UM ROTEIRO PARA PREPARAR SERMÕES
Dwight E. Stevenson
Traduzido e adaptado de
Elder’s Digest, vol. 9, Num. I, jan-mar/2003
Por SALT/IAENE – Disciplina
de Pregação Bíblica II
Esclarecimento
Este é um guia para auxiliar
pregadores a preparar sermões de forma criativa. Não é um padrão inflexível e
nem é uma “muleta”. Ao contrário, tem o propósito de ser um roteiro que indique
o melhor caminho homilético e convidar pregadores a seguir a estrada de sua
própria liberdade e poder.
Um roteiro para
sermões
Um sermão é a arte da homilética
na forma de referência pronta altamente concentrada. Este roteiro é um esforço para colocar à
disposição de jovens pregadores os melhores princípios e refrescar a memória de
pregadores experientes sobre os inexplorados domínios da preparação de sermões.
Pretende fazer tudo isso de tal forma que possa ser estendido sobre a mesa de
estudos como um “mapa rodoviário”.
A utilidade desse mapa-roteiro
dependerá do grau de seriedade com a qual o seu usuário dedica dias e horas em
cada uma das duas tabelas seguintes: “Preparando o próximo sermão passo a
passo” (tabela A) e “Preparação de longo alcance passo a passo” (tabela B).
Estamos confiantes de que
qualquer pessoa que se esforce para seguir este roteiro semanalmente descobrirá
que está preparando e pregando melhores sermões.
Antes de por em prática os planos
“passo a passo” leia o roteiro completo
do princípio ao fim. A princípio adote um plano provisório; mais tarde você
pode ajustá-lo conforme sua experiência, até você descobrir seu ritmo e
programa individual.
Tabela A
PREPARANDO O PRÓXIMO SERMÃO PASSO A PASSO
I.
Escolha a
idéia.
·
Verifique na pasta de sermões idéias que você
colecionou. Selecione aquela que parece mais “viva”. (veja n. 15)
·
Ou fixe-se numa “inspiração” recente que pareça
oportuna para ser pregada.
·
Faça essa escolha o mais cedo possível na
semana, não após terça ao meio-dia, e de preferência até segunda à tarde.
·
Abandonando todas as outras idéias, firme-se na
escolhida durante a semana. Não divida sua atenção “namorando” outras idéias.
·
Escreva a idéia no topo da folha de papel em
branco – sua folha de trabalho.
II.
Comece “meditando”
sobre ela.
·
A meditação – “espera criativa” ou
“fermentação”. Esta é conhecida e usada por todos os artistas, músicos e
escritores criativos para estimular a mente.
·
Usar uma quantidade de períodos curtos de
concentração por um longo período de tempo para agitar as capacidades
inconscientes para atividade criativa.
·
Separe tempo. Comece cedo na semana, não tão
tarde como terça ao meio-dia. Medite no tema cada dia. Meia hora diária é
melhor do que quatro horas no final da semana.
·
Medite com uma caneta e papel à mão. Anote
imediatamente todos o pensamentos usando palavras e frases chaves. Conserve
estas folhas com anotações de
“associação livre” até que o sermão esteja pronto.
·
Deixe o sermão ser o produto de seu próprio
pensamento amadurecido. Evite correr para os livros agora. Este não é o tempo
para leitura, mas para criar.
·
Quando for o caso, deixe a livre associação
sugerir a organização do sermão. Nunca tente forçar a forma muito cedo na
semana.
·
Você pode ter vários sermões ao mesmo tempo
durante o processo de meditação, preparando-se assim para o futuro.
III. Escreva a proposição e continue meditando.
·
A proposição (tese) é o sermão como um todo reduzido
a uma sentença.
·
O objetivo da proposição é dar unidade ao sermão
excluindo o que é irrelevante e reunindo o que é pertinente.
·
Ela está declarada ou implícita ao final da
pregação do sermão. Se for declarada ela pode ser mais vantajosa na introdução.
Outros bons momentos são na conclusão e na transição entre os pontos
principais.
·
Deve ser escrita por extenso na folha de
trabalho, no início da semana. Nunca deve ser omitida na preparação do sermão.
·
Esforce-se para que sua proposição diga
exatamente o que seu sermão diz. Torne-a clara.
·
Ela deve ser útil e importante, portanto, mais
específica do que geral mas não trivial.
·
Torne-a clara e interessante.
IV. Elabore o título e continue meditando.
- Um
bom sermão será melhor se tiver um nome adequado.
- Evite
torná-lo geral demais, técnico, muito óbvio ou sensacional.
- Torne-o
objetivo, claro, interessante e sugestivo.
- Utilize
verbos e símbolos interessantes para obter ação e realismo.
- Prefira
uma frase a uma simples palavra.
- Declare-o
em termos atuais.
- Elabore-o
por meio de tentativa e erro. Escreva as várias opções e escolha a melhor.
- O
plano é o esboço que se encontra na parte principal do corpo do sermão.
- O
propósito desse esboço é dar progressão ou movimento ao pensamento do
discurso.
- A
razão para variar os tipos dos esboços de um sermão para outro é
proporcionar frescor e vitalidade à mensagem do púlpito por muito tempo.
- Busque
variedade em seus esboços:
1. Prova.
“Isso é verdade porque...” Razões para manter uma determinada posição.
2. Refutação.
Razões para rejeitar uma crença ou posição.
3. Implicação.
“Se....então.” Uma idéia e suas implicações.
4. Gema.
As muitas facetas ou aplicações de uma verdade demonstrada uma após a outra.
5. Escada.
Cada novo ponto se torna a plataforma para ascender ao texto. Exemplo do sermão
“Dinheiro” de John Wesley:
I.
Ganhe tudo que você puder...
II.
Economize tudo o que você puder...
III.
Doe tudo o que você puder...
6. Antítese.
O Caminho Certo e o Caminho Errado.
7. A
busca. A pesquisa do caminho certo através do exame e rejeição de um certo
número de opções propostas.
8. Analogia.
Emoldurando todo o sermão em uma ilustração. Ex. A igreja como um navio, com
especial atenção para o capitão, a tripulação, a carga, o porto, etc..
9. Dialético.
Tese, antítese, síntese.
10. Solucionando
Problemas. Mova-se de um problema para sua análise e sua solução. (Outras
variedades de esboços de partes principais são possíveis. Desenvolva algumas
por você mesmo)
VI. Esboce o sermão e continue meditando.
- Organize
as parte do sermão tendo em vista uma ordem de importância ascendente.
- Tente
conseguir uma proporção igual de espaço ou tempo dedicada a cada ponto.
- Teste
a unidade dos pontos confrontando-os com a proposição. São todos eles
coerentes com este sermão?
- Expresse seus pontos principais com
estrutura paralela.
- Procure
tornar a declaração dos pontos concreta e fácil de memorizar.
- Como
norma mantenha a quantidade de pontos até cinco no máximo.
- Ao
desenvolver subpontos não trate as ilustrações como pontos. Use um símbolo
à parte para elas.
- Não
force para concluir o esboço muito cedo na semana. Normalmente ele vai
aparecer por volta da quinta ou sexta-feira.
- Antes
de escrever o sermão tenha o esboço completo.
- Ao
elaborar a conclusão considere sempre o propósito do seu sermão. O que
você espera alcançar?
- Conclua
em tom positivo.
- Leve
o sermão ao seu clímax. Complemente e finalize o sermão.
- Seja
breve – não deve ser mais longa do que a décima parte de todo o sermão.
- Busque
variedade usando diferentes tipos de conclusão, ou combinando-as:
2. Aplicação.
3. Desafio
à ação.
- Busque
variedade através do uso de elementos diferentes: poesia, citações,
estórias, interrogações. Evite uma maneira padronizada de concluir todos
os sermões.
- Relacione
todo o seu sermão com as necessidades humanas.
- Ganhe
a atenção e crie interesse, mas assegure-se de ligar esse interesse ao
sermão em si. Não conte estórias apenas para entretenimento. Crie
interesse não o satisfaça.
- Esforce-se
para ser breve. Torne-a curta.
- Inicie
em um nível a partir do qual você possa progredir, se iniciar do
clímax não haverá espaço para
subir, apenas para descer.
- Não
apresente mais do que uma idéia.
- Trabalhe
de forma especial nessa primeira frase da introdução. Torne-a breve e
interessante.
- Inclua
ocasionalmente uma declaração de sua proposição (tese) e do ponto
principal.
- Procure
variar nos tipos de introdução:
1.
Faça uma declaração de impacto e a amplie.
2.
Inicie com um boa citação.
3.
Questione a validade do assunto.
4.
Desafie uma antiga verdade.
5.
Conte uma história.
6.
Leia um manchete ou uma carta.
7.
Relate uma entrevista.
8.
Faça uma declaração direta do propósito.
9.
Declare o problema.
IX. Escolha as ilustrações.
·
Cuide para cada sermão estar provido com
ilustrações.
·
As ilustrações são as janelas do sermão, mas não
inunde seu sermão com luz em demasia.
·
Torne-as “reais”. Evite estórias mórbidas e
sentimentais.
·
Não as copie de livros de ilustrações.
·
Varie os tipos e fontes de ilustrações:
1.
Descrições vívidas.
2.
Metáforas e símiles.
3.
Relatos históricos, incluindo histórias bíblicas.
4.
Fatos atuais.
5.
Parábolas e alegorias.
6.
Anedotas.
7.
Diálogos.
8.
Humor e sarcasmo.
X.
Redija o
sermão todo.
·
Redija apenas após esboçar cuidadosamente.
·
Reserve um período suficientemente longo para
escrever todo o sermão sem interrupção. Torne isso um hábito.
·
Nesse ponto não seja crítico do seu estilo. Crie
e deixe a crítica para depois.
·
Nunca se satisfaça com o que você escreveu no
primeiro rascunho. Vá além para possíveis melhoramentos.
XI. Reescreva para melhorar o estilo.
·
Retire palavras desnecessárias. Deixe apenas o
que for importante.
·
Verifique quantos adjetivos e advérbios você
pode eliminar sem enfraquecer a sentença.
·
Examine cada verbo. Há outro verbo mais exato
mais ativo e mais concreto?
·
Use substantivos específicos em lugar daqueles
gerais: escolas em lugar de educação, eleição em lugar de democracia, etc.
·
Elimine frases repetidas.
·
Esforce-se por variedade na extensão e no tipo
de frase:
1.Declarativa
simples. (afirmativa simples)
2.Composta.
(Duas afirmativas)
3.Complexa.
(mais de duas afirmativas na frase)
4.Imperativa.
(ordem)
5.Perguntas.
- Utilize
alguns dos recursos de estilo:
1. Frases
periódicas.
2. Frases
elaboradas.
3. Perguntas
retóricas.
4. Repetições.
XII. Faça um esboço de pregação para o púlpito e
reescreva para melhorar o estilo (veja também n º XI).
·
Escreva frases e palavras chaves.
- Desbaste até o esqueleto. Escreva apenas o que você
necessita para auxiliar a lembrar o esboço original.
- Se você deseja pregar sem usar anotações, memorize
o esboço.Teste sua memória “rodando” todo o sermão em sua mente sem usar
anotações.
- Leia o manuscrito em voz alta várias vezes, o mais
próximo possível da hora de pregá-lo, preferivelmente no sábado de manhã
bem cedo.
- Leia o manuscrito em voz alta, primeiro para
recriar as imagens que estão por trás das palavras. Tente saborear, cheirar, ouvir, ver e tocar
naquilo a respeito do que você está falando.
- Quando suas palavras são gerais auxilie-as com
símbolos imaginativos concretos para elas. Ex.: Para “democracia” use uma cabine de votação ou o domo do
Capitólio.
- Leia o manuscrito em voz alta a segunda vez para
expressar as unidades principais do seu pensamento. Dê especial atenção
aos pontos altos e às transições.
- Leia o manuscrito em voz alta a terceira vez
visualizando as pessoas às quais você vai pregar, tentando ao mesmo tempo
preservar os propósitos de sua primeira e segunda leitura.
- Deixe o manuscrito de lado uma hora antes da
pregação e não pense nele até pregá-lo. Não leve o manuscrito ao púlpito.
Tabela B
PREPARAÇÃO DE LONGO ALCANCE PASSO A PASSO
1.
Estudo da Bíblia.
2.
Leitura de livros.
3.
Pesquisa e redação de projetos especiais.
4.
Periódicos atualizados.
·
Dedique tempo regular para ler a Bíblia.
·
Sempre esteja estudando sistematicamente uma
parte da Bíblia – usando comentários e dicionários.
·
Esteja sempre lendo um bom livro. Quando
terminar um, comece outro.
·
Leia por áreas, ou seja, leia vários livros de
uma área e organize por áreas. Esforce-se por obter alguma competência em cada área: Teologia, Ética Social,
Psicologia Pastoral, Filosofia, Ciências, Literatura, etc.
·
Leia duas revistas atuais ou mais, realmente de
boa qualidade.
·
Tenha seu próprio projeto particular de pesquisa
e torne-se uma autoridade no assunto.
II - Conheça os tipos de sermões
1. Textual. Uma passagem curta
da Escritura é usada – Um versículo ou uma parte dele. Todas as divisões do
sermão (partes principais) são tiradas do texto.
2. Expositivo. Um parágrafo,
capítulo ou livro da Bíblia é usado como texto e todas as divisões ou partes do
sermão são extraídos dali.
3. Tópico. O tópico (tema) é
desenvolvido como base em si mesmo. Um texto pode ser usado como base ou ênfase
mas o texto não é a origem da estrutura do sermão.
III – Tenha uma lista
de materiais para estoque (cartões de índice, fichário, diário,
caderno de folhas
removíveis).
IV – Pregue sobre necessidades
e problemas humanos específicos que exigem
respostas cristãs.
1. Áreas de pregação
A. Verdades cristãs sobre:
1. Deus.
2. Jesus.
3. O Espírito
Santo.
4. Homem.
5. O Mal: a)
pecado b) sofrimento.
6. Salvação.
7. A igreja.
8. O reino de
Deus.
9. Oração.
10. A Bíblia.
11.
Imortalidade.
B. Problemas Humanos
1.Dificuldades
de personalidade que produz fracasso, inadequação, ansiedade, solidão,
preocupação.
2.
Ajustamentos na vida e decisões que devem ser feitas: férias, vida cristã,
parceiro para a vida.
3. Estresse
econômico.
4. Problemas
Morais.
5. Injustiça
social.
6. Ampliando
interesses individuais.
7.Problemas
eclesiásticos.
8. Conflitos
familiares.
9.
Infelicidades.
C. Necessidades humanas
1.
Necessidades físicas: Alimentação, repouso, sexo.
2.
Necessidades sociais: associação, amor,
solidariedade.
3.
Necessidades egoístas: Dominação, autonomia, realizações, aquisições, retenção,
conhecimento, atenção, destruição.
V - Reúna déias para
sermões.
·
As idéias “surgem” quando você lê, estuda,
conversa ou cumpre suas obrigações. Não se esforce para ter idéias. Receba-as.
·
Anote a idéia imediatamente. Não dependa da
memória para lembrá-la. Poucas frases são suficientes para indicar a essência
da idéia.
·
Arquive idéias escritas em uma pasta especial,
fichário ou caderno. Classifique-as por ordem de importância.
·
Dê uma olhada
nessas idéias ocasionalmente adicionando algumas frases se elas
ocorrerem. Você pode desejar descartar algumas idéias. Mantenha o arquivo
“vivo”.
VI - Reúna ilustrações
e citações.
·
Deixe-as surgir por si mesmas de sua leitura e
observação. Uma boa ilustração e citação
deve “pedir para ser lembrada”.
·
Tenha sempre um pequeno caderno ou cartões para
anotar e registrar a fonte. Não dependa da memória para relembrar.
·
Transfira os cartões ou as notas para algum
arquivo permanente.
·
Dê uma olhada geral ocasionalmente para
mantê-las familiar. Descarte aquelas que estiverem ultrapassadas.
·
Elabore seu próprio sistema de classificação ou
não use nenhum.
·
Anote em cada uma a data em que foi usado no
sermão. Não repita por sete anos!
·
Não assine revistas de citações e nem compre
livros de ilustrações. Eles são muletas que o enfraquecem.
VII – Tenha uma
bibliografia básica sobre pregação.
1. Bradfod, Charles E. Preaching to the Times. Ministerial Association Resource Center ,
General Conference.
2.
Stickland, Mike. Heralds of God’s
Word. Ministerial Association
Resource Center ,
General Conference.
3. Bresse, Foyd W. Successful Lay Preaching. Ministerial Association Resource
Center , General
Conference.
4. Hunt, Marvin. So You’ve Been Asked to Speak. Ministerial Association Resource
Center , General
Conference.