30/04/2009

REFLEXÃO SOBRE O TEMA: LEI X GRAÇA


Você já ouviu que nós não devemos mais guardar os mandamentos de Deus já que estamos sob a graça? Será isto verdade? Muita gente boa e sincera tem falado isto, será que eles não estão com a razão? Este é um tema muito importante para analisarmos hoje. Veremos qual o papel da lei e da graça na salvação, e também se ainda é importante obedecermos à lei, já que não estamos debaixo dela.
Primeiramente veremos o que é graça e porque precisamos dela.

I. A GRAÇA

a) O que é?
“Graça - (do hebraico hessed; do grego charis; do latim gratia) Favor imerecido concedido por Deus à raça humana. É um fluir único da bondade e generosidade de Deus. O objetivo da graça é duplo: 1. salva o homem do pecado; e 2. restringe a ação deste (pecado), levando o homem a viver nas regiões celestiais em Cristo Jesus. A graça, ensina o apóstolo Paulo, é operada pela fé.”[1]

Somos salvos pela graça (Ef. 2:5,8) e alcançamos esta graça pela fé, que também é um dom de Deus (Ef. 2:8). Ele nos veste com vestes de salvação (Is. 61:10). Pelo próprio conceito dado, aprendemos que não fazemos ou temos nada que nos torne merecedores da salvação (que vem pela graça). Ela simplesmente é fruto do amor (Jo 3:16) e da misericórdia de Deus ( Ef. 2:4,5).
Esta graça está disponível a todos os homens (Ler Tt 2:11). Ela produz justificação, santificação e, por fim, glorificação. É muito importante saber que sem a graça de Deus não há salvação para nós (Ef. 2:8,9). Por mais que nos esforcemos, não produziremos justiça própria que nos garanta a entrada no céu (Is. 64:6). Só nos resta aceitar o convite da graça em Is. 1:18, 19.

O que ocasionou a necessidade da graça de Deus para nossa salvação? Por que o nosso caso é tão sério que unicamente pela intervenção divina pode haver esperança para nós? Veremos a seguir.
b) Nossa necessidade dela
Para entendermos o porquê da nossa necessidade da graça precisamos analisar a nossa condição.
Deus criou o Homem no Éden e estabeleceu a condição para a vida –“Não coma do fruto da árvore do meio do jardim, pois se comer, morrerá”. Mas houve desobediência, e como conseqüência veio a punição – morte e condenação de morte eterna. Estávamos perdidos, entrara o pecado no mundo.

Já que o pecado entrou, não poderia sair com um pedido de desculpas ou com arrependimento e estaria tudo bem? Para responder, vamos ver o que é pecado.

Além do ato o pecado pode ser: “Um Sentimento: Mt. 5:22; Um Desejo: Mt. 5:28; Omissão: Tg. 4:17; Parcialidade: Tg. 2:9; Defeito de caráter: Mt. 7:18-20; Mt. 15:18-20; Fanatismo (Proibir ou condenar aquilo que Deus nunca proibiu ou condenou) Cl. 2:20-23, I Tm. 4:1-3; Estado: Ignorância culposa – At. 13:22; Jo. 3:10-12; e Escassez de Poder: Rm. 11:17; At. 3:17,18; Natureza: Rm. 7: 14-23; transgressão da lei: I Jo. 3:4.”[2]

Tal é a situação, que Paulo chega a afirmar que nós sem Deus nos encontramos “mortos em nossas ofensas e pecados” (Ef. 2:1-3). Não há esperança de salvação, pois o pecado gerou: “Rm 7:7-13 – Condenação, culpa; Rm 3:23 – Destituição da Glória de Deus; um mal hereditário e Universal – Sl. 51:5; Rm 3:9-18; alteração da natureza humana (Natureza pecaminosa); perda da Imagem moral de Deus (Justo, Santo e Perfeito), que afetou negativamente o relacionamento pessoal com Deus (separação, Gn 3:8; Is 59:2) e o interpessoal (Gn 3:12,13); perda da dignidade pessoal, vergonha do corpo (Gn 2:25; cf. 3:7); Hostilidade com a natureza (Gn 3:17,18); sofrimento e morte (Gn 3:16,17-19); Culpa (Rm 3:13; Tg 2:10); Expulsão do Éden (Gn 3:22-24) e Tendência inata de buscar a salvação pelos próprios meios (Gn 3:7)”[3]

Por isso, precisamos de um salvador, não podemos salvar-nos por nós mesmos. Tudo que façamos estará contaminado com a mancha do pecado. Aí entra o amor de Deus: sabendo que somos incapazes de restaurar por nós mesmos o ideal edênico, de operarmos uma reconciliação, Ele, por Sua graça, nos salva, nos regenera e nos capacita a estar em Sua presença.

Dessa forma, vimos que a graça é boa, é um dom de Deus, não fizemos nada para merecê-la, mas a recebemos por fé. E ainda vimos que precisamos dela para sair da condição deplorável em que nos encontramos. Logo, a graça é maravilhosa, mas e a Lei, o que dizer dela?

II. A LEI

a) O que é?
A lei de Deus é uma descrição de Seu caráter. Deus é: Santo (Lv. 19:2); Justo (Sl. 145:17); Bom (Sl. 34:8); Eterno (Is. 40:28); Imutável (Ml. 3:6); Amor (I Jo. 4:8), apenas para citar algumas das características de Deus. Sua Lei também é Santa (Rm. 7:12); Justa (Rm. 7:12); Boa (Rm 7:12); Eterna (Sl. 119:144); Imutável (Sl. 89:34); e o cumprimento dela é o Amor (Rm. 13:10).
Em Êxodo 20, é encontrada e chamada de “lei moral”, mas existem também outras leis, como a “cerimonial” e a de “saúde”, por exemplo. Ela nos foi dada como um padrão de conduta tanto para o nosso relacionamento com Deus, como para com os homens. É dever de todos os homens guardá-la (Ec. 12:13),e isto só é possível com a ajuda de Jesus (Jo 15:5).

Existe um “porém” quanto à guarda da lei: obedecê-la não produz salvação (Gl. 2:16). Então porque guardá-la? Qual o papel dela? Veremos a seguir.

b) Para que existe a Lei?
b).1 Mostrar o pecado – I Jo. 3:4 “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.”; Rm 3:20 “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.”
A Lei de Deus serve como padrão moral para o pecador, apontando-lhe um ideal. Logo, ao esse alvo não ser alcançado, acontece o que a Bíblia chama de pecado. A Lei apenas mostra-lhe em que falhou para que você busque a Deus por solução.
Imagine alguém com o rosto sujo de cinza, chega em casa e não vê que está melado, aí ele vai ao espelho e exclama: - “Oh! Eu estou sujo!”. Pergunto então: O espelho pode limpá-lo? Dirão que não, e então o que pode? Água me responderão. A mancha é o pecado, o espelho a lei, e a água, a graça.
b) .2 Sua guarda é um ato de amor – Jo. 14:15
b) .3 É a norma divina para o Juízo – Tg. 2:12
b) .4 Sua guarda é um sinal que mostra o Povo de Deus – Ap. 12:17; 14:12
b) .5 Ela é como um muro de proteção, se a guardarmos estaremos livres dos perigos do pecado.

Percebemos que o papel da Lei não é o de produzir salvação. Veremos, agora, que existe uma harmonia entre lei e graça, que ambas são igualmente boas.

III. HARMONIA ENTRE AS DUAS

a) Dificuldades aparentes
a) .1 Lei abolida pela graça – Rm 3:31
Há quem diga que a lei foi abolida e que nós estamos hoje debaixo da graça, mas tal argumento é baseado em textos mal analisados e mal compreendidos.

Imagine sete letreiros luminosos com os seguintes dizeres: Igreja – Pregador – Bíblia – Jesus – Graça – Pecado – Lei: e alguém perto deles que fala: - “Andam dizendo que a lei foi abolida, vamos ver!. Em I Jo 3:4 assevera que :Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei; Bem se o pecado é a transgressão da lei, uma vez que a lei foi transgredida ocorreu o pecado, e para salvar-nos Deus nos deu Sua graça que veio por meio de Jesus. Isto está relatado na Bíblia, que é usada por um pregador na Igreja. Bem, vejamos Rm 4:15 (Porque a lei suscita ir; mas onde não há lei, também não há transgressão). Aqui diz que onde não há lei não há pecado. Já que dizem que não há mais lei (o letreiro da lei se apaga), também não há pecado (o letreiro do pecado também se apaga e assim sucessivamente), e se não há pecado não há necessidade de graça. Se não tem Graça, não tem porquê Jesus, assim não precisa-se de promessas e de Bíblia. Sem a Bíblia, não é necessário o pregador, sem os pregadores não há necessidade da igreja. Viram? Se a lei for abolida, todo o sistema de salvação que está por trás dela cairá junto.” A lei é eterna e tem o seu papel.

a) .2 Estar debaixo da graça – Rm 6:14
O texto diz que “o pecado não terá domínio sobre nós” porque não estamos “debaixo da lei e sim da graça”. Ora, se eu estiver debaixo da lei o pecado me dominará. “Como assim?” Vou explicar: É uma resposta com dois pontos; 1º - Estar sob a lei é estar sob sua condenação - toda vez que pecamos transgredimos a lei (I Jo. 3:4), e como resultado recebemos a condenação do pecado, que é morte e morte eterna (Rm. 6:23). Logo a lei nos condena a receber a punição; 2º - Estar sob a lei é usá-la como meio de salvação - A lei está em contraste com a graça como método de salvação. Já que quando eu transgrido coloco-me debaixo da lei e recebo a condenação (como já vimos), não há como me salvar, pois se tentar a salvação pelas obras da lei estarei perdido (Rm. 3:20,28) e sob o domínio do pecado; então necessito da graça, estar debaixo dela, me apoiar nela como meio de salvação, porque “pela graça sois salvos” (Ef. 2:8). Então, estar sob a lei é desobedecê-la e assim estar sob sua condenação e/ou tentar obter a salvação guardando-a, já que não se pode cumpri-la sem Cristo.

b) Uma grande e bendita realidade
A Bíblia apresenta a Lei como um grande pregador evangélico, pois ela denuncia o pecado em suas várias formas, seja no exterior – aquilo que é visível, ou seja, um assassinato, uma mentira, desobedecer a pai e mãe, transgredir o sábado , etc.; seja no interior - aquilo que é invisível: os sentimentos e pensamentos pecaminosos, olhar impuro sexualmente falando, ódio no coração, rancor, matar um sentimento ou a reputação alheia, etc.

Desta forma, a lei cumpre seu papel nos levando a Cristo, que com e por Sua graça nos pode salvar. Já a graça não é uma permissão para pecar – Rm 6:15. Ela nos justifica e nos dá poder para vivermos em harmonia com a lei de Deus (isso não significa que o crente não TROPECE, porque os filhos de Deus não vivem na prática voluntária do pecado, mas vez ou outra caem , contudo não ficam prostrados).

Já que todos pecaram (Rm. 3:23) e pecam (Ec. 7:20), quem aqui não tem pecado? Todos nós temos, estamos sob a condenação da lei, mas graças a Deus que esta lei que só pode nos condenar, pois somos transgressores, nos aponta o meio de escaparmos da condenação – Rm 8:1. Assim, há uma grande harmonia entre a Lei e a Graça.

CONCLUSÃO
Conforme visto, a Lei de Deus tem a sua função, que não é salvar, mas nos enviar a Cristo. Ele, com a Sua graça, nos salva da condenação e do poder do pecado (vivendo em comunhão com Cristo, o crente tem o poder para vencer o domínio do pecado em sua vida. Não significa parar de pecar- isto só depois da 2ª Vinda).

Também devemos relembrar que esta Lei é a lei do amor de Deus, que Ele nos deu como um muro de proteção para vivermos mais felizes.

Queridos amigos, Deus nos amou e tornou-Se homem para morrer por nós, trouxe Sua graça e oferece-a livremente a todo o que a aceitar (Mt. 11:28-30). Se você quiser, hoje poderá aceitá-Lo como seu salvador, você quer? Imagine Jesus na porta de seu coração lhe pedindo entrada, você o deixará do lado de fora? Aceite-O agora! E, tendo aceitado esta oferta de graça, demonstre seu amor para com Ele sendo um servo fiel e obediente, guardando a Sua lei por amor e vivendo protegido por ela.
[1] José Sílvio Ferreira, Cristo nossa salvação (Rio de Janeiro: ADOS, 2006), 329.
[2] Luiz Nunes, Apostila de soteriologia (Cachoeira –BA: Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, s.d.), 23,24.
[3] Ibid., 24, 27.

Seria correto para o cristão Ficar?


ROMANOS 12:1,2

1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus
.


O padrão de pensamento do mundo hodierno é moldado pelo pós-modernismo e uma das características dessa cosmovisão é a pluralidade de verdades, que nos leva a outra característica: o subjetivismo – juntando uma com a outra temos a premissa de que cada um tem a sua própria verdade e age de acordo com ela, não existindo nada absoluto, mas caindo num relativismo sem fim; dessa forma o que é certo para você pode não ser certo para mim e ponto final. Cada um pensa e age conforme ACHA melhor.

Essa forma de ver o mundo, de maneira generalizada, está infiltrada em todo o mundo e envolvendo cada assunto. E não poderia ficar fora dessa situação o aspecto afetivo, levando-nos a uma pressão do vale tudo. A questão é se o que você faz lhe deixa feliz ou lhe deixa legal, daí vem os seguintes raciocínios: se é bom para você só ir a festas e baladas e curtir com aquela gata ou aquele gato e depois nem se lembrar mais dele (a) então faça; se é bom para você ter relações sexuais antes do casamento então as tenha, se é bom para você acabar um casamento de anos porque sua esposa ou esposo não lhe agrada mais então faça, pois é sua felicidade que está em jogo, e etc.

Nesta reflexão vamos abordar a questão do relacionamento chamado “Ficar” e veremos se ele é uma opção válida para os cristãos ou é mais um produto deste mundo secularizado.
Em primeiro lugar vamos definir o que é ficar: “Ficar é uma gíria brasileira que designa uma relação afetiva sem compromisso, que normalmente tem natureza efêmera. É um namoro "relâmpago"; diferencia-se de namorar porque o namoro envolve um compromisso (que comumente envolve fidelidade) e ao menos teoricamente, tem como característica a durabilidade (pelo menos de meses), enquanto que o ficar (ou a ficada) acontece por minutos ou horas.” [1]
Agora vamos ver quais são suas características prinicipais: O “ficar” caracteriza-se pela ausência de compromisso, de limites e regras claramente estabelecidos: o que pode ou não pode é definido no momento em que o relacionamento acontece, de acordo com a vontade dos próprios “ficantes”. A duração do “ficar” varia: o tempo de um único beijo, a noite toda, algumas semanas. Ligar no dia seguinte ou procurar o outro não é dever de nenhum dos “ficantes”.[2]

No ficar não existe compromisso, não existem regras e pressões; e o que me assusta é que tantos jovens ditos “cristãos adventistas” estejam participando desta forma de relacionamento descartável.

O foco é o prazer, o aqui e agora e o resto se vê depois. Mas, entre “ficantes experientes” esse deleite passageiro segue o curso natural das coisas, a lei da causa e efeito, gera um vazio e um sentimento profundo de ter sido usado várias vezes e de ter se aproveitado de outros também.

Mas seria correto usar as pessoas para se obter momentos de prazer, brincar com os sentimentos alheios?

Quem fica corre o risco de: se apaixonar e deixar alguém apaixonado; contudo sem ser correspondido ou corresponder.

Vejamos o que Ellen White escreveu sobre isso: “Brincar com corações não é um crime de pequena magnitude aos olhos de um Deus santo. E todavia alguns mostrarão preferência por moças e lhes despertarão as afeições, e depois vão-se embora e esquecem tudo quanto disseram e o efeito que isto causou. Um novo rosto os atrai, e eles repetem as mesmas palavras, dispensam a outra as mesmas atenções.” [3]

É um crime diante de Deus o “Brincar com corações”, isto vale para o ficar, para o namorar só por namorar e para qualquer coisa do gênero.

Ficar, ter relações sexuais antes do casamento, e etc. são comportamentos do “presente século” (por “presente século” quero me referir ao padrão mundano que sempre existiu em todas as gerações e tempos e que destoa do padrão de comportamento estabelecido por Deus). Paulo nos conclama a não nos acomodarmos com este século, e sim transformarmo-nos (o termo “transformai-vos” é a tradução da palavra grega metamorphoo - mudar de forma, transformar, transfigurar, desta palavra deriva o termo metamorfose, que implica numa transformação) pela renovação de nossa mente/entendimento. Esse transformar-se é resultado de um novo nascimento e é uma continuação desta obra inicial, como nos informa o Comentário Bíblico Adventista: “Esta mudança renovadora, que começa quando o crente se converte e nasce de novo, é uma transformação progressiva e contínua, pois "nosso homem... interior... renova-se de dia em dia" (2 Cor. 4: 16) "até o conhecimento pleno" (Col. 3: 10). E à medida que o homem interior se vai transformando pelo poder do Espírito Santo, a vida exterior também vai trocando progressivamente. A santificação da mente se revelará em uma maneira mais Santa de viver, à medida que o caráter de Cristo se reproduza mais e melhor no crente.”[4]

Deus deseja que cada filho Seu seja feliz, deseja dar-lhe um lar onde não mais haverá lágrimas (Ap. 21:4), nem sofrimentos ou dor. Cumpre-nos como seus representantes que somos, desde já implementar em nossos relacionamentos esses desejos do Pai para nós – procurando ao máximo fazer os outros felizes e minorara e não causar a dor.

Pelo que vimos “ficar” não é um comportamento aceitável para o cristão, já que é um relacionamento irresponsável, sem regras e sem compromisso; além de fazer do outro um ser descartável (que se usa e joga fora) e desta maneira brincar com os sentimentos alheios.

Portanto devemos procurar um tipo de relacionamento que não esteja de acordo com o presente século, mas sim com a vontade de Deus.

[1] Wikipedia, “ficar”. Pesquisa realizada na Internet no dia 29 de abril de 2009, no site:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficar.
[2] “Ficar ou namorar”. Pesquisa realizada na Internet no dia 29 de abril de 2009, no site: <http://www.faac.unesp.br/pesquisa/nos/novos_textos/b/ficar.htm>.
[3] Ellen White, O Lar adventista, 57.
[4] Comentário Bíblico Adventista; 5:612, 613.

23/04/2009

Seria Correto Fofocar?


Certo dia um homem, muito agitado, apresentou-se a Sócrates, o célebre filósofo antigo, e disse-lhe:
– Escute Sócrates: como seu amigo tenho alguma coisa para lhe dizer.
– Espere! – interrompeu o sábio. – O que você vai me dizer, passou pelos três coadores?
– Três coadores?! – perguntou o outro, admirado.
– Sim, amigo, três coadores. Vejamos se o que você tem para me dizer passou por eles. O primeiro coador é o coador da verdade. Você tem certeza de que é verdadeiro o que vai me dizer?
Assegurar, não posso. Ouvi dizer e...
– Bem, bem. Certamente você o fez passar pelo segundo coador: o da bondade. Ainda que não seja verdadeiro, será pelo menos bom o que você quer me dizer?
Titubeando replicou o outro: – Não, pelo contrário . . .
– Ah! – interrompeu o sábio. – Procuremos então passar pelo terceiro coador e vejamos se é útil o que tanto agita você.
– Útil?! – tornou o amigo, já impaciente e vexado. Não é...
– Bem, – disse Sócrates, sorrindo – se o que você tem a dizer não é verdadeiro, nem bom, nem útil, esqueçamos o caso e não se preocupe com ele mais do que eu. – A Pena Evangélica.

Quantos males seriam evitados se esses três coadores fossem usados sempre, não é?
Muitos de nós já sofremos com a língua dos outros ou até mesmo podemos ter feito alguém sofrer. É uma palavra dita de forma impensada, uma fofoca que é passada adiante sem nem mesmo pararmos para analisar se o que ouvimos e repassamos é verdade; e aí bummm está feita uma desordem!
É interessante o fato de que o homem consiga domar um animal, mas não a própria língua, e por isso coisas terríveis e espantosas acontecem.
O falar mal é algo muito velho e tem uma origem sombria, por isso não deve fazer parte do estilo de vida dos cristãos.
Vamos meditar em versos da Bíblia que tocam neste assunto e ver alguns textos da Irmã White sobre o assunto

DIFAMAÇÃO E FOFOCA:

(As referências bíblicas são da versão Almeida Revista e Atualizada; e as definições das palavras hebraicas e gregas foram tiradas da Bíblia On-line 3.0 e do Bibleworks 4.0).
A Bíblia proíbe taxativamente o falar mal e as fofocas! Vamos ver alguns textos que nos provam essa verdade, mas antes veremos as definições dadas pelo Aurélio de algumas palavras chave:
Maldizente: “Que ou quem fala mal dos outros, tem má língua; maledicente, malédico, malfalante.”
Mexericar: “Narrar em segredo e astuciosamente, com o fim de malquistar, intrigar ou enredar.”
Caluniar: “Difamar, fazendo acusações falsas.”
Fofoca: “Mexerico, intriga, bisbilhotice.”
Difamar: “Tirar a boa fama ou o crédito a; desacreditar publicamente; infamar, detrair; falar mal.”

Êxodo 23:1 “Não espalharás notícias falsas, nem darás mão ao ímpio, para seres testemunha maldosa.” O termo “Falsas” é shav’ que pode significar vacuidade, vaidade, vazio de fala, falsidade, mentira – Aqui Deus nos proíbe de espalharmos notícias mentirosas, falsas. È terrível o fato de pessoas que se dizem cristãs saírem espalhando notícias mentirosas para denegrir alguém que possas lhe ter feito mal, um concorrente numa vaga de emprego ou num cargo melhor no trabalho ou quem quer que seja. Isso não agrada a Deus.

Levítico 19:16 “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o SENHOR.” “Mexeriqueiro” rakiyl - caluniador, difamador, fofoqueiro, informante (é interessante notar que esta palavra procede de rakal que significa: 1) ir de um lado para outro [sentido duvidoso] 1a) [Qal] negociante, comerciante [particípio] [subst.]; sendo assim a melhor tradução aqui é a de um maledicente [que vai de um lugar a outro]) Deus proíbe falar mal contra o próximo e o sair espalhando notícias. Na análise desse verso no Comentário Adventista temos a seguinte narrativa: “Os rabinos ensinavam que eram três os pecados que tirariam o homem deste mundo e o privariam do mundo futuro:idolatria, incesto, e homicídio, mas que a calúnia era pior que estes, pois matava a três pessoas de uma vez: o caluniador, o caluniado e o ouvinte. É mais efetiva que uma espada de dois gumes.”

Salmo 62:4 “Só pensam em derribá-lo da sua dignidade; na mentira se comprazem; de boca bendizem, porém no interior maldizem.” “Maldizem” vem de qalal – no piel (forma intensiva do verbo hebraico) – desprezar (abominar), amaldiçoar. O salmista fala de pessoas que eram falsas com ele, na frente eram uma coisa e por trás outra. Claro que este comportamento não é aceitável nem por Deus e nem pelos homens de Deus. Devemos ter cuidado com as pessoas falsas, mesmo as que se dizem cristãs; e mais sério ainda – devemos ter cuidado em não ser esse tipo de pessoa.

Provérbios 26:20 “Sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda.” A palavra – maldizente é nirgan – que significa: murmurar, falar mal, caluniar, fofoqueiro, mexeriqueiro; Deus não aprova a contenda, muito menos quem a estimula e a faz continuar.

Salmo 50:16-20 “Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus preceitos e teres nos lábios a minha aliança, 17 uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras? 18 Se vês um ladrão, tu te comprazes nele e aos adúlteros te associas. 19 Soltas a boca para o mal, e a tua língua trama enganos. 20 Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe.” (negrito acrescentado). Aqui podemos perceber que o DIFAMAR e o FALAR MAL são características descritas como pertencentes ao ÍMPIO (aquele que é hostil a Deus, que é perverso e culpado de pecado diante do Altíssimo). Um sinal amarelo se acende agora perante nós, e nos adverte a rever nosso padrão de comportamento – temos cuidado de nossa língua ou sentado à roda de pessoas que estão unidas pra falarem mal dos irmãos da igreja, da liderança da mesma (sejam os líderes de departamento, os diretores de grupo ou anciãos, os pastores distritais ou departamentais e administradores de campo), de colegas de trabalho, de vivinhos ou até mesmo de amigos?

I Coríntios 5:11 “Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais.” “maldizente” - loidoros – maldizente, caluniador, difamador. E é importante saber que na mesma carta no capítulo 6 versos 9 e 10 Paulo dá uma pequena lista de pecados que os que continuam em sua prática não entrarão no céu “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, 10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.” E nesta lista estão os maldizentes! Sério isso não? Deus não gosta da maledicência, da fofoca e de denegrirem o caráter do próximo.

Colossenses 3:8 “Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar.” O termo “despojai-vos” - apotithemi significa: colocar de lado, tirar do caminho, remover. E Paulo diz o que deve ser removido e entre essas coisas está a maledicência, que aqui é a tradução de blasphemia 1) calúnia, difamação, discurso injurioso contra o bom nome de alguém 2) discurso ímpio e repreensivo, injurioso contra a majestade divina. A maledicência em certo sentido é uma blasfêmia (no sentido acima citado) contra o próximo e deve ser evitada e se a praticamos deve ser retirada de nossa vida (aqui não está em evidência o 2º significado, que tem a ver com Deus).

I Timóteo 3:11 “Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo.” Aqui Paulo, instruindo Timóteo, dá algumas características de como as mulheres de Deus devem viver e entre essas peculiaridades está o “não ser maldizentes” e a palavra grega que é usada aqui é diabolos 1) dado à calúnia, difamador, que acusa com falsidade 1a) caluniador, que faz falsas acusações, que faz comentários maliciosos 2) metafórico aplicado à pessoas que, por opor-se à causa de Deus, podem ser descritas como agindo da parte do demônio ou tomando o seu partido ( dadas à fofoca mal intencionada, maliciosa). Notem que a palavra é a mesma que descreve o inimigo de Deus e pela qual ele é algumas vezes chamado - “diabo”, então podemos concluir deste fato que fofocar, maldizer, ser falso, difamar, e etc.são atitudes diabólicas e que quem as faz está imitando seu inventor (mais abaixo trataremos novamente deste assunto).

I Pedro 2:1 “Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências.” “Maledicência” - katalalia difamar, insultar, caluniar, precedido do termo “despojando-vos” que é particípio aoristo médio e o particípio compartilha da força imperativa do verbo principal (O “desejai” do verso dois deste capítulo [1 Ped. 2]) Ver Fritz Rienecker e Cleon Rogers, Chave lingüística do Novo Testamento Grego (Vida Nova:SP, 2000), “1 Pedro 2:1”, 556. Aqui o falar mal é comparado a uma roupa antiga (a do velho homem) que deve ser tirada de uma vez por todas e colocar outra em seu lugar (semelhante à Colossenses 3:8).
Gostaria de enriquecer essa mensagem com partes do sermão feito pelo Pr. Lícius Marcílio Puerta Lula, intitulado: “O pecado que tirou Lúcifer do Céu”.
O texto base é Ezequiel 28:11-16, mas para o nosso estudo aqui o que interessa é o verso 16 “Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim da guarda, em meio ao brilho das pedras.”
“Mas, o que o comércio tem a ver com isso? Seria ilógico imaginar que Lúcifer montou uma loja, ou alguma coisa do tipo, no Céu. Mais ilógico ainda seria imaginar que ele foi expulso do Céu por ser comerciante e que, neste texto, Deus estaria condenando o comércio e os comerciantes. Para entendermos, é preciso olharmos o que o profeta Ezequiel quis dizer com esta palavra.No hebraico existem pelo menos sete palavras diferentes para designar o ato de comercializar. No entanto, o profeta usou a palavra ‘REKHULLAH’. Esta palavra é usada unicamente pelo profeta Ezequiel e aparece apenas cinco vezes em todo o AT (Ezequiel 26:12; 27:20, 23; 28:16, 18), sempre tendo o mesmo sentido: comércio. Mas, porque o profeta a usou, sendo que no mesmo livro encontramos outras palavras usadas por ele para designar o comércio também? O fato é que este termo é usado para se referir a um tipo de comércio especial. Não aquele comércio feito dentro das lojas, no ar-condicionado, com as contas pagas no Cartão de Crédito, mas sim aquele feito nas feiras populares, na beira da calçada, da mesma forma que ainda vemos hoje.” Tendo um feirante depreciando a mercadoria do outro – ‘rekhullah’ era assim.”
E o que isso tem a ver com a fofoca? Você pode pergunta. Vamos continuar com Lícius:

“A palavra ‘Rekhullah’, como vimos é usada apenas cinco vezes. No entanto, ela é derivada de uma outra palavra, “Rakiyl”, que tem um significado bem diferente, mas que esclarece esta questão. Esta palavra, “Rakiyl”, aparece também apenas seis vezes no AT (Prov. 11:13; 20:19; Jer. 6:28; 9:3; Eze. 22:9). Em todas estas vezes aparece com o mesmo sentido e significado de Levítico 19:16. ‘Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o SENHOR.’”

Notem que a palavra “comércio” em Ezequiel é derivada de “rakyil” de Lv. 19:16 (nós analisamos este verso acima) que é traduzida como “mexeriqueiro” um difamador que vai de um lugar para outro.

Ele ainda cita alguns textos de Ellen White com referência a Satanás e a nós: A serva do Senhor, no livro Patriarcas e Profetas, p. 37, diz: ‘Deixando seu lugar na presença imediata do Pai, Lúcifer saiu a difundir o espírito de descontentamento entre os anjos.’ Diz mais ainda, na p. 38: ‘Lúcifer havia apresentado os propósitos de Deus sob uma luz falsa, interpretando-os mal e torcendo-os, de modo a incitar a dissensão e descontentamento.’” E ainda: “‘Não devemos ser mexeriqueiros, bisbilhoteiros ou boateiros; não devemos dar falso testemunho’. – Fundamentos da Educação Cristã, 458. ‘Ele [Satanás] sabe que toda essa tagarelice e mexerico e revelação de segredos e dissecação de caracteres separa de Deus a alma. É morte para a espiritualidade e para uma calma influência religiosa’. – Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, p. 779”

Com isso em mente e sabendo que a palavra “diabolos” pode ser traduzida como difamador ou maledicente, concluo que:
1. Falar mal e fofocar são proibidos na Bíblia e Espírito de Profecia (há mais textos sobre o assunto, mas por questão de tempo e espaço serão citados apenas estes);
2. Falar mal e fofocar são características dos ímpios;
3. Falar mal e fofocar são características de Satanás e imitadas por aqueles que estão sob seu controle.
Portanto, diante do acima exposto pense duas ou mais vezes antes de ouvir ou contar algo sobre alguém e procure sair da sua boca somente o que edifica e eleva. Procure honrar o seu semelhante, ajuda-lo em suas fraquezas e não denegri-lo. Que Deus nos abençoe!!!