20/02/2011
PASSOS NA ELABORAÇÃO DE UMA MENSAGEM EXPOSITIVA - V
PASSO DE PESQUISA 3: O ESTUDO INDUTIVO
3 PASSOS :
A Observação
A Interpretação . Este passo é conseguido fazendo-se perguntas ao parágrafo tais como: O que o autor do parágrafo diz sobre vida, Deus, humanidade, estruturas sociais, pecaminosidade, piedade, deveres, etc.? Como estas declarações se unem num tema básico? O que as figuras de linguagem (caso existam) dizem sobre o significado do tema? Quem é (são) a(s) pessoa(s) no texto? Por que certa palavra é usada apenas uma vez (ou repetida)? Quais ameaças ou promessas estão no texto? Quais são as implicações ou resultados das afirmações, súplicas ou ordens dadas no texto? Como o alinhamento dos fatos no texto causa impacto sobre o tema? Quando acontece o evento, ação ou afirmação? Quais palavras ou frases são difíceis de entender? O que torna obscura esta passagem? Há alguma coisa faltando que, caso fosse providenciada, esclareceria o texto? Que idéia(s) nos parágrafos anteriores e posteriores fazem um elo com o significado destas palavras ou frases obscuras ou difíceis?
A Aplicação .
FOLHA DE PESOUISA PARA O ESTUDO BÍBLICO INDUTIVO
TEXTO:
Perguntas de Fatos observados, interpretados e aplicados
Observação
Quem?
(Pessoas)
O que?
(Coisas)
Quando?
(Tempo)
Onde?
(Locais)
Perguntas de
Interpretação
Por que?
(Razões)
O que?
(Sentido ou
significado)
Por que?
(Importância)
O que?
(Exigências)
Perguntas de
Aplicação
Como?
(Como funciona?)
Quando?
(Quando aplico?)
Quem?
(Quem está incluído/
excluído?)
Por que?
(Por que os ouvintes
de hoje precisam disso?
O que?
(Que promessa pode ser
reivindicada agora? Que
mandamento deve ser
obedecido? Em favor de
que se deve orar? etc.)
QUAIS EVENTOS OU EXPERIÊNCIAS DO AT OU DO NT ILUSTRAM OU DEFINEM ESTAS IDÉIAS?
PASSOS NA ELABORAÇÃO DE UMA MENSAGEM EXPOSITIVA - IV
PASSO DE PESQUISA 2: A EXEGESE
1. Leia o texto em voz alta e em espírito de oração várias vezes (o grande pregador Dr. Campbell Morgan costumava ler pelo menos 50 vezes a passagem que ia expor), comparando-o com versões bíblicas diferentes para obter uma maior compreensão de seu conteúdo.
2. Reproduza o texto com suas próprias palavras, sem olhar na Bíblia, para verificar se realmente entendeu o conteúdo (Bezzel memorizava todos os textos sobre os quais pregava).
3. Observe o contexto imediato e o remoto (veja pp. 38ss.).
4. Verifique a forma literária do texto (história, milagre, parábola, ensino, advertência, promessa, profecia, testemunho, oração, introdução etc.) e tente estruturá-lo (e. g., Ef 1.1-2; 15-23; Lc 4.38-39).
5. Determine o significado exato de cada palavra básica, com sua origem e seu uso pelo autor e no restante do testemunho bíblico (e. g., Rm 3.21-31; 5.1).
6. Anote peculiaridades do texto (palavras que se repetem, contrastes, seqüências, conclusões, perguntas, teses) e faça uma comparação sinótica, caso o texto pertença aos evangelhos (veja pp. 35-36).
7. Pesquise as circunstâncias históricas e culturais (época, país, povo, costumes, tradição; e. g., Ap 19.15).
8. Elabore as mensagens de cada versículo ou termo principal por meio de versículos paralelos (em palavras e assuntos), de seu núcleo, de sua relação com a história da salvação, de perguntas didáticas (quem, o que, por que etc.) e de comentários bíblicos, léxicos, dicionários e manuais bíblicos (e. g., Mt 12.38-42).
9. Estruture o texto conforme seu conteúdo principal e organizador e suas seções secundárias (e. g., Lc 19.1-10).
10. Resuma o trabalho exegético feito até este ponto com a frase: O assunto mais importante deste texto é...
Exemplo 1: Mateus 9.9-13
1. Após ter lido o texto várias vezes e comparado suas palavras com versões bíblicas diferentes, resuma a impressão geral do trecho.
2. Qual o contexto dessa passagem?
a. contexto imediato de Mateus 9
b. contexto do evangelho de Mateus (os capítulos anteriores e posteriores)
c. contexto remoto do livro inteiro (a estrutura do evangelho de Mateus)
3. Como esse texto poderia ser estruturado?
4. Faça uma comparação textual com várias versões bíblicas, anotando as diferenças.
5. Faça uma comparação sinótica desse texto para descobrir a cronologia dos acontecimentos, o material peculiar e os trechos omissos de cada um dos evangelistas.
a. o material peculiar de Mateus
b. o de Marcos
c. o de Lucas
d. o material omisso de Mateus
e. o de Marcos
f. o de Lucas
g. a cronologia sinótica
h. resumo em uma só versão
6. Explique os costumes alfandegários romanos.
7. Qual era a relação entre judeus em geral e os publicanos e pecadores?
8. Qual era a atitude de João Batista frente aos publicanos e pecadores?
9. Como Jesus Se relacionava com os publicanos e os pecadores?
10. Quem eram os fariseus (origem, atitudes, crenças, posição)?
11. Por que os fariseus opuseram-se a Jesus (v. 11)?
12. Fale sobre Cafarnaum (lugar, origem, significado, tamanho, importância).
13. Quem era Mateus (ou Levi; ligações familiares, profissão, religião, características, menção nos evangelhos)?
14. No versículo 9, qual o significado do verbo ver, empregado por Jesus, em relação à vocação de Mateus? Será que os autores dos demais evangelhos usam esse verbo em outras circunstâncias?
15. Quais as conseqüências implícitas do ato de seguir a Jesus?
a. conforme Lc 5.28
b. conforme Mt 19.21
c. conforme Lc 19.1-10
16. Segundo os versículos 10 e 11, quais os motivos de Mateus ao convidar Jesus à sua própria casa?
17. Por que os judeus consideravam os publicanos e pecadores indivíduos de segunda classe?
18. O que significa a frase: ... come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
19. Como Jesus descreve Sua missão nos versículos 12 e 13, e qual seu significado?
20. Por que Jesus citou Oséias 6.6?
21. Quais as diferenças entre Oséias 6.6 e sua citação feita por Jesus?
22. Em que e por que revela-se na ação de Jesus a misericórdia divina?
23. Quais as implicações do fato de chamar os pecadores?
24. Será que os fortes e justos não precisam da misericórdia divina? (Consulte alguns comentários.)
25. Qual a origem, o significado e o uso do termo bíblico misericórdia? (Consulte o NDB, o NDITNT e o NTI.)
Exemplo 2: Mateus 8.1-4
Use as dez regras didáticas expostas anteriormente para elaborar esta exegese.
1. Em espírito de oração, leia o texto em voz alta diversas vezes. Em seguida, anote o primeiro impacto que a passagem causou em você.
2. Agora, repita o texto com suas próprias palavras, sem olhar na Bíblia, para verificar se realmente compreendeu seu conteúdo.
3. Observe os contextos imediato e remoto.
4. Verifique a forma literária do texto e tente estruturá-lo.
5. Determine o significado exato de cada palavra básica, assim como sua origem e seu uso na Bíblia.
6. Anote as peculiaridades do texto (palavras que se repetem, contrastes, seqüências, conclusões, perguntas, teses) e faça uma comparação sinóptica com Marcos 1.40-45 e com Lucas 5.12-16.
7. Pesquise as circunstâncias históricas e culturais (época, país, povo, costumes, tradições) desse texto.
a. O que era a lepra na época neotestamentária?
b. Qual a função do sacerdote com respeito à lepra?
c. Qual a responsabilidade do sacerdote num caso de cura da lepra?
d. Que povo presenciou o milagre da cura de um leproso?
8. Desenvolva o significado de cada versículo ou tema principal.
v. 1: "seguiram"
a. O que significa o verbo "seguir" no Novo Testamento?
b. O que significa o verbo "seguir" aqui?
v. 2: "eis"
a. Como o Novo Testamento emprega esse termo?
b. Qual seu significado aqui?
v. 2: "adorou-o"
a. Qual o significado do verbo "adorar" na Bíblia?
b. Como se deve adorar? (Consulte dicionários e comentários bíblicos, a chave bíblica e a BVN.)
c. Que atitude é expressa na adoração?
v. 2: "se quiseres"
a. O que o leproso quis dizer com essa frase?
v. 2: "purificar-me"
a. Qual o significado da purificação na Bíblia?
b. Qual a importância da purificação na lei de Moisés?
c. Por que o leproso desejava ser purificado?
v. 3: "tocou-lhe"
a. Que atitude de Jesus é expressa por esse verbo?
b. Qual o significado desse verbo para o leproso?
v. 3: "quero"
a. O que Jesus quer?
b. Qual é a vontade de Jesus?
v. 3: "imediatamente"
a. Qual o significado dessa palavra?
b. Quantas vezes aparece no evangelho de Mateus?
v. 4: "não digas a ninguém"
a. Por que Jesus fez essa proibição?
b. Isso acontece em outras ocasiões no Novo Testamento?
v. 4: "fazer a oferta"
a. Por que esta oferta é necessária?
b. Qual sua finalidade?
c. Será que o Novo Testamento também relata esse costume em outras partes?
9. Estruture o texto conforme seu conteúdo principal e organizador e de acordo com as seções secundárias.
a. O leproso pede ajuda:
_ ele se prostra diante de Jesus
_ ele confia na vontade e no poder de Jesus
b. Jesus concede a cura:
_ Ele toca o leproso
_ Ele cura o leproso
_ Ele envia o leproso ao sacerdote
10. Resuma o trabalho exegético desenvolvido até aqui com a seguinte frase: O assunto principal desta passagem é... (ou esse texto fala sobre... )
Os passos da metodologia da exegese lingüístico-gramatical são os seguintes:
a. Traduzimos o texto de seu original hebraico ou grego.
b. Definimos os termos principais de um texto (e. g., Rm 3.21-31) com a ajuda de um dicionário hebraico ou grego juntamente com o NDITNT, para compreendermos sua origem, seu desenvolvimento, seu uso e seu significado bíblico e cultural.
c. Comparamos algumas versões e traduções diferentes (ARA, ARC, EIBB, BLH, BJ).
d. Subdividimos as orações em seus componentes: sujeito, objeto, expressão principal, adjuntos adverbiais, frases secundárias; então, verificamos como cada um se relaciona com o restante do versículo.
e. Observamos as particularidades do texto: repetições de palavras, contrastes, interrogações, conseqüências, afirmações etc.
f. Diferenciamos os substantivos dos verbos, advérbios e pronomes; a voz passiva da ativa; o subjuntivo do indicativo etc., para obtermos uma compreensão maior
A metodologia da exegese histórico-cultural segue os seguintes passos:
a. Esclarecemos o pano de fundo histórico (e. g., de uma carta neotestamentária ou de um livro profético do Antigo Testamento).
b. Traçamos as conexões históricas será que o texto relaciona-se com acontecimentos anteriores?
c. Definimos o lugar e a época do fato.
d. Explicamos as tradições e os costumes (e. g., Mt 3.12; Ap 19.15).
e. Observamos a situação geográfica (e. g., Mc 5.20).
A tarefa da exegese teológico-pneumatológica é analisar os termos do texto da maneira teológica, bíblica, espiritual e doutrinária.
As perguntas-chave na exegese teológico-pneumatológica são:
a. Qual o ensino ou mensagem desta frase ou versículo?
b. Quais são as referências bíblicas que apóiam ou confirmam este ensino ou princípio?
c. Quais as afirmações bíblicas que explicam melhor o significado deste ensino?
d. O que Deus deseja expressar aqui?
Na exegese teológico-pneumatológica, o exegeta depende da operação e direção do Espírito Santo. A mensagem é descoberta pelo Espírito Santo, que nos ilumina (1 Co 2.12-13).
A metodologia usada pela exegese teológico-pneumatológica é a seguinte:
a. Esclarecemos os termos principais em relação ao testemunho inteiro das Escrituras.
b. Determinamos o cerne do versículo.
c. Observamos o indicativo da atuação divina.
d. Correlacionamos o texto com a mensagem cristológica (o Cristo prometido, encarnado, crucificado, morto, ressurreto, glorificado, exaltado, presente, que vem outra vez, consumador, rei, sacerdote, profeta).
e. Definimos a finalidade prática do versículo.
PASSOS NA ELABORAÇÃO DE UMA MENSAGEM EXPOSITIVA - III
III. OS 4 PASSOS DE PESQUISA
PASSO DE PESQUISA N.º 1: FAMILIARIZAÇÃO
Chegamos assim a primeira pesquisa, chamada por mim de passo de familiarização. As etapas marcadas pelas letras A, B, C e D são as seguintes:
(A) Leia todo o primeiro parágrafo da série. Leia-o do começo ao fim e certifique-se de que normalmente existe uma idéia ou tema dominante em cada parágrafo.
Uma forma de destacar o tema é observar a repetição de palavras, frases ou idéias. Muitos salmos começam com um tema no primeiro versículo, repetem a idéia no meio e terminam com a mesma nota. No Salmo 20, Davi invoca a Deus para que este responda àqueles que se encontram angustiados. Ele repete a idéia no final do versículo 5, dizendo: "... que Deus atenda todos os seus pedidos!" (Bíblia na Linguagem de Hoje). No último versículo, ele pede a Deus que responda quando chamarmos. O tema tem algo a ver com o Deus que responde e o exercício da fé (quanto a este padrão, veja outros salmos, como 29, 32, 36, 54, 59, 71, 80, para mencionar apenas alguns).
Por exemplo, com Filipenses 1.3-11, eu escrevo em minha folha de pesquisa o título e as frases seguintes:
PASSO DE PESQUISA No. 1: FAMILIARIZAÇÃO – (A) TEMA
Texto: Filipenses 1.3-11
Versículo 3 – "... por tudo que recordo de vós".
Versículo 4 – "... fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações".
Versículo 7 – "... vos trago no coração".
Versículo 8 – a "saudade que tenho de todos vós".
Versículo 9 – "... faço esta oração".
Vemos claramente que três frases falam sobre afeição e três sobre oração. Daí, então, o tema: "Oração intercessória e afeição" ou "O amor que motiva a intercessão". O expositor poderá querer confirmar estas conclusões, repetindo este exercício com uma versão moderna ou estrangeira do parágrafo bíblico. Os arautos do Senhor que têm capacidade para ler em outro idioma encontram com freqüência novidades e outras confirmações daquilo que já haviam concluído.
Neste mesmo passo da pesquisa, deve ser feita a segunda parte do exercício de familiarização. Meus alunos diziam que era esta parte que muitas vezes os inspirava a querer pregar sobre aquele texto.
(B) Escreva em outra folha uma paráfrase pessoal do parágrafo da pregação. Algumas vezes levo a forma final desta paráfrase para o púlpito e a leio como parte de minha introdução. É surpreendente como este exercício tem me ajudado a me envolver emocional e espiritualmente com o parágrafo bíblico. Uma das formas de escrever uma paráfrase é preparar a folha de pesquisa da seguinte maneira:
FAMILIARIZAÇÃO – (B) PARÁFRASE
Texto: Filipenses 1.3-11
Versículo Substantivos Sinônimos Verbos Sinônimos
Depois de pronta a folha de pesquisa, leia o parágrafo da pregação do começo ao fim, versículo por versículo, e extraia de cada um os substantivos, verbos e locuções verbais mais importantes. Complete um versículo antes de passar para o próximo. Consulte cada substantivo e cada verbo num dicionário e copie um sinônimo para cada um na coluna correspondente. Alguns pregadores têm a felicidade de possuir um dicionário de sinônimos, o que facilita bastante a realização deste exercício. Aqui se recomenda uma advertência. A escolha dos sinônimos que fazemos pode nem sempre refletir o sentido exato do texto original. Nosso consolo é que quando chegarmos ao exercício de exegese, teremos condições de corrigir nossa paráfrase e torná-la mais exata. Neste ponto, a folha de pesquisa deverá ser mais ou menos assim:
FAMILIARIZAÇÃO – PARÁFRASE
Texto: Filipenses 1.3-11
V 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Substantivos Deus Orações Cooperação Evangelho Boa obra Dia de Cristo Justo Algemas Graça Saudade Oração Amor Conheci-mento Percepção Excelentes Dia de Cristo Fruto Justiça Jesus Cristo Glória louvor Sinônimos Ser Supremo Pedidos Associação Boas novas Bom trabalho Dia do julgamento Correto Prisão Privilégio Terno amor Súplica Devoção Iluminação Discerni-mento Melhores Dia do julgamento Resultado Integridade Salvador Radiância elogio Verbos Dar graças Recordar Fazer súplicas Estou certo Completar Pensar Trazer Defender Confirmar Participar Testemunhar Aumente Aprovar Ser puro Ser inculpável Ser cheio Ser mediante Sinônimos Agradecer Lembrar Solicitar Convicto Continuar Reagir Ter Proteger Endossar Comparti-lhar Depor Trans-borde Descobrir Autêntico Imaculado Reaprovi-sionar Fluir de
Com base neste exercício, escreva uma paráfrase somente com sinônimos dos substantivos e dos verbos. Tenha o cuidado de manter a mesma gramática do parágrafo da pregação. Use sinônimos para esclarecer o texto, estimular a imaginação e inspirar o espírito. Aqui está o resultado de minha paráfrase de Filipenses 1.3-11:
3. Agradeço ao Ser Supremo, especialmente quando me lembro de vocês. 4. Em todos os meus pedidos, sempre solicito (a Deus) por vocês com prazer, 5. Devido a associado de vocês comigo nas boas novas, desde o primeiro dia até agora, 6. Estando convicto de que Deus, que começou um bom trabalho em vocês, irá continuá-lo até o dia do julgamento. 7. É correto que eu reaja emocionalmente desta forma, pois eu os tenho no coração, amados; então, esteja eu na prisão ou ocupado protegendo e endossando as boas novas, vocês ainda compartilham do perdão de Deus comigo. 8. O Senhor depõe a meu favor como desejo, com o terno amor de Jesus, tê-los perto de mim. 9. E esta é minha súplica: que a devoção de vocês (por Cristo) possa transbordar em profusão com iluminação e profundo discernimento, 10. De modo que vocês possam descobrir aquilo que é excelente e ser autênticos e imaculados até o dia do julgamento de Cristo, 11. Sendo reaprovisionados com o resultado da integridade piedosa que flui em nós, através de Jesus Cristo para a honra radiante e o elogio de Deus.
No primeiro passo da pesquisa, procuramos um tema dominante no parágrafo da pregação. Usamos dicionários e fizemos uma paráfrase caseira, a qual poderá ser aperfeiçoada, se necessário, durante o segundo passo da pesquisa de exegese.
(C) Neste ponto, devemos fazer o terceiro exercício no processo de familiarização. Suponhamos que o arauto de Deus tenha apenas começando uma série de exposições baseadas em Filipenses. Ele quer pregar sua primeira mensagem, mas não sabe ao certo quais devem ser os limites dos versículos de sua primeira mensagem. Deve ele incluir os próximos versículos e aumentar o parágrafo? O que determina exatamente um parágrafo de pregação autônomo?
Temos aqui um procedimento simples que deve ser assumido imediatamente. (O expositor que tenha lido o livro da Bíblia cinco ou seis vezes irá achar isto muito útil e confirmatório.) Este terceiro exercício deve ser feito na mesma folha de pesquisa da familiarização. Este é o procedimento para a verificação dos limites dos versículos do parágrafo da pregação:
(1) Escreva o tema do parágrafo. Ele deve ser claro como cristal.
(2) Copie os substantivos e locuções verbais que mais se repetem no parágrafo.
(3) Leia o parágrafo seguinte e verifique se o tema e/ou os principais substantivos e verbos são freqüentemente repetidos. Caso sejam, inclua este novo material e revise a paráfrase e os limites dos versículos do parágrafo.
Neste ponto, a folha de pesquisa deve ser mais ou menos assim:
Familiarização – (C) LIMITES
Texto: Filipenses 1.3-11
1. TEMA: Amor, a motivação de uma oração intercessória.
2. REPETIÇÕES: "minhas orações"; "fazendo, com alegria, súplicas"; "faço esta oração"; "recordo de vós"; "vos trago no coração"; "saudade que tenho de todos vós".
3. PARÁGRAFO SEGUINTE: Faltam semelhanças no parágrafo seguinte. Assim, Filipenses 1.3-11 é autônomo e pode ser tratado como um parágrafo a ser cuidadosamente exposto.
Talvez um exemplo de outro livro do Novo Testamento ajude a esclarecer o valor deste procedimento. A história de Ananias e Safira, em Atos 5, parecia-me não ter antecedentes. Por que aquele tipo de pausa ali? Além disso, por que o parágrafo anterior, Atos 4.32-37, é uma unidade de pregação tão vaga, sem um tema claro? Ao estudar os dois parágrafos, raiou sobre mim a compreensão de que eles estavam relacionados. A unidade e a generosidade na primeira igreja eram motivadas por amor altruísta a Deus e seu reino, em Atos 4.32-37. José, o levita, também conhecido como Barnabé, exemplificou este espírito com sua oferta, mas aquele altruísmo foi prostituído por um amor desregrado por dinheiro e fama. Ananias e Safira macularam a comunidade cristã, à semelhança de Acã, em Josué 7.1-26. Ao estudá-lo, o parágrafo acabou se tornando Atos 4.32-5.11.
(D) A última parte do processo de familiarização é a confecção de um esboço analítico do parágrafo da pregação. O parágrafo tem uma lógica inerente e um fluxo de idéias em si. O expositor deve captar este fluxo, a fim de evitar divagações tangenciais ao pregar.
Um fato misterioso, mas sempre reincidente, é que muitos pregadores têm dificuldade em preparar sermões, por não pensarem em linha reta. Isto quer dizer que eles não desenvolvem um sermão como se fosse um todo unificado e lógico (Achtemeier 1980, 87).
O esboço analítico serve para dar ao arauto de Deus sensibilidade a estrutura literária do parágrafo. Este senso de estrutura dará unidade ao sermão depois de pronto. Ajudará a cativar e manter a atenção dos ouvintes, pelo fato de a mente humana ser atraída naturalmente pela ordem lógica.
Quais são os elementos essenciais de um esboço analítico? Primeiro, ele é um esboço seqüencial do parágrafo. Ele nunca ultrapassa os limites dos versículos do parágrafo e sempre acompanha a disposição exata dos versículos. Em segundo lugar, ele é um traçado visual das principais idéias do parágrafo. Em terceiro lugar, é um esboço do conteúdo real do parágrafo, sem interpretações conscientes ou adornos da homilética. Portanto, este esboço não deve ser confundido com o esboço homilético final do sermão.
Observe no próximo exemplo de esboço analítico o mecanismo do esboço. As divisões principais são representadas por algarismos romanos e as subdivisões com algarismos arábicos. Cada divisão principal tem um endereço, isto é, um versículo ou versículos que delineiam aquela idéia. As subdivisões também são indicadas com versículos ou partes deles. Observe também que não são utilizados os recursos homiléticos de introdução e conclusão. Aqui está um exemplo de esboço analítico que fiz para o extenso parágrafo de Atos 2.14-41:
FAMILIARIZAÇÃO – (D) ESBOÇO ANALÍTICO
Texto: Atos 2.14-41
I. O APÓSTOLO EXPLICA O MILAGRE DA PROFECIA QUE SE CUMPRIU (2.14-22)
1. Pedro, falando pelos onze, dirige-se formalmente a multidão (v.
14).
2. Pedro promete uma explicação do milagre (v. 15).
3. Pedro cita a profecia de Joel (vv. 16-21).
4. O milagre destina-se a levar as pessoas a salvação (v. 21).
II. A APRESENTAÇÃO DE JESUS COMO O MILAGRE DE DEUS (2.22-28)
1. Jesus realizou milagres (v. 22).
2. Deus estava agindo em Jesus na realização dos milagres (v. 22).
3. Deus planejou com antecedência a vida de Jesus sobre a terra (v.
23).
4. Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos (v. 24).
5. Davi profetizou estas coisas (vv. 25-28).
III. JESUS É O MESSIAS PROFETIZADO (2.29-35)
1. A morte de Davi é um fato histórico (v. 29).
2. Davi profetizou que seu descendente seria o Messias (v. 30).
3. Davi profetizou a ressurreição do Messias (v. 31)
4. A aplicação de Lucas: Deus ressuscitou a este Jesus (v. 32).
5. Este Jesus foi exaltado à destra de Deus (v. 33).
6. Este Jesus recebeu a promessa do Espírito Santo (v. 33).
7. Davi não era o Messias, mas profetizou acerca de Jesus, o Messias (vv. 34, 35).
IV. EXORTA-SE A QUE SE ACEITE JESUS COMO SENHOR/MESSIAS (2.36-41)
1. A clara conclusão de que Jesus é Senhor (v. 36).
2. A evidência do Espírito que convence as pessoas (v. 37).
3. Pedro esboça os passos para a salvação (vv. 38, 39).
4. As muitas pessoas que ouviram e responderam (vv. 40, 41).
Aí está ele! O primeiro passo da pesquisa é um processo de familiarização com as palavras, o tema e a estrutura literária do parágrafo. Isto propicia um envolvimento espiritual através do exercício da paráfrase e ajuda a determinar os melhores limites para o parágrafo bíblico. O leitor deve tentar fazer este exercício de quatro etapas, empregando um parágrafo selecionado e, assim, experimentar o desejo vivificante de expor a Palavra eterna de Deus.
Allan Stibbs cita F.B. Meyer para arrematar a idéia de familiarização como parte necessária no preparo de um sermão:
"O ponto mais alto na entrega de um sermão acontece quando o pregador está "possuído" e... tal "possessão" ocorre com maior freqüência e facilidade ao homem que vive, dorme, come e anda em comunhão com uma passagem na melhor parte da semana" (Stibbs 1963, 37).
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