10/09/2011

O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO E O DOM DE LÍNGUAS


  
Material preparado pelos pastores: YURE GARCIA; HERBERT CLEBER e RAIMUNDO NONATO


Introdução

De todos os dons espirituais registrados nas Sagradas Escrituras, o Dom de Línguas tem sido um dos mais estudados e debatidos ao longo dos séculos. Tanto no contexto acadêmico como no âmbito da igreja local, este assunto sempre é alvo de polêmica, principalmente entre a comunidade laica cristã. De forma geral, há um consenso com relação à existência e validade deste dom ainda em nossos dias. Contudo, o cerne da discussão reside em basicamente duas problemáticas hermenêuticas: 1) como este dom se manifesta na vida dos crentes; e 2) se a manifestação deste dom deve ser considerada pelos cristãos como o sinal evidente e necessário do batismo no Espírito Santo 
Os movimentos conhecidos pelos nomes de Renovação ou Reavivamento Carismático, Pentecostalismo, Nova Penetração ou ainda Movimento Moderno de Línguas, são os principais grupos que advogam o suposto falar em “línguas estranhas” como estando associado inseparavelmente ao batismo do Espírito Santo. Esta doutrina tem arrebanhado muitos simpatizantes no catolicismo romano, nas denominações protestantes históricas, inclusive infiltrando-se sorrateiramente no seio da própria Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD).
O texto de 1 Coríntios capítulos 12-14 é de extrema relevância para que se realize um estudo exegético coerente e elucidativo do assunto em pauta. O presente trabalho tem como objetivo central, esclarecer a posição bíblica sobre o verdadeiro dom de línguas, a sua função prática na igreja contemporânea e sua pseudo-relação com o batismo do Espírito Santo. Esta breve monografia fará uso de léxicos, concordâncias, comentários bíblicos, fontes virtuais e outras obras de cunho teológico amplamente aceitas pela academia em geral.
Perícope
A perícope em que a porção escriturística analisada está inserida começa no verso um do capítulo 12 da primeira epístola aos coríntios com as seguintes palavras introduzindo o assunto: “Irmãos, quanto aos dons espirituais, não quero que vocês sejam ignorantes”, denotando o início de uma nova porção. O fim da perícope é encontrado no verso quarenta do capítulo 14, pois o verso posterior (1Co 15:1), Paulo escreve: “Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei...” introduzindo assim um novo assunto, demonstrando claramente que uma nova perícope teve início. 
O Que é o Dom de Variedade de Línguas
Segundo o conceito bíblico, o verdadeiro "Dom de Línguas", (ou glossolália) é a faculdade sobrenatural de falar em línguas estrangeiras sem tê-las aprendido previamente (I Co 14:11, 21). Consiste, portanto, em se expressar em formas definidas de linguagem peculiares a povos e nações deste mundo.
Ao contrário, os adeptos dos movimentos já citados anteriormente, pretendem que o dom de línguas consiste no balbuciar desconexo de uma espécie de palavras e sons incoerentes e sem sentido, proferidas em estado de êxtase espiritual, como se fossem línguas estranhas, misteriosas e completamente desconhecidas pelos homens, somente inteligíveis, segundo eles, por quem esteja carismaticamente preparado para sua interpretação. Partindo de falsos conceitos da doutrina bíblica sobre o assunto, os seus adeptos, incitam os crentes a procurarem essa experiência por todos os meios. Em conseqüência, as reuniões que promovem geralmente são caracterizadas por um aparente e ruidoso fervor espiritual, motivados pelo desejo de participarem de novas e excitantes experiências religiosas.
Localização do Texto e Análise das Versões
O assunto geral dos dons espirituais é mencionado pela primeira vez pelo apóstolo Paulo em Romanos 12, mas é discutido em maiores detalhes em 1 Coríntios 14. Um grande número de cristãos hoje desconhecem as razões específicas para Paulo escrever à igreja dos coríntios.
Convém observar que em certas edições da Bíblia na versão Almeida, consta a expressão imprópria “língua estranha”, por infeliz inserção do adjetivo "estranhas" feita pelos tradutores. Nota-se, porém que esta palavra está impressa em tipo diferente (itálico), para significar que ela não se acha no texto grego original. Em edições mais recentes, da mesma versão, esta palavra foi suprimida, sendo a expressão corrigida para "outras línguas". Consultem At 2:1-13; I Co 12:10, 28; 14:6-11, 18, 21.
Contexto Histórico, Político, Cultural
Para uma compreensão adequada dos textos em análise, faz-se necessário um estudo do seu contexto imediato (específico) e geral. Somente com este background, tornar-se-á possível a solução das principais dificuldades hermenêuticas das passagens pesquisadas.
Corinto era a capital da província romana da Acaia (Grécia), e tornou-se um dos maiores centros comerciais do Mediterrâneo, especialmente pelas condições de seu porto. Era uma cidade que se destacava também pela sua cultura cosmopolita, abrigando pessoas de culturas e tradições religiosas variadas. Um exemplo disto é o templo de Afrodite, a deusa da sensualidade.
Corinto era, sem dúvida, a igreja mais carnal mencionada na Palavra de Deus e precisou de pelo menos duas epístolas (alguns eruditos dizem que teriam sido três) de Paulo para corrigir seus erros! Mas, a despeito da sua carnalidade e abusos, o Espírito Santo tinha abençoado aqueles irmãos em uma tal medida que Paulo disse, "de maneira que nenhum dom vos falta." [1 Co 1:7]. Em outras palavras, eles tinham tantos dons quanto qualquer outra igreja daqueles dias. E, ao estudarmos atentamente o que Paulo teve a lhes dizer, torna-se prontamente aparente que muitos eram culpados de terem usado de forma inapropriada seus dons específicos - especialmente o dom das línguas. O fato da carnalidade deles é firmemente estabelecido no capítulo 3, em que lemos:
"E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis,nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?" [1 Co 3:1-3]

Portanto, vemos que toda essa epístola foi necessária devido aos excessos carnais por parte da igreja dos coríntios e é "leite" espiritual, em vez de "carne", ou alimento sólido.
No capítulo 12, Paulo começa a expor o assunto dos dons espirituais e, nessa exposição, enfatiza repetidamente (pois as crianças precisam da repetição para aprender de forma adequada) que o maior de todos os dons é a capacidade dada pelo Espírito Santo para a pregação da Palavra (capítulo 14, verso 5 - a ser discutido em detalhes posteriormente). Então, começando no verso 7 do capítulo 12, ele relaciona os dons em termos gerais e cada vez que faz isso, é sempre na ordem decrescente de sua importância relativa. Portanto, vamos começar com o verso 6 para colocar tudo em seu devido contexto:
"E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; e a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer." [1 Co 12:6-11]

Em seguida, Paulo reitera esse mesmo tema a partir do verso 28:
"E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos doutores? são todos operadores de milagres? Têm todos o dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam todos? Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente." [1 Co 12:28-31]

Observe que Paulo novamente relaciona esses dons na ordem decrescente de importância, com o verso 31 dizendo claramente que alguns são maiores ou melhores do que outros - com as línguas e sua interpretação sempre citadas no fim. E, no verso 30 ele faz perguntas com relação ao fato se todos na igreja possuíam esses dons - e a construção gramatical no original em grego sugere a resposta negativa em todos os casos. Portanto, aqueles que insistem que todos os crentes precisam exibir o dom das línguas como prova de sua salvação estão redondamente enganados!
A coisa interessante sobre o dom das línguas era que muito freqüentemente, a pessoa que exercia esse dom não compreendia o que estava dizendo! É por isso que Paulo lhes disse para buscarem o dom da interpretação (14:13; citado anteriormente). A palavra "língua" ou "línguas" é no grego glossa (o significado exato é incerto, mas provavelmente refere-se à língua física) e indiretamente refere-se às línguas, como algumas vezes usamos hoje (por exemplo, dizemos: "O português é nossa língua materna"). Isso fica fortemente inferido pelo que encontramos em Atos 2, quando falar em línguas estranhas começou no dia de Pentecostes. Judeus provenientes de muitos países diferentes estavam em Jerusalém por ocasião da festa, e quando Pedro e os outros, sob o controle do Espírito Santos, começaram a pregar para eles em sua própria língua nativa, lemos o seguinte:
"E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando? Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?" [Atos 2:7-8]

Portanto, a partir disso, é bem claro que o dom das línguas envolvia a pregação sobrenatural em idioma estrangeiro.
No entanto, muita confusão tem aparecido a respeito dos comentários em 1 Co 14:2 e 14:4 sobre aqueles que falam em línguas não falarem aos homens, mas a Deus - que o dom edifica aquele que o exerce (verso 4) - como se esse dom fosse limitado a algum tipo de êxtase celestial durante a oração do indivíduo a Deus. Uma limitação, ou dualidade de significado, simplesmente não pode ser o caso, pois a mesma palavra grega glossa é usada tanto em Atos 2 quanto em 1 Coríntios. E, como a narrativa em Atos nos diz sem qualquer dúvida que os judeus estrangeiros compreenderam o que estava sendo dito, precisamos buscar alguma outra explicação para essa passagem em particular. Assim, tomado no contexto em que é dada - isto é, Paulo falando aos crentes coríntios sobre a igreja deles - qualquer pessoa que falasse em um idioma estrangeiro para eles não seria compreendida e somente o próprio orador seria edificado. A edificação pessoal tinha um sentido de sarcasmo dirigido àqueles que estavam abusando desse dom. O verso 9 reitera a futilidade de falar sem que a igreja compreendesse e o verso 10 enfatiza o fato que aquilo que é dito constitui língua estranha.
Análise Textual
Glossa

Possui 3 significados:

1.    Órgão da fala - Mc. 7. 33; Lc. 1.64; At. 2.26; Ap. 16.10 

2.    Língua no sentido de idioma, meio normal de comunicação humana - Fl. 2.11; At.2.6; Ap. 5.9; Ap. 7.9; Ap.17.15 

3.    Sentido figurado. “Línguas de fogo”. Contexto de Atos 2.

Para caracterizar que era um simbolismo, é usada a palavra “como” no texto bíblico que antecede a expressão línguas de fogo.
Em nenhum lugar glossa é usada com o sentido que o carismatismo quer empregar em I Co. 14, como uma linguagem inteligível, celestial ou angélica, estática.
Glossa lalein

Significa “falar em línguas”. Esta expressão é encontrada apenas 5                       ocasiões no Novo Testamento. 

a) Mc. 16:17; b) At. 2:4, 6, 8, 11; c) At.10:46; d) 19:16; e) I Co: 12-14

Dessa expressão se originou o termo mais comum e aportuguesado que   é glossolalia, que significa “falar em línguas”.
Teologia Bíblica
Segundo a Bíblia, quando uma pessoa crê em Jesus Cristo para a salvação, naquele mesmo momento ela é "batizada no Espírito Santo" (I Co 12:13; Ef 1:13). O verdadeiro cristão tem o Espírito Santo porque creu e foi chamado (Rm 8:9-11). Não há nenhum período entre a conversão e o recebimento do Espírito Santo. Leia-se ainda I Co 12:3-6; Rm 6:3, 4; Ef 4:1-5; Gl 3:27-29; Cl.2:12.
No momento que ouvimos e cremos na palavra de Deus, fomos selados com o Espírito Santo ( Ef 1:13) e cada crente coloca-se no corpo de Cristo, com um dom que Ele lhe deu para capacitá-lo a funcionar nesse corpo. Isso não depende de experiências visíveis ou de seu subseqüente "revestimento do Espírito" (I Co 12:12-14, 18, 27; Rm 12:4-8; Jo 3:8).
Não há um sinal distintivo, como falar línguas, para evidenciar a presença ou o batismo do Espírito Santo. Exigir evidência física é andar pela "vista" em vez de pela fé. Gl 3:14; Ef 3:17-20; I Jo 3:24; 4:13; Ef 1:13. Os fenômenos de falar línguas estrangeiras, constantes dos relatos bíblicos, destinam-se a marcar o cumprimento de profecias (Jl 2:28, 29) e da promessa de Jesus aos seus discípulos e servir de sinal para os incrédulos da autenticidade de suas mensagens (Jo 14:16, 17, 26; Lc 24:49; I Co 14:21, 22). Não constituem um padrão permanente de experiência a ser procurado pelos cristãos para evidenciar a presença ou o batismo do Espírito Santo, como pretendem os adeptos do movimento moderno de línguas, porquanto os fenômenos relatados no livro de Atos apresentam-se com características diferentes entre si. Assim, eles erram tanto na compreensão da natureza como dos propósitos desse dom. Mt 22:29; II Pe 3:17, 18.
Biblicamente, a certeza da salvação decorre simplesmente de se crer na Palavra de Deus (Jo 1:12; 3:16), do testemunho interior do Espírito Santo (Rm 8:16; Ef 3:14-17) e da vida modificada resultante (Tt 3:5; I Jo 2:4; 3:14; 5:2, 3).
A Bíblia afirma que todos os salvos foram batizados no Espírito Santo (I Co 12:13; Ef 1:13), mas que nem todos falam línguas (I Co 12:30. Há inúmeros exemplos de personagens bíblicos que foram cheios do Espírito Santo e não falaram línguas estrangeiras (Sl 51:11; Is 61:1; Mq 3:8; Lc 1:41; 2:25-27; At 6:5-8; 11:24; etc). O próprio Senhor Jesus Cristo não falou em outros idiomas. Será que Ele não possuía o Espírito Santo?
O Novo Testamento (NT) relata 18 casos de derramamento do Espírito Santo, mas em 14 deles não menciona que o dom de línguas tenha sido concedido. As passagens bíblicas referentes ao revestimento, enchimento ou plenitude do Espírito Santo, que devemos almejar continuamente, não indicam a glossolalia como a sua evidência necessária, mas antes, os “frutos do espírito”, i.e., outros resultados e qualidades espirituais que manifestam e confirmam aquele estado (Ef 5:18-21; 4:11-13; Gl 5:22, 23; I Co 6:11; At 4:31; 5:32; Jo 14:16, 17; 16:13).
Sendo assim, a pretensão do moderno movimento de línguas, de que a glossolália é a evidência do batismo do Espírito Santo deve ser considerada como anti-escriturística.
Haveria ainda outros aspectos a considerar sobre a natureza desses movimentos, porém cremos que os enumerados acima são suficientes para demonstrar que as experiências que eles defendem não podem ser de Deus, porque contrariam os preceitos das Sagradas Escrituras, a nossa única e final autoridade para se determinar a fonte atual de qualquer experiência espiritual.
Teologia Aplicada
É provável que a grande maioria dessas manifestações seja de origem psicológica, motivadas pela intensa excitação dos sentimentos, por um ambiente fortemente emotivo, capazes de atuar em maior grau, de acordo com a estrutura psíquica de cada indivíduo. Há casos em que essas manifestações são artificiais, simuladas por pessoas que apenas querem acompanhar os outros, por questão de prestígio ou de constrangimento. Há ainda a possibilidade do fenômeno ser realizado sob a influência ou possessão demoníaca, conforme admitem os próprios defensores desses movimentos.
Ellen White confirma esta posição ao afirmar que “alguns... têm uma algaravia a qual chamam de língua estranha que é desconhecida não somente pelo homem, mas também pelo Senhor e todo o céu. Tais dons são manufaturados pelos homens e mulheres ajudados pelo enganador. Fanatismo, falso excitamento, falso ensino de línguas e cultos ruidosos têm sido enganados com isto”. I Testemunhos Seletos, 161.
 O crente coloca-se numa posição particularmente vulnerável quando é persuadido a suspender toda a atividade mental e a entregar a sua vontade a uma inteligência invisível, que presume ser o próprio Espírito Santo.
 Línguas Estáticas em Religiões Não-Cristãs
Os carismáticos acreditam que o dom de línguas, e línguas estáticas é uma marca registrada da igreja cristã. Porém, há a existência deste fenômeno dentro de outras religiões não-cristãs.

Foram encontrados exemplos de glossolalia em:

ü  Cerimônias religiosas dos Inut (tribo de esquimós);
ü  No Japão, a glossolalia ocorre em videntes em Hokkaido, Moji e no norte de Honshu, como uma dança religiosa;
ü  Entre os Palaung (Burma);
ü  No culto a zâr (Etiópia);
ü  Em tribos voodoos (Haiti);
ü  Em seitas primitivas na Malásia, Indonésia, Sibéria, China, Coréia, Arábia e especialmente na África;
ü  Dentro das religiões afro-brasileiras como candomblé, macumba e umbanda também evidenciam a presença do fenômeno;
ü  Até mesmo em grupos não religiosos como ateísmo e agnósticos podemos encontrar a glossolalia.

Podemos constatar que este considerado dom do Espírito Santo nada tem a ver com o Espírito Santo. Mas então qual é a origem deste “dom”?

Origem do Fenômeno Glossolálico 


Existem 6 opiniões básicas em relação à origem da glossolalia:

a)    Derivado do Espírito Santo: opinião dos pentecostais, mas sem apoio bíblico;

b)    Derivado de agentes satânicos: opinião que não pode ser descartada, mesmo porque se dá em religiões não cristãs, consideradas pagãs; 

c)    Derivada de um comportamento ensinado e aprendido (natural): esta hipótese também não pode ser descartada. Existem treinos para falar em línguas em muitos movimentos pentecostais; 

d)    Derivado de uma manufatura ou imitação: desde que o crente que fala línguas possui um status superior na igreja, muitos com o desejo de serem valorizados ou como resultado de terem uma vida cristã recomendável, imitam o que outros membros fazem. Muitas vezes o “dom” se manifesta em pessoas que não possuem uma vida cristã totalmente entregue à ação do Espírito Santo; 

e)    Devido à hipnose. Esta, devido a estudos recentes, pode ser rejeitada; 

f)     Derivado de mudanças neuropsicológicas, ou mudança no estado de consciência. Isto se dá através de uma atitude inconsciente ou até de aprendizagem e pode ser acompanhado de outras manifestações físicas, tais como: tremores e respiração alterada. De acordo com pesquisas recentes, esta é a causa considerada principal para se explicar o fenômeno glossolálico. De qualquer forma, este é um exercício perigoso, pois o indivíduo entrega ou abre sua mente para um estado desconhecido. 

Após minuciosos e exaustivos estudos realizados sobre gravações dessa fala atabalhoada, eruditos lingüísticos chegaram à conclusão que ela não tem qualquer base de linguagem, pois não apresentam nenhuma estrutura ou regra gramatical, características de um idioma. Por conseguinte, as chamadas "línguas estranhas" apregoadas pelos modernos glossolalistas como sendo línguas desconhecidas, são apenas uma forma de "fala extática", formada pela emissão confusa e repetida de sílabas e sons em estado de êxtase, porém totalmente desconexos e ininteligíveis (I Co 14:9). Muitas vezes esses fenômenos são acompanhados de gritos, piados, grunhidos, uivos,batidas de pé, tremores, convulsões e outras manifestações físicas anormais e completamente descontroladas, que também não se harmonizam com as normas bíblicas de decência, ordem e autocontrole (I Co 14:28, 30, 32, 33, 40; Gl 5:22, 23).


Avaliação da Experiência Glossolálica


a)    Substituto psicológico em nome do divino;

b)    Experiência passa a ser o critério da verdade e religião;

c)    Como um mecanismo de escape, é apenas temporário, como a bebida e as drogas;

d)    Encorajamento do orgulho espiritual;

             e)    Substituição da fé pela tangibilidade da experiência;
             f)       Possível uso satânico.

BREVE RESUMO DAS CONSIDERAÇÕES
  1. O dom de línguas é um dos dons espirituais distribuídos por Deus na Igreja. I Co.12: 1-31; 14:1-5, 12, 39, 40; Ef 4:7, 8, 11, 12.
  2. Esse dom consiste na capacidade de falar idiomas estrangeiros sem antes tê-los aprendido, concedida por obra e vontade do Espírito Santo. Trata-se, portanto, de falar línguas reais, faladas por outros povos deste mundo e não de simples emissão de sons incompreensíveis e sem sentido, como se fossem línguas desconhecidas, misteriosas ou celestiais. At 2:1-13; I Co12:7; 14:6-11, 18, 19.
  3. A finalidade primordial desse dom é evangelizar o mundo descrente.    At 2:1-13, 17, 18; 10:44-46; 19:1-6; I Co.14:3, 24, 25;  Mc.16:15, 17.
  4. A sua manifestação dentro da Igreja, nas reuniões cristãs, somente é permitida se houver intérprete, pois, se ninguém entende o que se dissesse não haveria nenhum proveito para a edificação espiritual da mesma, além disso, a sua eventual apresentação deve estar sujeita à ordem e disciplina, para evitar a confusão e o barulho que a ninguém edificam. I Co.12:7; 14:1-23, 27, 28, 32, 33, 39, 40.
  5. Falar em outra língua não representa a prova evidente ou necessária de recebimento do Espírito Santo, ou o Seu selo, ou o Seu batismo. Somente aplicando os critérios bíblicos poderemos distinguir entre as verdadeiras manifestações do Espírito Santo e as suas falsificações, disseminadas em muitas igrejas contemporâneas. Jo 14:15, 16; 16:13; At 2:4, 6-8, 38, 39; 4:31; 5:32; 11:24; I Co 3:16; 6:11; 12:4-7, 28-30;      Gl 3:14; 5:22, 23; Ef 4:11-13.
CONCLUSÃO E SOLUÇÃO DA CRISE
O moderno movimento de línguas reflete a confusão e a ignorância quanto à doutrina bíblica. Os seus seguidores pertencem às mais variadas correntes religiosas, professam diferentes e antagônicos princípios de fé, de doutrina e de prática, porém se consideram batizados no Espírito Santo só porque falam "línguas estranhas". Todas as espécies de fundamentos doutrinários são aceitos, conquanto que a pessoa tenha tido essa experiência. Como admitir-se a sábia e ordenada direção do Espírito Santo nesse aglomerado heterogêneo de idéias contraditórias que negligenciam a doutrina bíblica e desprezam os mandamentos de Deus.
Mas, de qualquer forma, essas falsas manifestações do "dom de línguas" serão eliminadas se forem aplicadas rigidamente as normas bíblicas sobre o assunto, quanto a sua natureza, finalidade e prática.
Naturalmente que Deus tem o poder de fazer hoje em sua Igreja o que fez no passado, nos tempos apostólicos, quando a mesma estava incipiente, outorgando-lhe os dons conforme as suas necessidades. Porém, Ele o fará somente quando lhe aprouver, de acordo com os seus propósitos, e não segundo a vontade do homem, ainda que sinceramente convicto, mas baseado na má interpretação da sua Palavra.
BIBLIOGRAFIA

GULLEY, Norman. Cristo Viene! Buenos Aires – Argentina: Asociación Casa Editora Sudamericana, 1998.
STOTT, John. Batismo e plenitude do Espírito Santo. São Paulo: Vida Nova, 2005.
WHITE, Ellen G. Atos dos Apóstolos. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998.
________. Testemunhos Seletos Vol I. Tatuí – SP: Casa Publicadora Brasileira, 1998.

09/09/2011

A ÉPOCA HISTÓRICA DE DANIEL


Artigo  de Edwin R.Thiele.


Para entender a mensagem de Daniel é importante conhecer sua época. Quando o leitor casual considera o livro de Daniel e o período do cativeiro babilônico em que foi escrito, ele pode pensar que este livro se aplica a um período muito remoto da história antiga. Mas isto não é bem verdade. Embora Daniel se achasse em Babilônia, cerca de seiscentos anos antes da era cristã, o mundo naquele tempo já era velho e podia contemplar atrás de si uma antiguidade considerável. Neste capítulo será dado um breve resumo do Antigo Oriente na era de Daniel.

I. ANTIGA MESOPOTÂMIA
No período inicial do segundo milênio A.C. a Mesopotâmia não estava unida sob um governo central. Várias cidades em épocas diversas exerceram poder considerável; entre elas encontramos Ur, Isin, Babilônia e Larsa.
A. Larsa
Aproximadamente em 1900 A.C. a cidade de Larsa veio a ser controlada por Cudor-Mabug, rei de Elão, cujos dois filhos, Warad-Sin e Rim-Sin governaram sucessivamente a cidade. O domínio elamita estendia-se nesta época por uma vasta área do sul de Babilônia, e continuou até Hamurábi finalmente conseguir o controle.
B. Babilônia
A cidade de Babilônia não era um poder preponderante na Mesopotâmia antes de 2000 A.C. Depois de várias lutas entre as cidades-estado a supremacia começou a depender de uma luta entre Larsa e Babilônia. No principio do reinado de Rim-Sin, Hamurábi já era vassalo do rei de Larsa. Porém, sacudiu de si o jugo elamita e logo depois tornou-se chefe de toda a Babilônia. Era um gênio militar notável, mas é malos conhecido pelo famoso código de leis que traz seu nome. Seu reino é fixado de 1870-1827 A.C. Hamurábi é provavelmente o Anrafel de Gên. 14, que aliado ao rei elamita Quedorlaomer atacou Sodoma e levou também a Ló como cativo. Um dos fatos que se ressalta na cidade de Babilônia era o culto ao Deus Marduque. Marduque era preeminente na Mesopotâmia por esses tempos e tornou-se logo o chefe do panteão bíblico. O nível de vida era altamente civilizado e o país prosperava. O templo se constituía o centro da vida de toda a comunidade. A cidade de Babilônia enfraqueceu e em 1.700 A.C. caiu diante dos invasores hititas. O período que se seguiu é obscuro e caótico. Mais tarde começou a ter a aparência de seu antigo poder, mas enquanto a Assíria existiu, houve uma luta constante com essa nação em disputa pela supremacia dos vales do Tigre e Eufrates.
C. Cassitas
Após a queda de Babilônia diante dos hititas, os cassitas conseguiram o domínio na Babilônia e assim permaneceram no poder cerca de 600 anos.

II. HITITAS
Os hititas habitavam na Ásia Menor. No segundo milênio antes de cristo eles tiveram considerável preeminência. Era um povo grosseiro dado à guerra. Seu rei Murshilish em 1700 A.C. levou a cabo uma invasão na cidade de Babilônia. De 1650 a 1380 atravessaram um período de obscuridade e fraqueza, após o qual, o novo império hitita se tornou um dos mais fortes do oriente. O império chegou ao fim em 1200 A.C.. Ele foi dividido em numerosas tribos que enfraquecidas habitaram varias cidades no norte da Síria e no sul da Ásia Menor.

III. EGITO
O Egito tornou-se uma nação de importância numa época muito primitiva da historia. Quando as águas do dilúvio se retiraram do norte da África e as águas do poderoso Nilo se encontravam num nível superior ao atual de cem pés, é que se encontraram os primeiros vestígios do homem primitivo nas praias do antigo rio. A cultura primitiva do Egito teve muitos contatos com a cultura da Mesopotâmia que a precedeu. Mas o Egito rapidamente desenvolveu um conjunto cultural tão brilhante que excedeu ao do oriente antigo. Houve um admirável desenvolvimento da arquitetura, escultura, pintura e ciência, governo e literatura. As pirâmides nos vêm do terceiro milênio A.C..
A. Império Antigo
Esta foi a era das pirâmides. Entre os poderosos faraós desta época estão Zozer, Snefru, Quéfren e Quéops. Foi Quéops que construiu a grande pirâmide, ao passo que a esfinge é um trabalho de Quéfren.
B. O Império Médio 2050-1780 A.C.
Este período cobre a 12a., 13ª., e 14ª. dinastia. Após um período decadente a 12ª. dinastia surgiu com reis capazes e vigorosos. A capital foi mudada de Tebas no sul do Egito para Lisht no norte. O reino de Sesóstris III (1887-1849) foi marcado por uma série de campanhas militares vitoriosas contra as regiões do sul do Egito e interior da Síria. Amenemhet III (1849-1801) foi um grande construtor. Houve extensos melhoramentos no "Fayum" e grande prosperidade no Delta. A arte, a literatura, alcançaram o mais alto desenvolvimento.
C. O Período dos Hicsos 1750-1570 A.C.
Lá pelo ano de 1750 A.C., o Egito passou a ser governado pelos reis hicsos. Os hicsos tinham vindo ao Egito da Ásia e por quase duzentos anos conservaram o governo. Quase não há informações sobre as ocorrências no Egito durante este período.
D. O Império Novo: 1580-1200 A.C.
Este é o período imperial da história egípcia. O primeiro rei desta dinastia expulsou os hicsos, Ahmose I. Hatxepsut foi a rainha egípcia mais famosa e provavelmente era a "filha de Faraó" do tempo de Moisés. Tutmés III (1501-1447) foi o faraó mais poderoso do Egito. Empreendeu uma série de campanhas militares pelas quais toda a Palestina, Síria, até o Eufrates foram submetidas ao governo egípcio. Ele é provavelmente o faraó da opressão. Amenhotep II (1447-1420) é, ao que tudo indica, o faraó do êxodo. Amenhotep III (1411-1375) e Ikhnaton (1375-1358) foram os reis do período "Amarna". O último rei estabeleceu uma nova capital em "Tell el-Amarna", onde se encontraram as famosas cartas de Amarna, que forneceram um quadro vivo das condições na Ásia ocidental daquele tempo. Os reis acima pertencem todos à 18ª. dinastia. Ramsés II (1292-1225) foi o principal monarca da 19a. dinastia. Foi um grande construtor, mas era inteiramente implacável na destruição das edificações egípcias primitivas para servir-se dos materiais para suas próprias atividades construtoras.
E. O Declínio Final
Na 20ª. dinastia (1200-1090) cortejou um período de declínio e debilidade que só terminou com o fim da independência do Egito, completamente dominado por poderes estrangeiros. Sob a 20ª. dinastia os sacerdotes de Amon em Tebas se enriqueceram extremamente e se encheram de poder, ao passo que os reis eram fracos, incapazes de manter a ordem interna e precaver-se contra a entrada de inimigos exteriores. Na 21ª. dinastia (1095-945) uma ordem de sacerdotes se estabeleceu no trono em Tebas, enquanto em Tânis governava uma categoria de reis seculares. Os líbios estavam penetrando no Delta.
A 22ª. dinastia (945-745) foi uma ordem de reis líbios. Sua residência foi em Bubastis. O fundador desta dinastia, Sisak I (945-924) atacou Judá no quinto ano de Roboão. A 23ª. dinastia foi, sem dúvida alguma, contemporânea, em parte, da 22ª. dinastia. Muito pouco se sabe deste período. O Egito estava extremamente fraco. Havia vários senhores governando independentemente no Delta. Foi neste tempo que Sô rei do Egito encorajou Oséias de Israel a rebelar-se contra a Assíria, do que resultou o fim do reino de Israel. A 24ª. dinastia consistiu num só rei, Bochorris (718-712).
A 25a. dinastia (712-663) compreendeu uma linhagem de reis etíopes de boa capacidade. Este foi o período da supremacia Assíria. Neste tempo Assaradão e Assurbanipal invadiram o Egito e o dominaram por algum tempo.
A 26ª. dinastia (663-525) reinou durante o período do renascimento egípcio. O comércio floresceu, os gregos tornaram parte preeminente no Egito como comerciantes e soldados. Houve um grande renascimento da arte e literatura. Foi Neco II (609-593) desta dinastia que matou Josias em Megido.
No ano de 525 Cambises da Pérsia conquistou o Egito e tornou-se o primeiro rei da 27ª. dinastia (525-405). Depois dos persas o Egito foi governado pelos gregos sob Alexandre e os Ptolomeus, e depois pelos romanos.

IV. ASSÍRIA
O território Assírio ocupava a parte norte da Mesopotâmia, ao passo que Babilônia se estendia ao sul. Mas como cada uma destas nações se tornou forte, elas estenderam seus domínios uma sobre a outra. Os assírios eram másculos, dados à guerra. Eles legaram à posteridade um modelo de império que todos copiaram com demasiado entusiasmo. Os reis assírios conservaram anais de seus reinos de valor inestimável ao estudante de história. Suas listas epônimas são de valor imensurável aos cronologistas.
Tiglate-pileser I (1115-1076 A.C.)
Este é o primeiro rei assírio de cujo reino temos detalhados relatórios históricos. Foi um grande guerreiro, e é o primeiro rei da Assíria do qual se sabe ter feito uma campanha no Mediterrâneo.
Assur-nasirpal II (884-859 A.C.)
Há valiosos relatórios completos disto rei e seu reino. Foi um guerreiro capaz e cruel. Efetuou campanhas extensas na área do Mediterrâneo.
Salmanasar III (859-824 A.C.)
Este rei foi contemporâneo de Acabe e Jeú de Israel. Ele provocou a derrota de um grupo de aliados ocidentais, entre eles Acabe, na batalha de Carcar, 853 A.C. Seu obelisco negro mostra Jeú de face voltada para o chão, prestando homenagem diante do rei da Assíria. Empreendeu numerosas campanhas militares até ao Mediterrâneo:
Adad-nerari III (811-783 A.C.)
Numa série de campanhas no ocidente este rei restabeleceu a sujeição dos hititas, Fenícia, Damasco e a terra de Onri. Este reino foi seguido por um período de grande fraqueza e dificuldade na Assíria.
Tiglate-Pileser III (745-727 A.C.)
Um dos maiores reis assírios. Este reino marcou o início da maior supremacia da Assíria. No tempo de Peca e Acaz ele avassalou Israel e Judá e conquistou a Babilônia.
Salmanasar V (727-722 A.C.).
Neste tempo o Egito induziu Oséias de Israel a revoltar-se contra a Assíria, como resultado, Samaria foi cercada por três anos, e o reino de Israel deixou de existir.
Sargão (722-705 A.C.)
A Assíria não se encontrava no apogeu de sua força. O rei enfrentou desapiedadamente as revoltas do oeste e deportou muitos habitantes dos estados rebeldes para a Assíria, construiu uma grande capital em Dur-Sarrukim. Batalhou algumas vezes contra os medos que começavam a se agitar, e com Merodaque-Baladã que se esforçava para estabelecer-se em Babilônia. Os reis da Assíria eram também os reis de Babilônia neste tempo.
Senaqueribe (705-681 A.C.)
Após várias revoltas este rei destruiu a cidade de Babilônia. Invadiu Judá mas caiu ao tentar escravizar Ezequias.
Assaradão (681-669 A.C.)
Reconstruiu Babilônia. Invadiu o Egito e capturou Mênfis. Teve, entretanto, um domínio precário na terra do Nilo de 675-673 A.C.. Houve ameaças contra a Assíria pelos urartes, cimérios, medos e elamitas, mas Assaradão conseguiu manter o império unido.
Assurbanipal (669-633 A.C.)
Este foi o último grande rei da Assíria. Foi um grande construtor protetor das artes e letras. Possuía uma esplêndida biblioteca. Durante seu reinado os cimérios invadiram o noroeste, enquanto os citas obrigaram os medos e persas a recuarem para o sul, pois representavam uma grande ameaça para a Assíria. Seus anais terminam abruta e misteriosamente em 636 A.C. . A Assíria achava-se diante do fim de sua carreira.
Sin-shar-ishkum (629-612 A.C.)
Este rei aliou-se ao Egito, mas não conseguiu salvar sua nação. Pereceu com Nínive, sua capital, diante dos medos e babilônios em 612.
Assur-Ubalit (612-608 A.C.)
Embora com a capital destruída, um remanescente assírio ainda opôs uma brava resistência em Harã. Parece que tiveram o apoio de Neco do Egito, mas a Assíria chegou ao fim diante das poderosas arremetidas dos exércitos neo-babilônicos.

V. NEO-BABILÔNIA
Esta é a última época áurea de Babilônia. Com a Assíria fora do caminho, a Babilônia tornou-se senhora do Leste.
Nabopolassar (626-605 A.C.)
Este rei iniciou a sua carreira como administrador no sul de Babilônia. Era um guia capaz e ambicioso que aproveitava cada oportunidade para estender seu governo às expensas do desdobramento do império assírio ao norte. Era aliado dos medos
Nabucodonosor (605-562 A.C.)
Este foi o grande rei da Neo-Babilônia. Era um eminente guerreiro e grande construtor. Foi ele quem pôs fim ao reino de Judá em 586 A.C.. Durante o seu reinado a Babilônia tornou-se uma das mais belas e mais bem fortificadas cidades do mundo antigo.
Amel-Marduque (Evil-Merodaque): 562-560 A.C.
Filho de Nabucodonosor, fraco e ineficiente.
Nergal-sharusur (Neriglissar) : 560-556 Genro de Nabucodonosor.
Labashi-Marduque (Laboroso-Arcod): 556 A.C.
Reinou apenas por alguns meses.
Nabonido (Nabonidus): 556-539 A.C.
Genro de Nabucodonosor. Seu interesse especial parece ter-se concentrado na arqueologia e nos serviços dos deuses. Ele esteve ausente da capital do seu reino durante boa parte do tempo. Nesta ausência residiu em Tema, norte da Arábia e seu filho Belsazar reinou em seu lugar, em Babilônia. Foi neste período que os medos e persas uniram os seus exércitos e forjaram o ataque diante do qual a Babilônia finalmente sucumbiu em 539.

VI. MEDO-PÉRSIA
Aproximadamente no ano 100 A.C., os medos eram um povo mal organizado que viviam do pastoreio no leste da Assíria. No oitavo século consolidaram-se no reino. Os persas estavam-lhes intimamente relacionados. Eles tinham o seu reino próprio mas no primeiro período o rei da Média era também senhor da Pérsia. Foi de Ciro em diante que os persas foram governados por um rei persa.
MÉDIA
Ciáxares (625-585 A.C.)
Durante a última parte do sétimo século A.C., Ciáxares transformou a Média num poder dominante no Leste. Atacou vigorosamente a Assíria e capturou a cidade de Assur em 615 A.C.. Neste tempo aliou-se com Nabopolassar da Babilônia. Fez extensas conquistas no nordeste e ampliou o seu domínio por toda a região ate o rio Halis, na Ásia Menor.
Astíages (585-550 A.C.)
Este é o último rei da Média de quem há valiosos relatórios. Durante o longo reinado de Nabucodonosor, a Média manteve relações amigáveis com Babilônia, mas quando Nabucodonosor morreu, Astíages começou a estender o seu reino com detrimento do seu ex-aliado. Enquanto isto, os medos e persas estavam fortemente aliados, com a Média ainda em posição dominante. Contudo, a situação modificou-se rapidamente sob o ambicioso Ciro a quem Astíages ficou sujeito. Os reis da Média rapidamente chegaram ao seu fim enquanto os reis da Pérsia continuavam a governar.
PÉRSIA
Ciro II (559-530 A.C.)
Até este tempo os reis da Pérsia eram sujeitos aos medos. Em 550 A.C. Ciro II submeteu seu tio Astíages, e desde então, os persas mantiveram a soberania sobre os medos. Em 539 A.C um exército composto de persas e medos capturou Babilônia. Deste ano em diante, Ciro foi o dominador do oriente, como capital do seu reino, escolheu Babilônia. Ciro evidencia-se por sua política bondosa e conciliatória. Foi ele quem promulgou o primeiro decreto no sentido de permitir aos exilados judeus voltarem aos seus lares, do cativeiro babilônico.
Cambises (530-522 A.C.)
Conquistou o Egito em 525 A.C. Deste tempo em diante os reis da Pérsia governaram como faraós do Egito.
Esmérdis (ou Bardiya): 522 A.C.
Impostor que usurpou o trono durante a permanência de Cambises no Egito. Foi banido por Dario I.
Dario I (522-486 A.C.)
Este rei foi forçado a sufocar várias revoltas logo que alcançou o trono. Ele preservou um relatório destas campanhas na famosa inscrição de Behistun. No terceiro ano de seu reinado emitiu um decreto reforçando o direito dos judeus continuarem o trabalho de reconstrução do seu templo em Jerusalém. Dario abafou uma revolta dos gregos étnicos na Ásia Menor e então invadiu a Europa mas foi vencido na famosa batalha de Maratona em 490 A.C.
Xerxes (486-465 A.C.)
Xerxes levou a cabo a grande invasão da Grécia na qual tomou Atenas. Após duras perdas, foi vitoriosa a sua batalha nas Termópilas mas perdeu a esquadra em Salamina. Por fim os persas foram expulsos do solo grego. Esta foi uma das maiores reviravoltas da historia.
Artaxerxes (465-423 A.C.)
A Pérsia ficou enfraquecida nestas desastrosas guerras com a Grécia. No sétimo ano do seu reino, Artaxerxes promulgou o famoso decreto permitindo aos judeus voltarem à Judéia sob a mão de Esdras. Mais tarde Neemias, o seu copeiro, foi mandado à Judá como governador com autoridade para reedificar os muros de Jerusalém.
Dario III (336-331 A.C.)
Foi o último rei da Pérsia. Organizou um imenso exército para enfrentar Alexandre, mas falhou totalmente nos esforços para salvar o reino. A derrota final lhe sobreveio na batalha de Arbelas em 331 A.C.. Esta data marca o fim da Pérsia e o começo da supremacia grega no oriente.

VII. GRÉCIA
A sorte da história grega à qual nos referimos e que nos interessa não é propriamente a época áurea, mas o último período quando a Grécia sob Alexandre conseguiu o domínio de todo o mundo oriental.
Felipe II (359-336 A.C.). Felipe era o hábil governador da Macedônia que se fez senhor de toda a Grécia. Ele estava planejando uma guerra contra a Pérsia ao sobrevir-lhe a morte.
Alexandre o Grande (336-323 A.C.)
Alexandre foi um dos maiores líderes militares da história. Em 334 iniciou a invasão da Ásia Menor. Dario III foi derrotado na batalha de Issos em 333 A.C.. Tomou Tiro depois de um cerco de dez meses e conquistou o Egito sem golpe algum. Em 331 A.C., venceu as hostes persas em Arbelas e viu-se senhor do oriente. Penetrou no coração da Ásia, e por fim voltou Babilônia onde morreu em 323 A.C. com apenas trinta e dois anos de idade. Houve grande confusão após a sua morte. Nenhuma provisão havia sido feita quanto ao seu sucessor. Como resultado houve uma série de guerras. Finalmente, em 301 A.C., o reino foi dividido entre quatro de seus generais, Ptolomeu recebeu o Egito; Seleuco, a Síria e a Mesopotâmia; Cassandro, a Macedônia e a Grécia; Lisímaco, tomou a Trácia e porções da Ásia Menor.

VIII. ROMA
Após a Grécia, Roma dominou o mundo oriental. As guerras púnicas (264-146 A.C.) marcaram um grande passo para Roma dominar o mundo.
A destruição de Cartago em 146 A.C. eliminou um dos maiores rivais de Roma. As guerras macedônicas cobriram o período que vai de 215 a 168 A.C., e o resultado foi a sujeição não só da Macedônia, mas também parte da Ásia Menor. Em 146 A.C. foi subjugada uma revolução na Grécia e Corinto; o centro da revolta foi completamente destruído.
Jerusalém caiu nas mãos romanas de Pompeu em 65 A.C.. Júlio César intensificou suas conquistas na Gália e Germânia e cruzou o canal da Mancha. Foi ditador de Roma de 48-44 A.C.. Augusto reinou de 27 A.C. até lá 14 d.C.. Isto se deu três séculos antes de Roma cair finalmente diante das arremetidas dos bárbaros do norte.

IX. ISRAEL E JUDÁ
Após os preeminentes reinados de Saul, Davi e Salomão, a monarquia hebraica se dividiu e continuou sua história sob dois reis, o de Judá e Israel. Estes reinos mantinham contatos freqüentes com as nações ao redor. Houve guerras freqüentes que resultaram, finalmente, no aniquilamento de ambos, Israel e Judá. Segue uma lista dos reis das duas nações.
REIS DE ISRAEL REIS DE JUDÁ
Jeroboão I 931-910 Roboão 931-913
Nadabe 910-909 Abias 913-911
Baasa 909-886 Asa 911-870
Ela 886-885 Josafá 873-848
Zinri 885 Jorão 853-841
Tibni 885-880 Acazias 841
Onri 885-874 Atalia 841-835
Acabe 874-853 Joás 835-796
Acazias 853-852 Amazias 796-767
Jorão 852-841 Uzias 791-740
Jeú 841-814 Jotão 750-736
Joacaz 814-798 Acaz 736-716
Jeoás 798-782 Ezequias 716-687
Jeroboão II 793-753 Manassés 696-642
Zacarias 753-752 Amon 642-640
Salum 752 Josias 640-608
Menaém 752-742 Joacaz 608
Pecaías 742-740 Joaquim 608-597
Peca 752-732 Joaquim 597
Oséias 732-723 Zedequias 597-586

X. BIBLIOGRAFIA
Breasted, Janes Henry, A History of Egypt
Caldwell, Wallace Everett, The Ancient World, Cambridge Ancient History
Engberg, Robert Martin, The Dawn of Civilization
Finegan, Jack, Light from the Ancient Past, pp. 3-214
Goodspeed, George Stephen, A History of the Babylonians and Assyrians
Hall, H. R. H., The Ancient History of the Near East
Hyma, Albert, An Outline of Ancient History
Jones, Alonzo Trevier, The Great Empires of Prophecy
King, L. W., A History of Babylon
Laistner, M. L. W., A Survey of Ancient History
Moret, Alexandre, The Nile and Egyptian Civilization
Olmstead, A. T., History of Assyria
_____________, History of Palestine and Syria
Perkins, Clarence, Ancient History
Rogers, Robert William, A History of Ancient Persia
Sanford, Eva Matthews, The Mediterranean World in Ancient Times
Smith, Charles Edward, and Moorehead, Paul Grady, A Short History of the Ancient World
Smith, Sydney, Early History of Assyria
Steindorff, George, and Seele, Keith C., When Egypt Ruled the East
Trevor, Albert A., History of Ancient Civilization
Woolley, C. L., The Sumerians