre em videntes em Hokkaido, Moji e no norte de Honshu, como uma dança religiosa;
ü  Entre os Palaung (Burma);
ü  No culto a zâr (Etiópia);
ü  Em tribos voodoos (Haiti);
ü  Em seitas primitivas na Malásia, Indonésia, Sibéria, China, Coréia, Arábia e especialmente na África;
ü  Dentro das religiões afro-brasileiras como candomblé, macumba e umbanda também evidenciam a presença do fenômeno;
ü  Até mesmo em grupos não religiosos como ateísmo e agnósticos podemos encontrar a glossolalia.

Podemos constatar que este considerado dom do Espírito Santo nada tem a ver com o Espírito Santo. Mas então qual é a origem deste “dom”?

Origem do Fenômeno Glossolálico 


Existem 6 opiniões básicas em relação à origem da glossolalia:

a)    Derivado do Espírito Santo: opinião dos pentecostais, mas sem apoio bíblico;

b)    Derivado de agentes satânicos: opinião que não pode ser descartada, mesmo porque se dá em religiões não cristãs, consideradas pagãs; 

c)    Derivada de um comportamento ensinado e aprendido (natural): esta hipótese também não pode ser descartada. Existem treinos para falar em línguas em muitos movimentos pentecostais; 

d)    Derivado de uma manufatura ou imitação: desde que o crente que fala línguas possui um status superior na igreja, muitos com o desejo de serem valorizados ou como resultado de terem uma vida cristã recomendável, imitam o que outros membros fazem. Muitas vezes o “dom” se manifesta em pessoas que não possuem uma vida cristã totalmente entregue à ação do Espírito Santo; 

e)    Devido à hipnose. Esta, devido a estudos recentes, pode ser rejeitada; 

f)     Derivado de mudanças neuropsicológicas, ou mudança no estado de consciência. Isto se dá através de uma atitude inconsciente ou até de aprendizagem e pode ser acompanhado de outras manifestações físicas, tais como: tremores e respiração alterada. De acordo com pesquisas recentes, esta é a causa considerada principal para se explicar o fenômeno glossolálico. De qualquer forma, este é um exercício perigoso, pois o indivíduo entrega ou abre sua mente para um estado desconhecido. 

Após minuciosos e exaustivos estudos realizados sobre gravações dessa fala atabalhoada, eruditos lingüísticos chegaram à conclusão que ela não tem qualquer base de linguagem, pois não apresentam nenhuma estrutura ou regra gramatical, características de um idioma. Por conseguinte, as chamadas "línguas estranhas" apregoadas pelos modernos glossolalistas como sendo línguas desconhecidas, são apenas uma forma de "fala extática", formada pela emissão confusa e repetida de sílabas e sons em estado de êxtase, porém totalmente desconexos e ininteligíveis (I Co 14:9). Muitas vezes esses fenômenos são acompanhados de gritos, piados, grunhidos, uivos,batidas de pé, tremores, convulsões e outras manifestações físicas anormais e completamente descontroladas, que também não se harmonizam com as normas bíblicas de decência, ordem e autocontrole (I Co 14:28, 30, 32, 33, 40; Gl 5:22, 23).


Avaliação da Experiência Glossolálica


a)    Substituto psicológico em nome do divino;

b)    Experiência passa a ser o critério da verdade e religião;

c)    Como um mecanismo de escape, é apenas temporário, como a bebida e as drogas;

d)    Encorajamento do orgulho espiritual;

             e)    Substituição da fé pela tangibilidade da experiência;
             f)       Possível uso satânico.

BREVE RESUMO DAS CONSIDERAÇÕES
  1. O dom de línguas é um dos dons espirituais distribuídos por Deus na Igreja. I Co.12: 1-31; 14:1-5, 12, 39, 40; Ef 4:7, 8, 11, 12.
  2. Esse dom consiste na capacidade de falar idiomas estrangeiros sem antes tê-los aprendido, concedida por obra e vontade do Espírito Santo. Trata-se, portanto, de falar línguas reais, faladas por outros povos deste mundo e não de simples emissão de sons incompreensíveis e sem sentido, como se fossem línguas desconhecidas, misteriosas ou celestiais. At 2:1-13; I Co12:7; 14:6-11, 18, 19.
  3. A finalidade primordial desse dom é evangelizar o mundo descrente.    At 2:1-13, 17, 18; 10:44-46; 19:1-6; I Co.14:3, 24, 25;  Mc.16:15, 17.
  4. A sua manifestação dentro da Igreja, nas reuniões cristãs, somente é permitida se houver intérprete, pois, se ninguém entende o que se dissesse não haveria nenhum proveito para a edificação espiritual da mesma, além disso, a sua eventual apresentação deve estar sujeita à ordem e disciplina, para evitar a confusão e o barulho que a ninguém edificam. I Co.12:7; 14:1-23, 27, 28, 32, 33, 39, 40.
  5. Falar em outra língua não representa a prova evidente ou necessária de recebimento do Espírito Santo, ou o Seu selo, ou o Seu batismo. Somente aplicando os critérios bíblicos poderemos distinguir entre as verdadeiras manifestações do Espírito Santo e as suas falsificações, disseminadas em muitas igrejas contemporâneas. Jo 14:15, 16; 16:13; At 2:4, 6-8, 38, 39; 4:31; 5:32; 11:24; I Co 3:16; 6:11; 12:4-7, 28-30;      Gl 3:14; 5:22, 23; Ef 4:11-13.
CONCLUSÃO E SOLUÇÃO DA CRISE
O moderno movimento de línguas reflete a confusão e a ignorância quanto à doutrina bíblica. Os seus seguidores pertencem às mais variadas correntes religiosas, professam diferentes e antagônicos princípios de fé, de doutrina e de prática, porém se consideram batizados no Espírito Santo só porque falam "línguas estranhas". Todas as espécies de fundamentos doutrinários são aceitos, conquanto que a pessoa tenha tido essa experiência. Como admitir-se a sábia e ordenada direção do Espírito Santo nesse aglomerado heterogêneo de idéias contraditórias que negligenciam a doutrina bíblica e desprezam os mandamentos de Deus.
Mas, de qualquer forma, essas falsas manifestações do "dom de línguas" serão eliminadas se forem aplicadas rigidamente as normas bíblicas sobre o assunto, quanto a sua natureza, finalidade e prática.
Naturalmente que Deus tem o poder de fazer hoje em sua Igreja o que fez no passado, nos tempos apostólicos, quando a mesma estava incipiente, outorgando-lhe os dons conforme as suas necessidades. Porém, Ele o fará somente quando lhe aprouver, de acordo com os seus propósitos, e não segundo a vontade do homem, ainda que sinceramente convicto, mas baseado na má interpretação da sua Palavra.
BIBLIOGRAFIA

GULLEY, Norman. Cristo Viene! Buenos Aires – Argentina: Asociación Casa Editora Sudamericana, 1998.
STOTT, John. Batismo e plenitude do Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova, 2005.
WHITE, Ellen G. Atos dos Apóstolos. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998.
________. Testemunhos Seletos Vol I. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998.